Aquário é pioneiro no combate à prática que ameaça à vida marinha
Redes, anzóis, linhas, potes e espinhéis fazem parte de cerca de 670 mil toneladas de petrechos encontrados anualmente perdidos pelos oceanos de todo o planeta, constituindo a pesca fantasma, uma grave ameaça à vida marinha.
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O tema, que já é alvo de várias ações realizadas pelo Aquário, volta a ser discutido no próximo dia 7, quando o parque realizará uma palestra virtual, às 15h, com o pesquisador científico do Instituto de Pesca, Luiz Miguel Casarini.
As inscrições para o encontro on-line serão abertas neste sábado, 1º, até o dia da palestra e poderão ser feitas pelo Instagram do Aquário (@uea.aquario), via direct. O interessado deve informar nome, RG, e-mail e curso ou faculdade, caso esteja estudando. O encontro, virtual devido às restrições ao coronavírus, será transmitido via aplicativo Google Meet.
A palestra será direcionada a estudantes e interessados em conhecer mais sobre a pesca fantasma e a importância da implantação da logística reversa, ação que visa recuperar e transformar as redes e outros objetos encontrados no mar em produtos como cabides, crachás, pentes e outros.
Parque santista é pioneiro
Considerado pioneiro em todo o Brasil em atividades educativas e de combate à pesca fantasma, o Aquário de Santos integra o projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar, que foi criado há 10 anos e é uma realização conjunta entre o Instituto de Pesca e a Fundação Florestal. Segundo Casarini, o equipamento e o Museu de Pesca são importantes referências na divulgação de ações sustentáveis relacionadas ao ambiente marinho.
O projeto nasceu no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, berçário da vida marinha criado em 1993 e considerado o primeiro e único parque marinho em unidades de conservação do Estado.
Armadilhas
A pesca fantasma é identificada quando objetos utilizados para a captura de animais são encontrados perdidos, descartados ou abandonados no fundo do mar. O material representa verdadeiras armadilhas à vida marinha e muitos animais, feridos, são levados ao Aquário, considerado referência em reabilitação.
Entre as ações relacionadas à pesca fantasma desenvolvidas pelo Aquário, atualmente fechado devido às medidas preventivas à covid-19, estão palestras, minicursos, exposições e atividades durante os cursos de férias. Além disso, o local, que tem uma extensa programação voltada à educação ambiental, tem um tanque, inaugurado em 2018, para alertar a população sobre o tema.
A pesca fantasma pode decorrer da pesca ilegal, uma vez que, na prática desta última, os petrechos não são devidamente identificados e sinalizados no mar e, portanto, dificilmente localizados pelos pescadores para retirada.O biólogo e coordenador do Aquário, Alex Ribeiro, fala sobre os perigos da pesca ilegal e da pesca fantasma e da importância da preservação de santuários marinhos como a Laje de Santos.
“É um local abrigado, protegido, de importância fundamental para o desenvolvimento das espécies marinhas, onde muitos peixes pequenos buscam as pedras para ter seus filhotes. Até animais de grande porte migratórios como arraias manta e tubarões baleia, passam pelo local por ser abrigado e com muita oferta de alimento”.
CONSCIÊNCIA E REAPROVEITAMENTO
O projeto Petrechos de Pesca Perdidos no Mar tem o objetivo de mapear e detectar esses objetos. “Começamos a lidar com o problema realizando campanhas de limpeza desses petrechos, que são principalmente de pesca amadora. Depois, passamos a pesquisar o que poderia ser feito com esse material encontrado, que basicamente é de plástico”, explica o pesquisador Casarini.
O trabalho de combate à pesca fantasma também conta com o auxílio das operadoras de mergulho e de mergulhadores voluntários como Alex Ribeiro, que ajudam a retirar os petrechos do mar. E, de acordo com Casarini, o Instituto de Pesca já realizou várias pesquisas de desenvolvimento e inovação apontando a viabilidade de reciclagem de todo o material encontrado.
Uma das propostas do projeto é envolver recicladoras e cooperativas para trabalhar no desmonte das redes encontradas e disponibilizá-las para indústrias. A Escola de Ensino Superior de Tecnologia em Polímero do Serviço Nacional da Indústria (Senai) de São Bernardo do Campo também tem pesquisa nesse sentido, desenvolvendo cabides, crachás e pentes a partir da reciclagem dos petrechos.
“Mas a melhor arma é a prevenção, com adoção das melhores práticas. Identificar e sinalizar os petrechos onde a pesca é permitida e não pescar em local proibido”, diz Casarini.
PESCA ILEGAL
A pesca em local proibido é crime ambiental sujeito a multa de R$ 1.400, acrescidos de R$ 40 por quilo de pescado, além da apreensão dos petrechos e da embarcação. Segundo Edson Montilha, gerente da Fundação Florestal, desde 2019, mais de 40 autuações foram realizadas tanto na área do Parque Estadual Marinho Laje de Santos e como na região chamada Zona de Amortecimento no Setor Itaguaçu da Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Centro (APAMLC).
DENÚNCIAS
Denúncias sobre pesca ilegal podem ser feitas à Fundação Florestal pelo (13) 3567-1767, à Coordenadoria de Fiscalização e Biodiversidade, ligada à Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, pelo telefone (13) 3269-1200, ou ainda à Polícia Ambiental, pelo telefone (13) 3348-4780 ou pelo aplicativo Denúncia Ambiente.
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