São Sebastião e Caraguá ainda sentem os efeitos do vazamento de combustível marítimo

Costa Norte
Publicado em 13/04/2013, às 05h58 - Atualizado em 23/08/2020, às 13h58

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Por Mayumi Kitamura Uma semana após o vazamento de óleo combustível em um píer de São Sebastião, equipes de monitoramento da prefeitura ainda encontram vestígios do material tóxico nas praias. Em Caraguatatuba, o principal dano foi a fazenda de mexilhões, na praia da Cocanha, considerada a maior do estado, com uma produção de aproximadamente oito mil toneladas por ano. Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a Cetesb, o acidente foi causado por falha operacional durante o abastecimento de um navio em um píer da Petrobrás, em São Sebastião, no dia 5. A quantidade do combustível marítimo derramada, segundo informou a Transpetro/Petrobrás, foi de 3,5 metros cúbicos, quantidade questionada pela prefeitura de São Sebastião. A afirmação da Administração é que este volume não seria suficiente para atingir tantos ecossistemas costeiros e danificar embarcações e fazendas marinhas. A estimativa é que ao menos 11 praias de São Sebastião e Caraguatatuba foram atingidas.

Costões rochosos Na quinta-feira (11), os fiscais ambientais da prefeitura encontraram em São Sebastião uma aglomeração de óleo nas praias durante vistoria aos costões rochosos. Para o secretário municipal de Meio Ambiente da cidade, Eduardo Hipólito do Rego, os ventos do quadrante leste que passaram a soprar mais forte, assim como a forte amplitude de maré, resultaram no revolvimento do fundo e trouxeram o material tóxico para as areias. Para o secretário, é uma comprovação de que estas áreas ainda devem receber limpeza e monitoramento, pois ainda estão vulneráveis. No dia anterior (10), os fiscais encontraram uma barreira de contensão encharcada de óleo no manguezal da praia da Enseada, costa norte do município.

Transpetro Por meio de nota, a Transpetro informou que mantém equipes de prontidão para vistoria e recolhimento de amostras em toda a orla de São Sebastião e Caraguatatuba, conforme estabelecido no Plano de Ação e Monitoramento, acordado com a Cetesb. Segundo a empresa, durante sobrevôo foi “confirmado que não há resquícios de óleo no mar e na região costeira. As equipes de monitoramento recolheram a barreira encontrada na praia da Enseada e, ao contrário do informado pela prefeitura de São Sebastião, a barreira não está encharcada de óleo”. Segundo o comunicado, as praias da Enseada e a foz do rio Juqueriquerê não foram atingidas pelo vazamento.

Multa De acordo com a Cetesb foram atingidas as praias de Pontal da Cruz, Deserta, Cigarras, Arrastão, Ponta do Arpoador, Porto Grande e Prainha. A Companhia Ambiental multou a Petrobrás em R$ 10 milhões pelo vazamento do óleo e deve denunciar o crime ambiental cometido pela estatal ao Ministério Público do estado de São Paulo. A prefeitura de São Sebastião também deve aplicar uma multa à empresa, de valor estimado inicialmente em R$ 50 mil.

Caraguá Os laudos para a verificação da possível contaminação dos mexilhões, conhecidos também como mariscos, são ansiosamente aguardados pelos maricultores de Caraguá, que dependem deste aval para terem uma noção do próximo passo. “Se hoje tiver que parar nossa produção e começar do zero, pelo menos de um ano a um ano e meio para começar a voltar ao normal, mas recuperar essa imagem negativa, acho que demora até mais”, estima o biólogo e membro da diretoria da Associação dos Maricultores e Pescadores da Cocanha (Mapec), José Luiz Alvez. Ele revelou que caso os mexilhões estejam realmente contaminados, toda a produção deverá ser destruída. O maricultor Antonio Estevan de Matos contou que o dano às fazendas de mexilhões irá influenciar também no fornecimento do fruto do mar às cidades que compram o molusco de Caraguatatuba.

Maricultores O prefeito Antonio Carlos da Silva disse que fará projeto de apoio aos maricultores para restabelecer o cultivo, mas que o principal prejuízo foi ambiental. O presidente da Câmara, Neto Bota, afirmou que o Legislativo montou uma Comissão de Assuntos Relevantes para conversar com a diretoria da Petrobrás e pedir respostas, e discutir uma forma para que os pescadores e maricultores possam ser ressarcidos. As praias atingidas pelo vazamento de óleo em Caraguatatuba foram Massaguaçu, Cocanha, Capricórnio e Mococa.

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