O que teria feito Will Smith pôr a perder a sua noite máxima no Oscar?

A notícia de que o ator Will Smith desferiu um tapa no rosto do comediante Chris Rock em plena cerimônia de entrega do Oscar, na noite deste domingo (27), ganhou as manchetes do mundo e, com certeza, ofuscou o que é o ápice da carreira de qualquer ator.

Will levou a estatueta de melhor ator por sua atuação no filme “King Richard: Criando Campeãs” minutos após a explosão de ira que teve. Foi o primeiro Oscar de Will.

O ator desferiu o tapa no comediante após Chris fazer uma piada referente a um problema de saúde da esposa de Will, Jada Pinkett Smith, que sofre de alopecia, doença que causa queda de cabelo.

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No discurso que fez em agradecimento ao prêmio, Will Smith disse que fez o que fez por amor à sua família e também às mulheres em geral. O ator também fez uma referência ao seu personagem no filme, Richard Williams, que é baseado na vida do pai de Venus e Serena Williams, as famosas irmãs tenistas. Segundo Will, Richard era “defensor de sua família”.

Will, também durante o discurso, se desculpou com os presentes à cerimônia e com a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Mas, em suas redes sociais, se pronunciou dizendo que “não tolera violência de qualquer forma”. Há até a possibilidade que a Academia tire o Oscar de Will Smith, por mais que grande parcela da opinião pública tenha dado razão à reação do ator. 

O que teria levado Will a essa atitude?

Mas o que faz uma pessoa ter uma reação explosiva dessas justamente no dia que deveria ficar marcado em sua história como o do ápice da sua carreira?

Os labirintos da mente humana são complexos até para profissionais. Mas vários veículos de imprensa lembraram de passagens do próprio livro de memórias de Will Smith, publicado no fim de 2021, intitulado simplesmente como “Will”, que talvez justificariam seu ato na noite de 27 de março.

No livro, o ator conta sobre episódios de violência doméstica que ele e seus três irmãos vivenciaram na infância. Seu pai batia em sua mãe.

"Quando eu tinha nove anos, vi o meu pai agredir a minha mãe na lateral da cabeça com tanta força que ela desmaiou”, escreveu Will. "Eu a vi cuspir sangue", complementou o ator. 

Ainda em sua biografia, Will diz também que “Aquele momento, naquele quarto, provavelmente mais do que qualquer outro momento da minha vida, definiu quem eu sou”.

O ator admite em seu livro que não foram apenas os episódios de violência que testemunhou que os traumatizaram. Mais que as cenas, sua reação a elas o marcaram profundamente. Ele parece se culpar pela falta de ação naqueles momentos cruciais.

"Dentro de tudo o que fiz desde então – os prêmios e elogios, os holofotes e a atenção, os personagens e as risadas – houve uma série de desculpas à minha mãe pela minha inação naquele dia. Por lhe falhar naquele momento. Por não ter resistido ao meu pai. Por ser um covarde”, relatou Will. 

Will Smith também diz: “O que vocês passaram a ver no 'Will Smith', um aniquilador de alienígenas, uma estrela de cinema maior que a vida, é em grande parte uma construção – um personagem cuidadosamente elaborado e projetado para me proteger. Para me esconder do mundo. Para esconder o covarde".

Mesmo com uma relação complicada com o pai, ele conseguiu manter um relacionamento próximo. Mas o ator chegou a admitir que seu ódio pelo progenitor reapareceu quando este teve um diagnóstico de câncer. Will chegou a cuidar do pai, mas cogitou matá-lo, lembrando de uma promessa que tinha feito quando criança, de que vingaria a mãe. Mas foi apenas um pensamento. 

“Graças a Deus somos julgados pelas nossas ações e não pelas nossas explosões internas motivadas por traumas”, contou Will. Infelizmente, na noite em que celebraria com a estatueta mais cobiçada do cinema sua gloriosa carreira, Will Smith se deixou levar por uma dessas explosões. 

*Com informações de CNN Portugal