Por Mayumi Kitamura
O aumento de casos de dengue no país tem preocupado o Ministério da Saúde, que anunciou, na sexta-feira, 6, os dados mais recentes relacionados à doença. Somente neste início de ano, 24 pessoas morreram no estado de São Paulo em decorrência do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, sendo que, no ano anterior, foram cinco mortes no mesmo período. Na Baixada Santista, são mais de 700 casos confirmados e, por isso, as prefeituras vêm adotando uma série de medidas para combater e conter o avanço no número de infectados. Em Bertioga, houve dez notificações de casos suspeitos da doença e dois casos confirmados, sendo um no mês de janeiro e outro em fevereiro. A área central apresenta maior incidência da doença e, de acordo com a prefeitura, é promovida a prevenção a focos de proliferação do mosquito com a conscientização dos moradores. Além de esclarecimentos, os técnicos da Coordenadoria de Vetores e Dengue também verificam possíveis criadouros do mosquito e aplicam inseticida granulado durante as visitas. Em paralelo, é realizada a Operação Cata-Treco, com o recolhimento de móveis que possam ficar expostos ao tempo, e servir de possíveis criadouros do inseto transmissor. A ação é periódica nos bairros e pode ser solicitada também pelo telefone (13) 3319 8035. A prefeitura informou que, a partir do dia 15 deste mês, iniciará as nebulizações em áreas que apresentaram casos positivos. Entre os municípios da região metropolitana com maior número de casos confirmados estão Peruíbe (273); Mongaguá (243); e Itanhaém (173), segundo as últimas atualizações enviadas pelas prefeituras, referentes ao período final de fevereiro ao início de março. Todas as prefeituras estão intensificando as medidas de combate à dengue, como nebulização, mutirões para orientação e cata-treco. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, somente em território paulista foram 38.714 casos confirmados da doença até o mês de fevereiro, o que representa incidência de 92 infecções por 100 mil habitantes. Para ser considerada epidemia em âmbito estadual, a incidência da doença deve ser acima de 300 casos por 100 mil habitantes. Em todo o ano passado houve 193,6 mil casos de dengue no estado. De acordo com a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), foram encaminhadas equipes para auxiliar os municípios paulistas, a exemplo de Peruíbe, que solicitam apoio para o combate ao mosquito transmissor da dengue. Em todos os casos suspeitos, a Secretaria de Saúde garante a realização de todos os exames de sorologia por intermédio de sua rede de laboratórios do Instituto Adolfo Lutz.
São Sebastião anuncia medidas contra a doença
A prefeitura de São Sebastião investiu mais de R$ 600 mil em equipamentos, estruturas e ações na luta contra a dengue. Na quinta-feira, 5, o prefeito Ernane Primazzi anunciou as ações. De acordo com ele, seis veículos adquiridos junto ao governo federal, sendo duas vans, duas caminhonetes Montana e uma caminhonete L200, além de mais dois carros Gol, disponibilizados pela administração, em um investimento que passa dos R$ 400 mil, estão sendo preparados (licenciamento, seguro e identificados com adesivos), para compor a estrutura da Vigilância Epidemiológica da cidade. Uma medida, que já está sendo estudada por gestores da Secretaria de Saúde e dirigentes do Hospital de Clínicas, é uma alternativa (tendas ou conteineres) para melhor atender os pacientes, de forma a diminuir o tempo de espera dos casos de pessoas acometidas pela dengue, devido ao aumento de procura por atendimento no pronto-socorro. A Vigilância Epidemiológica alerta para a gravidade da doença no litoral norte. De acordo com os dados divulgados pelas secretarias de saúde dos quatro municípios, a região já tem confirmados mais de 800 casos de dengue, somente nos primeiros dois meses do ano. O diretor de Vigilância em Saúde Givanildo Tavares disse: “Destes, cerca de 754 só na cidade de Caraguatatuba, que já declarou estado de calamidade pública”. Em São Sebastião, segundo Tavares, já foram confirmados 61 casos no mesmo período (de 1º de janeiro a 28 de fevereiro). Para o prefeito Ernane Primazzi, a dengue é uma doença que precisa ser combatida na prevenção, por isso, as medidas já vem sendo tomadas ao longo dos últimos anos em todo o município. Segundo ele, além destes novos e importantes investimentos, São Sebastião é a única cidade do litoral norte que conta com a Casa da Dengue, instalada há dois anos no centro da cidade, para abrigar a estrutura necessária ao combate ao mosquito. “Além da estrutura física, hoje contamos com 42 agentes de combate a epidemias; destes, 33 diretamente ligados ao controle do vetor”, destacou o prefeito. No entanto, o prefeito explica que todo e qualquer investimento feito no combate da doença, não será suficiente se a população não fizer a sua parte. “Mesmo que o poder público coloque o Exército na rua, ainda assim não será suficiente para eliminar o mosquito, se a comunidade não entender que a proliferação das larvas está ligada diretamente à limpeza e organização do ambiente onde vive”, orientou o prefeito. FUMACÊ Outro alerta feito pela Vigilância em Saúde de São Sebastião é sobre o uso do fumacê no combate ao pernilongo Culex quinquefasciatus, cuja aplicação vem sendo alvo de grande solicitação por parte da população. De acordo com Tavares, o uso em excesso do fumacê pode deixar o outro mosquito, o Aedes aegypti, mais resistente, deixando a cidade vulnerável no controle e podendo enfrentar aumento nos casos de dengue e possivelmente da febre chikungunya. Tavares esclareceu: “Cientistas observam que o uso do fumacê, contra o pernilongo culex, com frequência acima do recomendado ( três ciclos de aplicação por área), pode resultar em um efeito inverso e, ao invés de eliminar o pernilongo, pode contribuir para que ele fique resistente à ação do veneno e, com isso, se torne ainda mais difícil o combate a esses vetores de doenças”. Quanto à dengue, ele explica que pesquisas realizadas pela Sucen apontaram que o mosquito infectado com o vírus da dengue possui hábitos intradomiciliares e, por esse, motivo várias pessoas da mesma família contraem a doença. Para este caso, é feita a nebulização com outro tipo de inseticida autorizado pelo Ministério da Saúde.
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