Há salas em que os alunos afirmam não ter visto, desde o início do ano letivo, o professor de uma das disciplinas
Pais com medos de represálias e alunos que imploram para ter aulas, mas não têm professores. Essa é a situação criada pela Escola Estadual William Aureli, localizada no bairro Rio da Praia, conforme denunciam.
Constatamos, junto a estudantes próximo à unidade, que uma das salas não tem aulas de Português desde o início do ano letivo, e esse, conforme relatam os pais, não é um caso isolado. Na rede social Facebook, os alunos estão postando em páginas de notícias um apelo para a situação.
Para a matéria, nenhum dos pais quis se identificar com receio que seus filhos fossem prejudicados. Uma das mães disse que mudou sua filha de escola porque, quando estava no 7º ano vespertino, quase não teve aulas em duas matérias, sendo uma delas Inglês. Disse ela: “A minha filha passou o ano aprendendo nada na maior parte do tempo”. Ainda, durante a aula vaga, ela diz que “os alunos eram colocados na quadra de esportes sem a supervisão de qualquer responsável”.
Ainda assim, os pais comentam que alguns professores se esforçam para garantir a educação dos alunos. Uma das mães confirmou: “A situação da escola William Aureli é deplorável, não tem professores de todas as matérias, e os que tem ficam se dividindo entre salas pra tentar passar alguma coisa para os alunos”. Ainda, segundo apontou, há docentes efetivos que pedem licença e ficam meses sem dar aulas. A mesma mãe denuncia: “No ano passado, o meu filho era do 1º ano e só teve professor de matemática no mês de novembro, faltando pouco para acabar o ano. Ele mesmo ficava indignado porque não sabe nada, não aprendeu nada”.
A falta de professores, segundo os pais, acontece nos três períodos e, quando questionam a diretoria, a situação é negada. A responsável pelo aluno critica: “Os alunos que sabem, são eles que chegam em casa, falam que não teve aula e que ficaram no pátio ou na quadra até á hora da saída justamente para pensarmos que estão em aula”.
Os pais e também os alunos que têm se manifestado pela internet, é com relação ao futuro. A mãe acredita que, “do jeito que está não tem futuro. Ele é um menino sonhador, tem vontade de se forma em gastronomia ou agronomia, mas com o pouco estudo que tem, não sei se passa em algum vestibular. Ele só tem este ano e o próximo para aprender alguma coisa, pois hoje ele está no 2º ano sem saber praticamente nada”.
Um dos pais, cujo filho estuda no 1º ano, se viu indignado com a situação e repara que, ao término do ano, pouco foi usado das apostilas e igualmente acredita que os alunos não estarão preparados para qualquer vestibular pela deficiência do ensino fundamental. Outro lado
A Secretaria Estadual de Educação foi procurada e, por meio de nota, informou que os professores têm registrado faltas pontuais e, ante estas, aciona professores substitutos. Confira a nota na íntegra: “A Diretoria Regional de Ensino de Santos informa que todas as aulas estão atribuídas na Escola Estadual William Aureli. A comissão de atribuição de aulas foi designada pela administração a apurar a denúncia e constatou que os professores da escola têm registrado faltas pontuais. Diante de faltas diárias, a escola aciona professores substitutos. São 212 docentes no cadastro para substituição. A escola estadual desenvolve ações de combate ao bullying e agressões e a direção se mantém à disposição dos pais para denúncias. A Diretoria de Ensino também esclarece que as transferências de alunos menores de idade para o período noturno é realizada somente depois da solicitação dos responsáveis legais”.
Foto: JCN Crédito: Mayumi Kitamura
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