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Sem água por uma semana, turistas tomam banho no mar em Ilhabela

Moradores, veranistas e hóspedes de pousadas e hotéis estão sem água desde o Natal

Reginaldo Pupo
Publicado em 10/01/2019, às 13h26 - Atualizado em 23/08/2020, às 18h16

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Divulgação/Sabesp
Divulgação/Sabesp

Sem fornecimento de água potável desde o Réveillon até a última segunda-feira, 7, moradores e turistas que frequentam Ilhabela tiveram que buscar alternativas para superar o problema, principalmente para amenizar as altas temperaturas, comuns nesta época do ano.

Moradores de diversos bairros afirmam, porém, que vêm sofrendo com a falta d´água desde o Natal nas regiões mais altas, além de oscilações na energia elétrica e internet.

Para piorar a situação, uma forte chuva que atingiu o arquipélago na madrugada do último sábado, 5, prejudicou a qualidade da água do principal manancial de abastecimento do município, o Água Branca, provocando baixas no sistema de produção e distribuição de água tratada.

O desabastecimento atingiu também hotéis, pousadas e restaurantes, que viram seus reservatórios de água esgotarem. Alguns estabelecimentos foram atendidos com caminhões-pipa particulares. Sem água para tomar banho, hóspedes chegaram a desistir das hospedagens e buscaram outras cidades da região para passar o restante das férias.

É o caso da empresária paulistana Sara Alves Moretti, 28, que está em Ilhabela desde o último dia 26 de dezembro, mas se hospedou por três dias em um hotel. “O gerente disse que um caminhão-pipa viria atender o hotel, mas até agora nada”, reclamou ela na tarde do último sábado, 5. “Tenho bebê de cinco meses que precisa de trocas de fraldas constantes, mas sem água, não dá. Vou ficar na casa de uma amiga em São Sebastião, que não teve problema com falta d´água”.

Banho no mar

O corretor de imóveis Hélio Alves Souza, 41, que também está hospedado em Ilhabela, disse que tomou banho no mar por dois dias. “Faz dois dias que não sai uma gota de água no chuveiro da pousada. Como está próxima da praia, e eu minha família resolvemos tomar banho de mar, com sabonete e tudo, pois pagamos caro pela estadia, parcelado em 10 vezes e não pretendemos desistir da hospedagem. Isso é um absurdo”, queixou-se.

O servidor público Carlos Eduardo Leme de Moraes Rosso, 39, morador de Ilhabela, disse que ficou sete dias sem abastecimento. Ele afirmou que solicitou um caminhão-pipa para a Sabesp em duas ocasiões. “O problema é que demora muito. Na primeira vez, demorou cinco horas. Na segunda, vieram dois caminhões, mas um estava com pouca água e o outro a bomba não tinha pressão suficiente. Enviaram outro caminhão no dia seguinte”, disse Rosso, que mora com sua avó de 87 anos, que requer cuidados.

O jornalista Cacá Alberti, 53 anos, 16 deles morando em Ilhabela, afirmou que em todo este período, nunca enfrentou um desabastecimento por tanto tempo. “Infelizmente a falta d´água acontece em toda temporada, mas nesta, nunca vi nada igual, por tanto tempo. E também nunca vi tanta gente em Ilhabela, acredito que deve ter batido todos os recordes”.

Consumo excessivo

Segundo a Sabesp, o desabastecimento ocorre devido à grande quantidade de turistas que frequenta o arquipélago desde o Réveillon, o que provocou aumento excessivo no consumo de água e energia elétrica. Segundo a empresa, os moradores dos bairros mais altos sofrem com a queda de energia elétrica e com o desabastecimento, pois esses locais dependem da energia para o funcionamento das bombas que levam água aos locais mais íngremes.

De acordo com o prefeito Márcio Tenório (MDB), Ilhabela recebeu aproximadamente 17 mil veículos e 120 mil turistas somente no Ano Novo. A cidade tem 35 mil moradores. Ele determinou o corte de água nas duchas espalhadas pelas praias da cidade para amenizar o alto consumo.

Tenório anunciou nesta semana a ampliação da capacidade de armazenamento de água em dois reservatórios. Um elevará de 50 mil para um milhão de litros. O outro sairá de 150 mil para dois milhões de litros. Ele acredita que em seis meses, o reservatório da região sul esteja concluído. "Somente neste ano vamos investir R$ 10 milhões em reservatórios de água, que faz parte de um projeto mais ambicioso, que prevê também o tratamento de 100% de esgoto doméstico (atualmente a ilha tem 50%) nos próximos anos e a dessalinização da água do mar, para reforçar o abastecimento".

Situação crítica

A Sabesp reconheceu que a situação em Ilhabela foi “crítica”, pois os mananciais ficaram com os parâmetros de cor e turbidez elevados, o que fez a empresa paralisar o tratamento. No início da noite do último sábado, 5, a estatal divulgou nota informando que a situação ainda era "preocupante". Na nota, a empresa pediu aos turistas e moradores que economizem a água. 

A estatal disse que disponibilizou oito caminhões-pipa para atender as emergências, dando prioridade às instituições públicas, como hospital e postos de saúde. Moradores queixaram-se que a água fornecida pelos caminhões não era adequada para o consumo, pois foi entregue “suja”.

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