Pesquisa do Laboratório Marinho de Plymouth, no Reino Unido, revela que mudanças no pH marinho já afetam corais e moluscos
A acidificação dos oceanos, provocada pelo excesso de dióxido de carbono absorvido da atmosfera, ultrapassou os limites considerados seguros para o equilíbrio do planeta, ainda em 2020, segundo estudo do Plymouth Marine Laboratory, no Reino Unido. Os dados foram analisados com tecnologias recentes, incluindo medições modernas e modelos computacionais aplicados a registros dos últimos 150 anos.
O estudo, publicado nesta segunda-feira (9), insere a acidificação na lista de limites planetários já ultrapassados, conceito criado em 2009 por cientistas do Centro de Resiliência de Estocolmo. A lista, antes com seis itens, agora tem sete fenômenos ambientais fora da zona de segurança.
Entre os efeitos observados, estão a redução na formação de conchas e esqueletos de organismos marinhos, a exemplo de corais e moluscos, e o comprometimento de habitats de espécies sensíveis à concentração de carbonato de cálcio. O estudo estima que 60% dos oceanos, com até 200 metros de profundidade, já estejam comprometidos, além de 40% das águas de superfície.
Em entrevista à Fabíola Sinimbú, repórter da Agência Brasil, o professor Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da USP e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, afirmou que o impacto é “silencioso”, mas grave, e exige respostas urgentes. Para ele, o Brasil, que sediará a próxima COP30, em novembro, tem papel estratégico no debate, podendo liderar ações concretas de mitigação das emissões de CO2.
Ainda segundo a matéria, a acidificação afeta diretamente a biodiversidade, prejudicando o crescimento, reprodução e fisiologia de diversas espécies.
* Com informações da Agência Brasil