RECUPERAÇÃO

Drones e biocápsulas recuperam flora de São Sebastião após chuvas de 2023

Projeto 'Restaura Litoral Norte' abrange 203 hectares, o equivalente a mais de 280 campos de futebol, ao longo da costa sul de São Sebastião

Redação
Publicado em 21/02/2025, às 11h38

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Expectativa é que, até 2026, 60% da área afetada pelos deslizamentos estejam recobertas por vegetação - Sergio Barzaghi/Governo de SP
Expectativa é que, até 2026, 60% da área afetada pelos deslizamentos estejam recobertas por vegetação - Sergio Barzaghi/Governo de SP

A flora de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, principalmente, a das áreas de encostas, fortemente atingida pelas chuvas históricas de fevereiro de 2023, tem sido recuperada com a ajuda de novas tecnologias. Técnicas como a implementação de hidrossemeadura, biomantas e o uso de drones espalharam 134 milhões de sementes na região, pelo projeto Restaura Litoral Norte, do Instituto Conservação Costeira (ICC), em conjunto com o governo do estado.

O projeto abrange aproximadamente 203 hectares, o equivalente a mais de 280 campos de futebol, ao longo da costa sul de São Sebastião, com a meta de restaurar pelo menos mais 160 hectares nos próximos três anos, e promover a regeneração natural da área. De acordo com o governo de São Paulo, o investimento para estabilizar encostas e conter erosão é importante, para evitar novos acidentes com deslizamento de terras, e soma até agora R$ 908 mil investidos pela Fundação Florestal.

Com 683 milímetros de chuvas em apenas 24 horas, foram mais de 800 pontos de deslizamento em diferentes regiões de São Sebastião, durante o Carnaval de 2023. As chamadas “cicatrizes” dos deslizamentos ainda são visíveis nas encostas da Vila Sahy, a mais afetada pelos temporais, mas elas já estão bem menores. 

Cicatrizes das chuvas nos morros de São Sebastião
Cicatrizes provocadas pelo forte temporal de fevereiro de 2023, nos morros de São Sebastião - Sergio Barzaghi/Governo de SP

As biomantas e biorretentores foram aplicados em 3 hectares de encostas de São Sebastião. As equipes da Fundação Florestal utilizam drones semeadores, que lançam biocápsulas biodegradáveis com sementes de espécies nativas da Mata Atlântica. Essa abordagem otimiza a germinação e alcança áreas de difícil acesso, como as encostas íngremes.

Durante o processo, mais de 2 mil voos de drones foram realizados, e lançaram cerca de 1,5 tonelada de biocápsulas em 850 áreas afetadas pelos deslizamentos, com dispersão de aproximadamente 134 milhões de sementes. O projeto, que se estendeu por mais de dez meses, agora entra em sua fase de monitoramento, essencial para avaliar a resposta da natureza e o desenvolvimento das espécies plantadas.

Espécies

As espécies pioneiras, como guapuruvu, embaúba e crindiúva, foram priorizadas, pois são adaptadas ao ecossistema local e contribuem para a rápida regeneração da vegetação. Desde 2023, a dispersão de sementes tem demonstrado efetividade na recuperação da cobertura vegetal nas cicatrizes. Já foram reflorestados 203 hectares em nove campanhas de semeadura já concluídas. A expectativa é que, até 2026, 60% da área afetada pelos deslizamentos estejam recobertas por vegetação nativa. Ainda de acordo com o governo paulista, a tecnologia é inovadora, 100% brasileira e promove o reaproveitamento de recursos. 

Morros de São Sebastião
Com a semeadura finalizada em novembro de 2024, a fase de monitoramento atual será fundamental para verificar a eficácia do reflorestamento - Sergio Barzaghi/Governo de SP

As biocápsulas foram desenvolvidas pela Ambipar, multinacional brasileira que atua na área de gestão ambiental,  e utiliza sobras de colágeno, que seriam descartadas por indústrias farmacêuticas, e ecosolo, um condicionador de solo feito com resíduos orgânicos provenientes das indústrias de celulose. O adubo orgânico utilizado tem alta concentração de matéria orgânica funcional, derivado de resíduos de estações de tratamento de efluentes (ETE) do processo produtivo da indústria de celulose e sobras de biomassa.

Essa inovação contribui para o sucesso da regeneração da vegetação, garante que as sementes tenham maior chance de brotar e se estabelecer na área afetada. Com a semeadura finalizada em novembro de 2024, a fase de monitoramento atual será fundamental para verificar a eficácia do reflorestamento e, também, para avaliar se as plantas podem contribuir na prevenção de escorregamentos nos morros da costa sul.

O projeto Restaura Litoral Norte, iniciativa do ICC e do governo paulista, é realizado com os patrocínios da concessionária Tamoios, Gerando Falcões e uma rede de patrocinadores privados, além do apoio do Ministério Público Federal (MPF); Ministério Público de São Paulo (MP-SP); Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb); Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil); Fundação Florestal e prefeitura de São Sebastião.

O Restaura Litoral Norte já rendeu prêmios importantes. No Brasil, o  projeto foi finalista do Prêmio Siriema, do Crea Goiás. No cenário internacional, em parceria com a Ambipar Group, conquistou o Global Good Awards, no Reino Unido, premiação reconhecida como o "Oscar" mundial da sustentabilidade, na categoria de recuperação e regeneração ambiental.

Além da recuperação ambiental, o projeto tem um forte viés educacional, envolvendo escolas locais em atividades de conscientização e treinamento sobre riscos climáticos e preservação ambiental.

Com informações de Instituto Conservação Costeira (ICC) e governo de São Paulo

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