Juquehy

Morro ameaça ruir e põe em risco dezenas de famílias em Juquehy

Dezenas de famílias, residentes na comunidade conhecida por Morro do Esquimó,em Juquehy, em São Sebastião, correm o risco de perder suas casas, já que o local corre o risco de desmoronar devido à movimentação do solo

Reginaldo Pupo
Publicado em 14/09/2018, às 11h51 - Atualizado em 23/08/2020, às 17h25

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Reginaldo Pupo
Reginaldo Pupo

Dezenas de famílias, residentes em uma comunidade conhecida por Morro do Esquimó, localizada em Juquehy, na costa sul de São Sebastião, correm o risco de perder suas casas, já que o local corre o risco de desmoronar sobre a rodovia Rio-Santos, devido à movimentação do solo. O fenômeno, que se  processa lentamente e foi comprovado pelo Instituto de Geologia (IG), de São Paulo, ocorre há pelo menos 20 anos.

O problema, porém, vem se agravando desde 2013. Segundo alguns moradores, o morro “treme” quando ocorre a movimentação geológica. Por causa disso, diversas casas, erguidas de forma rudimentar, sofreram diversas rachaduras. Os moradores relatam que, quando o fenômeno ocorre, o tremor é semelhante a um terremoto de pequenas proporções.

Ainda em 2013, a Defesa Civil removeu as famílias. Porém, como não houve fiscalização, diversos moradores retornaram às casas. Estima-se que cerca de 20 famílias, com crianças e idosos, residem na comunidade, no meio da mata e, portanto, de forma irregular. O problema poderá se agravar com a chegada da temporada de chuvas, em dezembro, já que a infiltração potencializa os eventos da movimentação de terra. Segundo a prefeitura de São Sebastião, a cidade tem 93 áreas de risco, monitoradas pela Coordenadoria de Defesa Civil.

Há alguns meses, uma cratera surgiu no acostamento da Rio-Santos, ao lado da entrada do morro. Mesmo diante da gravidade, os moradores se recusam a deixar o local. Segundo a prefeitura, um convênio foi formalizado com o governo do estado, por meio do Programa de Atendimento Tecnológico aos Municípios (Patem), para a elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), já foi iniciado.

Ainda de acordo com a prefeitura, estudos geotécnicos do local foram encaminhados ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER), para ser criado um plano de trabalho para a execução de medidas que possam amenizar o problema. A intenção é cortar o morro e avançar sete metros da pista em direção à mata, para a implantação de um sistema de drenagem e a construção de um muro de contenção. Este projeto conta com o auxílio do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

Famílias serão transferidas para bairro distante a 60km 

A prefeitura informou que a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) disponibilizou 93 unidades habitacionais, para o município abrigar as famílias de áreas de risco e ambientalmente protegidas. Algumas delas serão destinadas aos moradores do Morro do Esquimó. Alguns moradores dizem que irão recusar a oferta, já que as casas ficam no outro extremo da cidade, na costa norte, a uma distância de cerca de 60km do local.

Uma dona de casa, que pediu para não ser identificada, disse:  “Nós moramos aqui, trabalhamos aqui. Nossos filhos estudam aqui. Eles (prefeitura) querem colocar a gente no bairro do Jaraguá, já na divisa com Caraguatatuba. É muito longe. Teríamos que pegar quatro ônibus por dia, de ida e volta, para trabalhar e levar os filhos para a escola. A viagem duraria quase três horas. E quem não tem dinheiro para isso, como fica?”.

As casas serão inauguradas, em uma primeira etapa, neste sábado, 15, às 10h, no bairro Jaraguá. Segundo a prefeitura, após a mudança das famílias, serão feitas ações de descaracterização e desconstrução das moradias para evitar novas ocupações irregulares (R.P.).

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