O prefeito de São Sebastião Ernane Primazzi solicitou, na manhã desta quarta-feira, 1º de junho, aos representantes da Dersa e da empresa Queiroz Galvão, que atendam imediatamente aos pedidos dos moradores do bairro São Francisco, região central da cidade e local onde será construído um dos túneis da obra do contorno sul da rodovia dos Tamoios. Os populares estão sendo lesados em consequência de estragos estruturais causados pelos caminhões da Queiroz Galvão no local, o que levou Ernane a proibir a circulação de caminhões na via no início da semana; as obras foram paralisadas, o que originou a demanda pelo encontro com as empresas.
Entre os 10 itens levantados pelos moradores, cinco foram priorizados e requerem ação imediata por parte das empresas: estudo de sondagem do solo; especificação de asfalto versus tonelagem; projeto executivo de alteração dos ramais de água e esgoto; plano de manejo de forma que a população não seja desabastecida devido a problemas causados pelas quebras das adutoras; além de procedimentos operacionais das atividades (horários, fluxo de caminhões e velocidade máxima, entre outros). Foi solicitado, ainda, a execução de rotatória de acesso, vistoria completa dos imóveis e respectivos relatórios, com referência técnica de acordo com a ABNT.
De acordo com o gerente de contrato da Queiroz Galvão, Paulo Celestino, algumas ações já começaram, como, por exemplo, a obra de adequação de abastecimento de água, iniciada pela Sabesp. Outra ação divulgada por Celestino é que cada frente de trabalho, entre as localizadas na Enseada, São Francisco/Morro do Abrigo e Topolândia, receberá postos avançados de atendimento à comunidade. O primeiro a ser implantado será no Morro do Abrigo.
Ainda de acordo com ele, semáforos serão instalados em dois pontos da rodovia que cruzam os bairros, para ordenamento do trânsito, garantindo também a segurança da população. Um será implantado na avenida Manoel Teixeira com a rua Bernardo Cardim Neto, que dá acesso ao Morro do Abrigo. O outro será implantado na mesma avenida, mas na ligação com a rua Santo Antônio, subida para outra frente de trabalho da obra, esta no bairro São Francisco.
Estas são as medidas que serão tomadas prioritariamente, contudo, todas as outras deverão ser implantadas ao longo do mês, uma vez que, de acordo com o prefeito, a suspensão da autorização viária continua mantida até que as melhorias sejam efetuadas, em um prazo máximo de 30 dias. O prefeito também solicitou que a empresa implante uma ciclofaixa na avenida Dario Leite Carrijo, a pedido daquela comunidade, e que a empresa também se antecipe com as ações preventivas e de segurança viária no bairro da Topolândia, evitando desta forma problemas futuros.
O gerente de Relações Institucionais da Dersa, Ermes da Silva, reconheceu que todos os pedidos da comunidade são justos e que “a Dersa, junto com Queiroz Galvão, precisa fazer melhor a lição de casa”.
Trabalhadores sebastianenses são rejeitados pela Queiroz Galvão
Após manifestação acalorada durante a sessão da Câmara, da última terça-feira, e de fazer piquete durante a reunião da Dersa com os moradores de São Francisco, Ernane Primazzi recebeu em seu gabinete, ainda na quarta-feira, no fim da tarde, um grupo de trabalhadores locais, majoritariamente formado por ex-funcionários da Schahin, que se encontram desempregados e enfrentando dificuldades para ser contratados pela Queiroz Galvão, para atuarem na obra do contorno.
O grupo, que representa cerca de 100 trabalhadores sebastianenses, afirmou em manifestação na Câmara que, apesar de apresentarem qualificação adequada, os moradores da cidade estariam sendo rejeitados para o serviço, sendo preteridos por profissionais de fora. Carlos Alberto Ferreira Jr., membro do grupo e representante dos trabalhadores, disse: “Tive que ouvir de um encarregado que caiçara é folgado e que, por isso, eles preferem trazer os trabalhadores de outras localidades.” Por sua vez, Jeferson Andrade de Carvalho, ex-funcionário da Schahin, disse: “Em outras cidades, a mão de obra local é priorizada. Temos aqui profissionais impedidos de trabalhar no Paraná, Macaé e Cubatão, por exemplo, exatamente por não possuírem título de eleitor no município. Só em São Sebastião que temos que amargar o desemprego?”.
Após a manifestação, os vereadores colocaram em discussão projeto de lei do vereador Gleivison Gaspar (PMDB), que estabelece como obrigatório, para as empresas instaladas na cidade, a contratação de mão de obra local, na base de, no mínimo, 70% dos cargos disponíveis, desde que existam sebastianenses qualificados para a função. O PL, aplaudido pelos manifestantes, é controverso: a municipalidade não teria autoridade para interferir em obras do estado. Segundo Ferreira, “a desculpa de que não temos qualificação é furada. Eles estão importando motoristas, auxiliares de administração e ajudantes de pedreiro. Temos muita gente capaz de exercer esses cargos por aqui”.
Durante a reunião com o prefeito e os vereadores Onofre Neto (PHS), Teimoso (PSB) e Gleivison, a comissão expôs as dificuldades enfrentadas. Ao final da reunião, ficaram acertadas três providências para os próximos dias. O prefeito enviará ofício à empresa Queiroz Galvão no qual pede uma listagem dos funcionários contratados, com as funções exercidas e a origem dos contratados. Na sexta-feira, seria realizada nova reunião entre o prefeito, vereadores, empresa e a comissão dos trabalhadores. E os vereadores ficaram de continuar avaliando a proposta de lei, que precisará ser submetida às constituições internas da Câmara antes da votação.
Apesar de informados da fragilidade da lei, na questão do amparo jurídico, os trabalhadores reivindicaram a aprovação da proposta apresentada à Câmara de São Sebastião.
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