Membros da sociedade civil pedem que nome masculino da maternidade, aprovado na gestão anterior, seja revertido pela gestão atual; entrega da maternidade está prevista para 2022
O batismo, com nome masculino, de uma futura maternidade em Mogi das Cruzes, no Alto Tietê, gerou uma onda de protestos de moradores e organizações sociais. Prevista para ser entregue em 2022, a maternidade em construção no distrito de Braz Cubas, já tem nome, e ele masculino: “Maternidade MunicipalPrefeito Manoel Bezerra de Melo".
O batismo homenageia Manoel Bezerra, falecido em junho do ano passado. Eleito vice-prefeito de Mogi das Cruzes em 1993, com a morte do titular no ano seguinte, Bezerra assumiu o cargo, permanecendo no mandato até 1996. Data da gestão dele a fundação da Universidade de Mogi das Cruzes.
O nome do local foi decidido há quase um ano, meses após a morte de Bezerra, quando a Câmara dos Vereadores aprovou o projeto de lei de nomeação da maternidade.
Apesar dos protestos de organizações da sociedade civil de Mogi que tentaram pressionar o então prefeito Marcus Melo (PSDB) a vetar o projeto, em agosto de 2020, o nome masculino da maternidade foi aprovado, tornando-se a Lei nº 7.614.
Agora, as mesmas entidades tentam fazer com que a atual gestão de Mogi das Cruzes, sob o comando de Caio Cunha (Podemos), volte atrás, reverta a decisão da gestão anterior e dê um nome feminino à futura segunda maternidade da cidade.
Segundo informações da jornalista Jessica Silva, em reportagem da Agência Mural, foi apresentado um documento à prefeitura, em que membros organizados da sociedade civil sugerem que a mudança do nome da maternidade seja para Aline Souza Matos, médica na área da saúde mental na cidade, morta em janeiro deste ano em decorrência de complicações da Covid-19.
Data do mesmo período do documento um abaixo assinado digital criado pela ativista social Cintia Secario, de 44 anos. No abaixo-assinado, a mensagem é enfática na exigência de igualdade de gênero.
“Nós mulheres de Mogi das Cruzes não aceitamos que a futura maternidade tenha o nome de um homem como homenagem. Respeitem a história das mulheres de nossa cidade, que precisam ser lembradas e eternizadas”. Aexigência foiassinada por 1561 pessoas até a tarde deste sábado, e tenta alcançar o patamar de 2500 apoiadores.
À Agência Mural, a vereadora Inês Paz (PSOL), endossou a propositura. “Não é que a gente seja contra o homenageado, mas pela lógica tinha que ser uma mulher”, afirmou.
A Prefeitura de Mogi das Cruzes reiterou que o nome da maternidade foi decidido pela gestão anterior. “Como se trata de um assunto que envolve múltiplos atores do município, qualquer medida depende de um amplo debate com a sociedade e também com os atuais vereadores”, disse o órgão.
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