Ação de resgate coordenada pelo Instituto Argonauta mobilizou técnicos e seguiu protocolos rigorosos de segurança no litoral norte de São Paulo
Uma operação emergencial mobilizou, na manhã de segunda-feira (16), a equipe do Instituto Argonauta para a Conservação Costeira e Marinha. A entidade, com sede em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, atuou no resgate de uma baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) presa em petrechos de pesca nas proximidades de Ilhabela.
O alerta inicial partiu de Éverton, da empresa Abordo Turismo, que acionou rapidamente Júlio Cardoso, do Instituto Baleia à Vista. Cardoso localizou o animal em alto-mar e, junto com o pesquisador Rafael Mesquita, manteve vigilância até a chegada da equipe técnica, afastando embarcações de curiosos e garantindo a segurança da baleia e da operação.
A equipe de resposta do Instituto Argonauta, formada por especialistas com ampla experiência em emergências envolvendo fauna marinha, executou as manobras de desmalhe segundo protocolos internacionais de segurança.
Por causa do comportamento reativo da baleia e das condições de risco, foi possível retirar apenas parte dos petrechos. A entidade continua monitorando a região e mantém a equipe de prontidão para nova intervenção caso o animal seja localizado novamente em situação segura.
"Esse trabalho reflete diretamente nossa missão e nosso compromisso com a conservação marinha. O Instituto Argonauta surgiu há mais de 25 anos a partir da atuação do Aquário de Ubatuba, com o propósito de ampliar nossa contribuição para a proteção dos oceanos", afirmou o oceanógrafo Hugo Gallo Neto, diretor do Aquário de Ubatuba e presidente do Instituto Argonauta.
O desmalhe de grandes cetáceos é considerado uma atividade de alto risco e exige capacitação específica, equipamentos adequados e autorização legal. No Brasil, essas ações seguem a portaria conjunta MMA/Ibama/ICMBio nº 3, de janeiro de 2024, que estabelece regras rigorosas para preservar a segurança das equipes e dos animais. Intervenções não autorizadas podem colocar em risco tanto a vida humana quanto a dos cetáceos.
O emalhe de baleias é classificado como acidente, geralmente provocado pela coincidência das rotas migratórias desses animais com áreas de intensa atividade pesqueira. Para mitigar esses riscos, especialistas defendem ações conjuntas de monitoramento, resposta emergencial e educação ambiental.
No sábado (14), outra baleia-jubarte, com 7,7 metros de comprimento, foi encontrada morta na praia do Jardim Suarão, em Itanhaém, no litoral de São Paulo. Moradores localizaram o animal já em avançado estado de decomposição. Acionada, a equipe do Instituto Biopesca isolou a área e realizou a necropsia ainda na faixa de areia. Durante o procedimento, foram identificadas marcas no corpo que indicam interação com redes de pesca. Apesar disso, a causa exata da morte permanece indefinida.
Foram coletadas amostras biológicas para análise laboratorial, com o objetivo de esclarecer as circunstâncias do óbito. A investigação busca confirmar se o contato com petrechos de pesca contribuiu diretamente para a morte da baleia.