Tradição

Tainha faz a alegria de pescadores caiçaras | VÍDEO

A contagiante comemoração traz à lembrança as tradições litorâneas da pesca da tainha

Eleni Nogueira
Publicado em 17/07/2019, às 07h44 - Atualizado em 24/08/2020, às 05h47

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Reprodução
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Um lance certeiro e o pequeno cerco resulta em uma boa pescaria para os pescadores da praia de Paúba, em São Sebastião. As tainhas presas à rede faz a alegria dos pescadores, que vibram e gritam, com o sotaque típico caiçara, trazendo lembranças de antigas tradições da região, perdidas no tempo.

Imagem acervo site

Arrastão de praia, cerco no mar, pesca com rede de tresmalhos, pesca de tróia, cerco no rio... São muitas as práticas tradicionais de pesca coletiva da tainha, que variam conforme a região e os costumes locais. Durante muitos anos, este pescado foi uma das principais fonte de alimentação e renda para os caiçaras do litoral.

O cerco no mar era assim:

Os pescadores antigos do litoral paulista, certamente sabem contar histórias como esta: o vento sul sopra forte no litoral. São seis horas da manhã. De braços cruzados, olhos fixos no mar, os pescadores esperam pacientemente pelo cardume que pode passar a qualquer momento. É época de tainha, que ocorre anualmente entre maio e julho.

O espia, velho pescador que conhece bem os hábitos do peixe e os movimentos do mar em sua praia, está a postos num ponto mais alto da praia e assim que percebe a movimentação nas águas apita para dar o alarme: tainha!!!

Seguindo sua orientação, o grupo se organiza, um dos homens segura o cabo da rede na praia, a bordo de uma grande canoa de voga os outros entram no mar e fazem o cerco ao cardume. Um barco menor, a remo, traz a outra ponta da rede para a terra. Começa então a operação: de costas para a praia, pés prendendo os chumbos da rede no fundo do mar e braços erguidos para levantar a parte superior da rede para as tainhas não pularem, mais de 20 homens puxam pacientemente a rede para a areia. Uma operação que exige muitos ajudantes. No fim, todos que estão na praia, inclusive mulheres e crianças, participam do ritual. Em agradecimento, todos levam peixe para casa.

Muitos fatores contribuem para diminuir esta importante manifestação cultural, tais como a pouca disponibilidade de cardumes, em decorrência do avanço da pesca industrial, falta de contingente humano, devido alterações na organização social das comunidades litorâneas, além de restrições nas leis ambientais. Hoje, cenas como as da praia da Paúba, são difíceis de ser presenciadas. 

Migração e captura

É no Sul do país que as tainhas iniciam sua longa viagem. No outono, os peixes adultos abandonam o estuário da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, importante área de criação. Iniciam, então, a migração reprodutiva ao longo da costa, em direção ao norte, em busca de rios e estuários de águas mais quentes para a reprodução. Cada fêmea desova cerca de 3 milhões de ovos. 

Características

A tainha, espécie pelágica pertencente à família dos mugilídeos. É um peixe de escamas, corpo alongado de coloração prata-azulada com o dorso mais escuro. As escamas têm uma pequena mancha escura que formam listas longitudinais ao longo do corpo. Alguns exemplares podem chegar a um metro de comprimento e pesar até 8 k. É encontrada em todo o mundo, em águas costeiras temperadas ou tropicais e há algumas espécies de água doce. A espécie brasileira vive nas proximidades dos costões rochosos, recifes, nas praias de areia e nos manguezais. Alimentam-se de plâncton, pequenos organismos e material vegetal. Cada fêmea desova cerca de 3 milhões de ovos, o que garante a reprodução e a manutenção da espécie, mesmo após grandes safras de pesca.

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