Professora de SP satiriza Bolsonaro ao se vacinar fantasiada de jacaré: “Acredito na vacina”

Uma professora de Taubaté, no Vale do Paraíba (SP),  se paramentou de forma inusitada ao tomar a primeira dose da vacina contra a covid-19, no último domingo (20). A mulher fantasiou-se de jacaré, satirizando a declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) feita em dezembro do ano passado. As imagens da mulher tomando a vacina com a fantasia ganharam repercussão nas redes sociais nesta sexta-feira (25).

Nas redes sociais, a professora de culinária Neide ‘Pimentinha’ Souza, vacinada na UBS Mais Independência, em Taubaté, afirmou que a fantasia foi uma forma de protesto. 

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“Essa fantasia, esse cuidado em me preparar por dias para esse momento, não é apenas para extravasar aquele grito sufocado na garganta, não é apenas pra botar o choro pra fora. É o resultado de uma espera ansiosa por essa pequena dose que é a esperança de um futuro a minha,a nossa espera”, declarou.

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Grupos regionais, como o Taubaté Mil Grau, amplificaram o protesto da professora. “A imagem do dia”, afirmou o grupo, nesta quinta-feira (24), ao divulgar imagens da professora, fantasiada de jacaroa, no momento da vacinação. Mais de mil moradores da região entenderam o recado e apoiaram a professora.  

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Neide também afirmou que a fantasia foi uma homenagem às mais de 500 mil vidas perdidas pela doença e à imunização. “Essa fantasia, esse momento é também para homenagear os amigos que se foram, e também para mostrar que ainda que tenha os efeitos adversos, eu prefiro acreditar na vacina, ainda que eu virasse jacaré, continuaria acreditando”, declarou.

A questão do Jacaré

Em 17 de dezembro do ano passado, durante evento em Porto Seguro, na Bahia, o presidente Jair Bolsonaro fez uma série de alegações, sem fundamento ou base científica, relativas aos supostos efeitos adversos da vacina.

Bolsonaro, então, chegou a comparar eventuais efeitos colaterais das imunizações contra à covid-19 com  "nascer barba em mulher ou algum homem começar a falar fino" ou "virar jacaré e Super-Homem". Na época, ele também acrescentou: "Não tenho nada a ver com isso".

Na ocasião, o presidente também criticou a obrigatoriedade da imunização, que então era discutida e voltou a dizer que não tomaria o imunizante: "Já tenho anticorpos. Pra que tomar a vacina de novo?", questionou, numa fala também criticada por infectologistas.

A declaração, segundo os especialistas, além de um desestímulo à vacinação, é equivocada, na medida em que a imunidade propiciada pela vacinação não pode ser obtida sem ela mesmo entre os já infectados. 

A declaração de Bolsonaro não pegou bem e virou meme que perdura até hoje. O efeito colateral da transmutação num jacaré, como mostra o protesto-satira da professora de Taubaté, foi apropriado por críticos de diversos matizes tanto do presidente quanto da onda de negação da ciência que se alastra pelo país, como forma de sugerir que o negacionismo é desarrazoado, delirante e irracional. Transformar-se num jacaré ao se vacinar virou uma espécie de terraplanismo da vacinação.