ENSINO MUNICIPAL

Novo secretário de Educação de Bertioga promete materiais e uniformes no início de 2019

Oriundo do sistema educacional do estado, ele fala sobre uniformes e materiais, corpo docente, aprovação continuada e envolvimento da família com a escola

Estela Craveiro
Publicado em 17/08/2018, às 09h14 - Atualizado em 23/08/2020, às 17h16

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Rubens Antonio Mandetta de Souza, secretário de Educação de Bertioga - JCN
Rubens Antonio Mandetta de Souza, secretário de Educação de Bertioga - JCN

Nascido em Corumb á (MT), engenheiro agrícola formado pela Universidade de Campinas (Unicamp), com especialização em marketing, mestrado em economia pela Unicamp, e especialização em administração escolar, Rubens Antonio Mandetta de Souza, o novo secretário de Educação de Bertioga, chega ao município com extenso currículo no setor educacional, em que atua desde 2008. No governo paulista, foi diretor de planejamento escolar da Coordenadoria de Ensino da Região Metropolitana de São Paulo, em 2008; foi coordenador do ensino do interior, incluindo o litoral, de 2009 a 2011, abrangendo atividades pedagógicas e de infraestrutura, envolvendo 63 diretorias de ensino, 2.500 escolas e 250 mil estudantes.

Em 2012, Rubens foi subsecretário de articulação regional da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. De 2013 a 2015, foi assessor institucional da Secretaria de Educação, e a seguir, assessor da presidência da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), implantando projetos de modernização de fornecimento de materiais. De 2000 a 2009, foi professor de economia, administração, marketing e logística na Universidade Mackenzie e na Universidade Paulista (Unip), entre outras. Uma de suas realizações na FDE foi viabilizar a participação dos municípios em processos de compra feitos pelo estado de São Paulo, resultando na redução do preço de kits escolares de algo entre R$ 70 e R$ 80 para a faixa de R$ 28 cada.

Confira algumas ideias do secretário Rubens Antonio Mandetta de Souza sobre alguns temas importantes do setor da educação em Bertioga.

Planos para a educação de Bertioga Nos anos 1970, briguei muito nas ruas (contra a ditadura militar) e entendi que educação é a oportunidade de inclusão social. Meu compromisso é trabalhar para que possamos melhorar a educação em Bertioga. Os professores são parte importante, inclusive estamos iniciando, nessa semana, o processo de formação continuada, para que a gente possa constantemente estar tendo oportunidade de aproveitar um terço da jornada deles para que possam realmente trabalhar de forma conjunta, encontrar seus pares, discutir as melhores estratégias para atuar em sala de aula.

Uniforme e materiais escolares Os kits de Bertioga foram comprados por meio do FDE. Houve algumas dificuldades iniciais no processo lá em São Paulo. Ações no Ministério Público e no Tribunal de Contas do Estado dificultaram um pouco as coisas. E a empresa que ganhou a licitação para os uniformes teve muitos problemas para cumprir o contrato. Agora, estamos entregando os materiais. A seguir, vamos entregar os uniformes. E já estou trabalhando com a secretaria de Administração e Finanças para que, no ano que vem, uniformes e materiais sejam entregues no primeiro dia de aula, até porque é uma determinação do prefeito Caio Matheus.

Corpo docente A rede escolar municipal de Bertioga tem 28 unidades. Cerca de 60 professores devem se aposentar no ano que vem. Devemos chamar 18 professores aprovados no último concurso.  Em termos de quantidade, temos um corpo docente que atende bem à rede. Acredito que estamos precisando mais de uma redistribuição de horários. A grande dificuldade foi criada pela lei de um terço, que dá ao professor um terço de sua carga horária para sua formação, e trouxe transtornos a todos os municípios. O estado também passou por isso. Vamos reorganizar o planejamento para nos adequarmos. Não temos tanto problema com a falta deles. A questão são as licenças médicas. Serão reavaliadas. Estou analisando a questão.

Aprovação continuada Esse processo se adapta muito bem aos alunos do primeiro ao quinto ano, porque, na realidade, alunos têm dificuldades para aprender a ler perfeitamente. Uns conseguem no primeiro ano e outros levam até três anos. O sistema anterior, que previa reprovação desse aluno, colocava já para ele uma dificuldade muito grande. Então a aprovação continuada é um acolhimento, um entendimento dessa dificuldade de aprendizagem na primeira infância. Após o quinto ano, há dificuldade para aplicar esse sistema. Tem que haver boa formação continuada dos professores. Eles têm que ter muito entendimento desse procedimento, saber dessa dificuldade. Também se pressupõe a utilização de instrumentos como classes especiais de recuperação e reforço. E é preciso ter professores com método mais adequado para esses alunos. Saber ler, escrever e fazer bem operações matemáticas é muito importante. Tem outro aspecto que pesa. Temos às vezes filhos de pais que não tiveram oportunidade de aprender a ler e escrever. Esses alunos terão maior dificuldade de aprendizado. Mas a gente não pode deixa ninguém para trás nessa fase. Precisamos criar mecanismos que façam com que esses alunos tenham oportunidade de seguir em frente, de entender que possam ser capazes.

Merenda escolar É muito difícil estabelecer um modelo único, como produzir na escola ou terceirizar. O que funciona para um município pode não funcionar para outro. Escolhido um modelo, o importante é o processo de gestão. O modelo de compra facilita, mas sempre será necessário acompanhar o que está acontecendo, a qualidade da merenda, se o que se promete no contrato está sendo cumprido. No estado, vi muitos municípios com modelo próprio, com merendeiras, que dá certo. Outras cidades tiveram dificuldades por conta de licenças médicas, e da demora para repor funcionários, dependendo de concursos, com diretoras indo para a cozinha. A terceirização oferece a vantagem de que o funcionário é responsabilidade do fornecedor.  A grande questão é a gestão, garantir que o alimento chegue com boa qualidade e não falte à criança. A gente sabe que, hoje, o alimento na escola é o grande atrativo.

Mudança de valores na escola A constituição brasileira de 1988 passou a garantir o ensino para todos. A França começou a fazer isso no início do século 20. Nós começamos no fim do século. É um desafio para todos. Todas as dificuldades sociais estão hoje dentro da escola. Na minha época de estudante, se o pai fosse chamado na escola, a gente tremia de medo. Os valores da sociedade mudaram muito. Hoje, os pais vão cobrar dos professores porque o filho teve nota ruim. Querem terceirizar a educação dos filhos deles. A gente precisa desenvolver esse trabalho em conjunto com a família e no processo de formação de professores e diretores. A situação é difícil, mas não significa que a gente está fadado ao fracasso, muito  pelo contrário. O processo de aprendizagem inclui ter que lidar com a sociedade.

Envolvimento da família Pretendemos trabalhar isso com os diretores no processo de formação. É um desafio trazer os pais para a escola. Precisamos trazer e não é uma tarefa simples. Muitos pais trabalham bastante, têm pouco tempo, deixam os filhos sozinhos. O processo de formação cabe em um terço à escola, um terço aos alunos e um terço aos pais. Eles têm responsabilidade pela formação de seus filhos. Não dá para terceirizar isso. 

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