Diretor da entidade, Rodolfo Bonafim, também contou como anda o nível dos reservatórios em SP e alertou para um tipo ainda pouco divulgado de poluição das águas
Da redação
Publicado em 22/03/2023, às 09h37 - Atualizado às 14h24
Neste 22 de março se comemora o Dia Mundial da Água. E em Santos, a ONG Amigos da Água realiza um trabalho de conscientização da sociedade sobre a escassez e poluição das águas, em especial no litoral paulista, desde 1999.
Segundo Rodolfo Bonafim, Diretor Científico da ONG, a proposta da entidade é conscientizar, alertar e prevenir cidadãos, empresas, poder público e entidades de classe sobre a escassez e a poluição da água, sobretudo a potável no mundo e em nossa região em particular, que apesar de rica em rios, também pode ser atingida.
A ONG foi criada em 10 de dezembro de 1999, uma data emblemática, pois é o Dia Mundial dos Direitos Humanos e que tem tudo a ver com o propósito da Amigos da Água. “O primeiro direito humano é o direito à vida e sem água não há vida, porque todos, sem exceção, independentemente de situação social, ideologia, etnia, opção sexual, religião ou ateu têm que ter acesso universal à água de boa qualidade para manter a saúde em dia e para seu uso pessoal”, disse Bonafim.
Você sabia que cerca de 60% de todas as doenças tem como veículo a água contaminada? O dado trazido por Bonafim mostra a importância do cuidado com a água que consumimos. A Amigos da Água recomenda o consumo de água filtrada ou fervida, se não houver filtro em casa. Em caso de alguma dúvida, a ONG dá a dica de conferir o site do INMETRO, pois há inúmeros tipos de filtros, como aqueles que nos protegem mais de microorganismos, tais como bactérias, e outros de impurezas, como resíduos de pedras, galhos de árvores e ferrugem. É importante lembrar que a água que a concessionária distribui é potável na origem (Estação de tratamento de água), porém, no trajeto que a água percorre até chegar em nossas torneiras, é de limpeza muito duvidável.
O diretor da Amigos da Água lembrou também do perigo das doenças causadas pelas águas das enchentes, que castigaram o litoral paulista durante o verão. Ele disse que são sete as doenças mais perigosas: leptospirose, hepatite A, febre tifóide, micose, malária, cólera e toxoplasmose. Ele salienta que a água da chuva em si não é contaminada (embora já tenham sido detectadas bactérias e fungos na atmosfera), mas pela mistura da água com lixo descartado irregularmente, fezes e urina de ratos e humanos.
Mas será que depois de tanta chuva, pelo menos o nível dos reservatórios melhorou? Segundo Bonafim, com a altíssima demanda de chuvas no verão deste ano, várias delas catastróficas principalmente na região de Campinas e Araraquara, o nível dos reservatórios do interior é o mais alto dos últimos anos. “Em nosso litoral, não temos reservatórios, dado que o índice pluviométrico é muito elevado e que não se define estação seca no litoral paulista. Nossos rios, Cubatão, Preto, Pilões, Jurubatuba, Itapanhaú etc., já são nossos reservatórios naturais”, disse Bonafim.
Ainda que nosso litoral seja uma região rica em água, o diretor da Amigos da Água lembra que é preciso economizar, pois quando há fortes tempestades, há rompimentos de adutoras e tubulações que ficam carregadas de terra, pedras, galhos de árvores e outros detritos. Ele lembra do caso dramático da escassez de água potável após a super tempestade na Baixada Santista e especialmente no Litoral Norte. Bonafim também chama a atenção para a provável redução das chuvas para este inverno, devido ao estabelecimento do fenômeno El Niño (aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico próximo à Linha do Equador). “Não há estação seca no litoral, mas nossa água poderá ser requisitada para outras regiões paulistas”, alertou.
Bonafim lembrou também sobre um problema ainda pouco divulgado: os disruptores endócrinos. Ele explica que são partículas extremamente pequenas resultantes do descarte de medicamentos que usamos e eliminamos pelas fezes e urina, os quais não são ainda filtrados pelas membranas das estações de tratamento de água e, portanto, são lançados in natura nos rios, mangues e estuários da região.
Animais marinhos acabam ingerindo essas partículas e nós ingerimos esses animais nas refeições. Uma vez de volta ao organismo humano, os disruptores endócrinos enganam nosso sistema de defesa se passando por hormônios, podendo causar males como doenças, uma vez que muitas delas acontecem por desequilíbrio hormonal. Ainda não há previsão para a chegada de filtros de nanopartículas capazes de barrar essas perigosas partículas tão pequenas.
Para quem se interessou pelo trabalho da ONG, pode entrar em contato pelo Facebook ou ainda pelos telefones (13) 98832-2661 ou (13) 99781-2562.
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