MEMÓRIA

Sobrevivente do avião que caiu e explodiu em Ubatuba relata momentos de pânico

Em depoimento à polícia, Bruno Souza disse ter percebido que a pista do aeródromo era muito curta: “Nossa, não vai dar”

Reginaldo Pupo
Publicado em 18/02/2025, às 09h50

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Família saiu de Goiás com destino a Ubatuba, onde passaria as férias de verão - Francisco Trevisan
Família saiu de Goiás com destino a Ubatuba, onde passaria as férias de verão - Francisco Trevisan

O empresário Bruno Almeida Souza, de 41 anos, que sobreviveu ao acidente do avião que caiu e explodiu em Ubatuba, no dia 9 de janeiro, disse, em depoimento à Polícia Civil, que percebeu, momentos antes da queda, que a pista do aeródromo onde a aeronave pousaria “era muito curta”. Bruno viajava com a mulher Mireylle Fries, 41 anos, os dois filhos do casal, Ayla, 4, e Lucca, de 6 anos, que também sobreviveram. O piloto Paulo Seghetto morreu depois de ser retirado das ferragens em parada cardiorrespiratória, apesar das tentativas de reanimação.

A família tinha saído da cidade de Mineiros, em Goiás, com destino a Ubatuba, para passar as férias de verão. Após o acidente, os sobreviventes foram socorridos na Santa Casa de Ubatuba e, de lá, transferidos para o hospital regional do litoral norte Francine Maia França, em Caraguatatuba. Em seguida, os sobreviventes foram encaminhados para o hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

O bimotor a jato, modelo Cessna Citation, ultrapassou a pista, atravessou o alambrado, passou pela avenida, atingiu um carro, explodiu e parou na areia da praia do centro da cidade. O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) investiga o caso. 

“Nossa, não vai dar”

Durante a oitiva na Polícia Civil, Bruno relatou que se assustou ao notar que o piloto tentou arremeter ao, provavelmente, perceber que não conseguiria pousar. "Eu vi a pista acabando, eu falei 'nossa, não vai dar'. Aí, meio que meu cérebro bloqueou, eu não lembro de mais nada", disse Bruno. O empresário destacou que sentiu que o piloto freou o avião, mas, em seguida, percebeu que Seghetto tentou arremeter. "Quando ele entrou para fazer a cabeceira, eu achei que ele fez uma curva muito fechada. Assim que ele tocou (no chão), ele já imediatamente acionou os freios, acionou o reverso da turbina e foi tentando parar o avião”, relatou Bruno durante o depoimento.

Ele continuou: “De repente, ele deu motor no avião. E aí eu falei: 'nossa, ele vai arremeter'. A pista é curta e não vai dar tempo de parar. Fiquei, como se diz, de orelha em pé. Eu vi a pista acabando e falei: ‘Nossa, a pista tá acabando'. A minha primeira lembrança depois é no hospital, já acamado", disse Bruno à Polícia Civil.

O depoimento do sobrevivente faz parte de um relatório que a corporação preparou após diligências realizadas durante as investigações sobre o caso. No documento, foram anexadas fotos do local do acidente, entrevistas com testemunhas e coleta de material para fins periciais. O inquérito foi encaminhado à Polícia Federal e à Justiça Federal, que darão prosseguimento às investigações. 

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