MEIO AMBIENTE

Plano de manejo do Perb prevê uso turístico em vários pontos

Os próximos encontros da Fundação Florestal com a população, para definir os termos de uso, devem ocorrer no início de junho

Estela Craveiro
Publicado em 10/05/2018, às 14h30 - Atualizado em 23/08/2020, às 16h47

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Uma das entradas do Parque Estadual Restinga de Bertioga - Divulgação/Perb
Uma das entradas do Parque Estadual Restinga de Bertioga - Divulgação/Perb

Você já imaginou frequentar um restaurante, hospedar-se em uma pousada ou acampar na área do Parque Estadual da Restinga de Bertioga (Perb)? Hoje, impraticáveis, essas e outras atividades poderão se tornar possíveis com a implantação do plano de manejo que está sendo elaborado pela Fundação Florestal, entidade da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo que é responsável pela administração do parque. O processo começou com a realização de duas oficinas abertas ao público, em março e abril. Na primeira, o objetivo foi diagnosticar a situação do parque. Na segunda, esteve em pauta o zoneamento da área de 9,3 mil hectares. Os participantes foram divididos em grupos para discutir os assuntos envolvidos e apresentar sugestões.

 Os próximos encontros públicos serão realizados no início de junho, quando devem ser discutidas propostas de programas de gestão, e, no fim de julho, quando a Fundação Florestal apresentará à comunidade a devolutiva em relação às sugestões colhidas nos encontros anteriores. A minuta de zoneamento do Perb, apresentada nas oficinas, prevê a divisão do parque em cinco zonas: de preservação, de conservação, de recuperação, de uso extensivo e de uso intensivo. E estabelece quatro tipos de áreas de uso: público, de administração, de ocupação humana e histórico-cultural.

Estão também em pauta as regras de uso das zonas de amortecimento, no entorno dos limites do Perb, e a questão de propriedades existentes dentro da área do parque, anteriormente à sua criação, em 2010. A reivindicação dos moradores dessas localidades é que elas sejam excluídas do perímetro do Perb. Na avaliação de José Fernando Chaves Guedes, novo gestor do Perb, os encontros para elaboração do plano de manejo, que reuniram cerca de 200 pessoas, foram um sucesso e são fundamentais: “O intuito das oficinas é ouvir as pessoas”.

Mais produtos 

A forma como a elaboração do plano de manejo está sendo conduzida tem agradado. Udo Steinfeld, membro do conselho consultivo do Perb, por exemplo, está satisfeito: “Chamar a população para opinar é uma metodologia bem interessante”. Presença constante nas oficinas, o vereador Ney Lyra (PSDB), presidente da Câmara Municipal de Bertioga, tem estimulado a presença de moradores de áreas internas e no entorno do parque: “Temos que participar da definição das regras”.

Também estão contentes os monitores ambientais, que desempenham o papel de guias turísticos, para quem o Perb é fonte de trabalho. Muitos já frequentavam a área anteriormente à criação do parque, e contribuíram ativamente na identificação de trilhas e outros atrativos naturais. Na opinião do biólogo Cristiano Muriana, sócio da Buriquioca Turismo e Educação Ambiental, a implantação do plano de manejo facilitará a vida de todos: “Alguns monitores já operam nas trilhas D’Água e de Guaratuba. Com mais áreas abertas, teremos mais produtos turísticos a oferecer, além de a gente mesmo acabar ajudando a fiscalizar o parque”.

O próximo encontro da agenda do Plano de Manejo do Perb será realizado em 4 de junho, segunda-feira, no Espaço Cidadão Boraceia, das 17h às 19h; e em 5 de junho, terça-feira, no Espaço Cidadão Centro, das 9h às 17h. As reuniões são abertas ao público.  

As zonas do Perb

A zona de preservação é aquela na qual os ecossistemas e os processos ecológicos que os mantêm exibem a máxima expressão de integridade referente à estrutura, função e composição, sendo os efeitos das ações antrópicas insignificantes. Abrange aproximadamente 787,52 hectares, 8,38% da área total. A zona de conservação é onde ocorrem ambientes naturais bem conservados, podendo apresentar efeitos de intervenção humana não significativos. Abrange aproximadamente 7059,36 hectares, 75,08% da área total. 

A zona de recuperação é constituída por ambientes naturais degradados, que devem ser recuperados para atingir melhor estado de conservação e que, uma vez recuperada, deverá ser reclassificada. Abrange aproximadamente 850,62 hectares, 9,04% da área total, e corresponde às áreas degradadas com histórico de corte raso da vegetação, extração de areia, fazendas de bananicultura e presença de espécies exóticas. 

A zona de uso extensivo constitui-se, em sua maior parte, por regiões naturais conservadas, podendo apresentar efeitos de intervenção humana e atrativos passíveis de visitação pública. Abrange aproximadamente 650,47 hectares da UC, 6,92% da área total, e corresponde às áreas com atrativos e potencial para uso público, como os rios Jaguareguava e Itapanhaú, os manguezais dos rios Itaguaré e Guaratuba, a trilha do Guaratuba, a praia de Boraceia e área próxima ao condomínio Morada da Praia. 

A zona de uso intensivo é aquela na qual os ambientes naturais apresentam mais efeitos de intervenção humana e que concentra a infraestrutura de gestão e de suporte às atividades ligadas à visitação pública. Abrange aproximadamente 54,09 hectares da UC, 0,58% da área total, e corresponde às áreas próximas aos atrativos e com potencial de uso público, abrangendo a praia de Itaguaré, o rio Guaratuba, a ponta da praia de Boraceia e trecho próximo à rodovia Mogi-Bertioga. 

Modalidades de uso 

Para se ter ideia, na área de uso público da zona de uso intensivo devem ser permitidas atividades de mergulho, stand up paddle, boia-cross, rafting, canoagem, canionismo, arvorismo (andar em trilhas  entre árvores), tirolesa, escalada, rapel, arborismo (escalar árvores), caminhada, travessia, cicloturismo, espeleoturismo, observação da vida silvestre, turismo equestre, slackline e highline, corrida de aventura, turismo fora de estrada, quadriciclo, decolagem para voo livre, decolagem de balonismo, banho em corpos d’água e turismo pedagógico. 

Nessa área, também deverão haver estacionamento, lojas, lanchonetes e restaurante, pousadas e hospedarias, sanitários, lixeiras, sinalização, mirante artificial, infraestrutura de segurança, abrigo de pernoite e deve ser permitido o camping rústico. A ideia é que não seja obrigatório o agendamento de visitas, que haja trilhas autoguiadas, e que não haja limites de visitantes diários e nem de tamanho de grupos. 

Na área de uso público em zona de uso extensivo, várias dessas atividades serão permitidas, e outras, não, como estacionamento, lojas, e estabelecimentos de alimentação e hospedagem, além de turismo fora de estrada, do uso de quadriciclo e da prática de balonismo. Deve haver limite de número de visitantes diários e do tamanho dos grupos. 

E na área de uso público, em zona de conservação e recuperação, a ideia é permitir apenas caminhada e travessia, observação da vida silvestre, turismo pedagógico, infraestrutura de segurança e trilhas autoguiadas, tudo com visita agendada e limite de visitantes por dia e de tamanhos de grupos. 

Na área histórico-cultural, que circunscreve o patrimônio arqueopaleontógico, compreendendo sítios arqueológicos na região do Guaratuba e o trilho de bonde da usina de Itatinga, o objetivo é proteger e difundir a importância do patrimônio histórico-cultural, além de promover pesquisa científica e educação ambiental.

A minuta do plano de manejo do Perb pode ser conferida na íntegra em  www.sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam3

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