REPULSIVOS

Moradora de Mogi das Cruzes (SP) pede ajuda e recebe assédio sexual: “Me sinto humilhada"

Em dificuldades, após ficar desempregada no início da pandemia, mãe de duas crianças resolveu vender brigadeiros e anunciou produtos na internet; dias depois, mulher começou ser assediada por ao menos três anônimos que lhe fizeram propostas indecorosas e ofensivas de cunho sexual

Da redação
Publicado em 01/06/2021, às 11h03 - Atualizado às 12h20

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À esquerda, Daniela e seu casal de filhos, indo vender brigadeiros; Captura de tela que mulher sofreu após anunciar seus produtos na internet; anônimo pediu a ajudante de cozinha que mostrasse as partes íntimas na internet, em troca de R$ 30,00; ao menos t - Imagem: Acervo Pessoal / Daniela Ramos
À esquerda, Daniela e seu casal de filhos, indo vender brigadeiros; Captura de tela que mulher sofreu após anunciar seus produtos na internet; anônimo pediu a ajudante de cozinha que mostrasse as partes íntimas na internet, em troca de R$ 30,00; ao menos t - Imagem: Acervo Pessoal / Daniela Ramos

Uma ajudante de cozinha desempregada de Mogi das Cruzes, no Alto Tietê, tem passado por maus bocados após pedir ajuda na internet. A mulher vem sofrendo importunações de cunho libidinoso, desde que divulgou seu número de telefone, na esperança de conseguir compradores para os brigadeiros que vende nas ruas de Mogi ou alguém que a ajude. “Me sinto constrangida, humilhada”, desabafou Daniela Ramos, de 34 anos, na tarde desta segunda-feira (31).

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Com pouca instrução, a venda de brigadeiros foi a solução encontrada por Daniela para complementar a única renda fixa de R$ 300 que recebe de pensão do casal de filhos de 6 e 7 anos, por parte do ex-marido, de quem se separou há um ano, no mesmo período em que foi demitida do restaurante onde trabalhava. “Eu não sabia o que eu podia fazer, aí olhei no Youtube e aprendi a fazer brigadeiro pra poder vender”, afirmou Daniela.

Dificuldades Financeiras

Segundo a ajudante de cozinha, moradora do Conjunto Residencial Nova Bertioga, conhecido como Bertioguinha, a situação piorou no início de 2021, quando seu auxílio emergencial foi cancelado. Com o aluguel de R$ 600 constantemente atrasado, o armário vazio e a fome das crianças apertando, ela resolveu sair às ruas, vendendo os brigadeiros que havia aprendido a fazer.

Daniela Ramos tem saído para vender brigadeiros nas ruas de Mogi das Cruzes. Sem ter onde deixar o casal de filhos, ela os leva. As vendas, porém, vão de mal a pior; "tem dia que não vendo nada", afirma Moradora de Mogi das Cruzes em dificuldades pede ajud (Imagem: Acervo Pessoal / Daniela Ramos)

“Eu saio vendendo brigadeiros. Levo as crianças, porque não tenho com quem deixar. Tem dia que vendo 15 reais, tem dia que vendo 20, às vezes vendo dois reais, às vezes não vendo nada. Não é um dinheiro fixo”, relata, em tom de desânimo.

Com as vendas indo de mal a pior, há cerca de uma semana, Daniela resolveu apelar à solidariedade e fez algumas publicações nas redes sociais, buscando interessados nos brigadeiros, ou até alguém que a ajudasse com um emprego ou alguma doação. Nas postagens, ela divulgou o número de seu telefone, para que as pessoas interessadas pudessem contatá-la.

Os Assédios

O contato que ela recebeu, porém, foi bem diferente do esperado. Em vez de pedidos de brigadeiros, oferta de trabalho, ou alguma ajuda, ela foi contatada por três números diferentes, de anônimos, e assediada. Os assédios começaram há uma semana, logo após a primeira postagem feita por Daniela, e vêm se repetindo desde então. Nesta segunda-feira, já eram três.   

Inicialmente os assediadores contataram Daniela com supostas ofertas de trabalho, ou se dizendo interessados em seus brigadeiros. Em seguida, entretanto, eles começas a pedir a mulher que lhes mostrasse as partes íntimas, ou até oferecendo dinheiro, em troca de sexo.

“Eles começavam a [me] mandar mensagem, sabe? Como se quisessem ajudar. Depois  começaram a me mandar coisas indevidas.  Teve um que falou ‘vem fazer faxina aqui pra mim, daí a gente faz mais alguma coisa, uma massagem’, falam essas coisas.  ‘Me mostra os peitos, que te dou um dinheiro’. Um moço mandou assim: ‘ah, faz comigo, cê não faz nada disso?’Me falando pra ficar on-line e fazendo coisa sexual pra ele ver. ‘faz pra mim, só no sigilo, eu te dou 30 reais’. Falou bem assim pra mim. Relatou, com tristeza, a mãe de duas crianças, completanto incisivamente: "Eu falei ‘não, não faço, eu sou honesta’".

Anônimo propôs que mulher lhe mostrasse as partes íntimas em troca de pagamento A - Moradora de Mogi das Cruzes em dificuldades pede ajuda na internet e recebe assédio sexual: “Me sinto humilhada” Imagem: Moradora de Mogi das Cruzes em dificuldades pede aj (Acervo Pessoal / Daniela Ramos)

Danielaafirmou que, após os assédios, fez capturas de telas, quando as mensagens eram escritas, e bloqueou os números, mas não procurou a polícia. Ela afirmou que se sentiu “humilhada”, com os assédios.

Apesar de mulher ter feito anuncio oferecendo brigadeiros, anônimo a contatou perguntando se ela fazia massagem B - Moradora de Mogi das Cruzes em dificuldades pede ajuda na internet e recebe assédio sexual: “Me sinto humilhada” Moradora de Mogi das Cruzes (Imagem: Acervo Pessoal / Daniela Ramos)

“Me sinto constrangida. Parece que todo mundo que correndo atrás de alguma coisa pra mudar de vida, eles acham que todo mundo é prostituta, isso que é ruim, né? Vê uma mãe solteira, é prostituta, não presta”, desabafou.

Outro anônimo perguntou e ela sobre os brigadeiros, para, logo depois, inconvenientemente, elogiar o decote da mulher e insistir, mesmo após ela lhe revelar seu desconforto C - Moradora de Mogi das Cruzes em dificuldades pede ajuda na internet e recebe ass (Imagem: Acervo Pessoal / Daniela Ramos)

Como se não bastassem os assédios, Daniela afirma que muitas pessoas viram seu pedido de ajuda com desconfiança. “Eu me sinto triste, porque a pessoa nem veio aqui ver nada. Não me conhece para ficar falando. É uma coisa que a pessoa joga no ar, mas ela não tem certeza do que é e do que não é, porque ela não veio aqui me ver”.

Outras pessoas, porém, se sensibilizaram, e estenderam uma mão solidária à mãe desesperada. "Uma pessoa me falou que vai me trazer uma cesta básica até sexta-feira. Umas pessoas me deram um pix de 10, de 15, de 2 reais. E um moço me deu 200 reais, e esse valor eu vou juntar pro meu aluguel, porque meu auxílio [emergencial] não saiu, lá tá como cancelado por decisão do Ministério”, Afirmou Daniela, num misto de desânimo e esperança. 

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Quem se sensibilizar e desejar comprar os brigadeiros da moradora de Mogi das Cruzes, ou ajudá-la pode contatá-la no número 11-93354-7892, também sua chave pix.  

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