INTRIGANTE

Litoral norte de São Paulo está na mira de OVNIs desde a década de 1920

Suposta existência de base submarina de discos voadores, em ilha de Ilhabela, pode ser a causa dos avistamentos, segundo ufólogos

Reginaldo Pupo
Publicado em 11/09/2024, às 15h44 - Atualizado às 16h00

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César Miglioranza mostra direção pela qual viu aproximação de um disco voador em Caraguatatuba - Divulgação
César Miglioranza mostra direção pela qual viu aproximação de um disco voador em Caraguatatuba - Divulgação

Em agosto deste ano, o Arquivo Nacional divulgou relatos de pilotos brasileiros reportados aos Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindactas) a respeito de avistamento de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs). Somente no ano passado, cerca de 30 registros foram feitos ao órgão vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB). O assunto desperta  curiosidade e, no litoral norte de SP, de certa forma, é bem comum. 

Os primeiros relatos de supostas aparições de OVNIs no litoral norte surgiram, com mais intensidade, a partir de novembro de 2022, mesmo período em que diversas luzes foram avistadas por moradores e pilotos da aviação civil em Porto Alegre (RS), durante uma semana. 

De acordo com ufólogos, os primeiros registros no litoral norte de SP datam da década de 1920. Ainda segundo os especialistas e relatos de moradores, também há registros de OSNIs (Objetos Submarinos Não-Identificados), ou seja, que ocorrem no mar.

As luzes nos céus, que fazem evoluções rápidas em todas as direções e com cores variadas, teriam sido avistadas em Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba. Testemunhas afirmam que fenômenos surgem em trechos da Serra do Mar e sobre o mar, a poucos metros das praias.   

O caso mais recente registrado por ufólogos ocorreu em 31 de dezembro de 2022, pouco antes da virada do ano, por volta das 23h. O morador  Guilherme Miranda observou e filmou um suposto OVNI na praia do Perequê-Açú, bairro localizado a cerca de 1,5km do centro de Ubatuba. Segundo ele, era uma forte luz avermelhada no céu, diferente de avião ou drone. Ele e um amigo apontaram um laser em direção ao objeto voador, que “começou a tremer e de repente sumiu”.

No mesmo período, um morador de Caraguatatuba também afirmou ter avistado um OVNI da janela do prédio onde reside, no centro da cidade. A forte luz estava sobre o mar, na avenida da praia, por quase 20 minutos, fazendo algumas evoluções eventualmente. Miranda teve tempo suficiente para fazer uma sequência de vídeos e fotos do que, supostamente, seria um OVNI. Pelas imagens, é possível observar uma luz, esbranquiçada, pairada sobre a cidade.

Alta incidência

O ufólogo Edison Boaventura Júnior, diretor do GUG (Grupo Ufológico de Guarujá), que pesquisa os fenômenos na região há cerca de 40 anos, tem a seguinte tese: “Existe uma alta incidência destes objetos desconhecidos entrando e saindo do mar, o que sugere a existência de alguma base de operações submarina na região. Esta hipótese ganha força quando nos deparamos com dezenas de casos de testemunhas que descrevem a entrada e saída destes aparatos nas águas das praias do litoral norte”.

Segundo moradores que vivem nas ilhas de Búzios e Vitória, pertencentes ao arquipélago de Ilhabela, os objetos entram e saem do mar, com frequência, em um trecho do mar localizado a cerca de quatro quilômetros a leste da ilha Sumítica, localizada próxima às duas primeiras ilhas. 

O GUG afirma que já registrou e catalogou aproximadamente 400 casos, que tiveram como palco o litoral norte e, também, alguns municípios do litoral sul, envolvendo vários graus de contatos ocorridos a partir da década de 1920. 

Boaventura diz acreditar que muitos avistamentos não são divulgados, pois as testemunhas temem ser ridicularizadas. “Os OVNIs aparecem frequentemente na região do litoral norte, com várias testemunhas, mas elas acabam não divulgando  para não se passarem por pessoas desajustadas e loucas. Geralmente, contam apenas para parentes e amigos mais próximos”, defende. Ele afirma que teve sua primeira experiência com OVNIs no litoral norte em 1981.

Na imprensa nacional

Apesar de os registros de ufólogos indicarem o surgimento de OVNIs desde a década de 1920, no litoral norte de São Paulo, foi a partir da década de 1950 que os relatos passaram a ser registrados, inclusive, pela imprensa nacional da época.

Um dos casos mais antigos e emblemáticos da ufologia brasileira ocorreu em 1957, quando um “disco voador” explodiu na praia das Toninhas, em Ubatuba, em plena luz do dia, diante de várias testemunhas. Fragmentos da suposta nave foram recolhidos e pesquisados por diversos órgãos nacionais e internacionais, que chegaram à conclusão de que o material não existe na tabela periódica.

Fragmentos de OVNI que explodiu em praia de Ubatuba em 1957 - Divulgação (3) (1)
Fragmentos de OVNI que explodiu em praia de Ubatuba em 1957 - Divulgação

OVNIs na Regata Santos-Rio

Tripulantes do veleiro oceânico Montecristo avistaram e filmaram um suposto OVNI por dois dias seguidos, em 27 e 28 de outubro de 2007, durante a Regata Santos-Rio naquele ano. O primeiro avistamento ocorreu por volta das 19h20, entre  Bertioga e São Sebastião, rumando para Ilhabela. Segundo a tripulação, composta por 12 integrantes, o objeto tinha uma cor que variava do amarelo para alaranjado, de formato lenticular (de redondo para oval), e estava estático. Seguidamente, ele aparecia e desaparecia, segundo os velejadores.

“A segunda aparição ocorreu por volta das 19h40 do dia seguinte e estávamos a cerca de 20 milhas fora da costa (32km de distância), entre Ubatuba e Paraty. O objeto também era de cor amarelada e alaranjada e de formato lenticular”, explicou à época o tripulante Mário Bueno, que morreu em 2022. Segundo ele, desta vez, o OVNI apareceu no horizonte, a leste da embarcação, seguindo na direção norte e nordeste, “em uma velocidade mais rápida que um avião”. De acordo com Bueno, o aparelho desacelerava e acelerava constantemente.

“Às vezes, ele quase parava totalmente e efetuava algumas subidas e descidas curtas e rápidas. Momentos antes de desaparecer emitiu um intenso flash de luz amarela opaca, causando espanto e euforia em todos da tripulação. Em seguida desapareceu totalmente para aparecer novamente alguns minutos depois em outra posição bem mais à esquerda da posição original. Foi quando conseguimos capturar apenas alguns segundos em vídeo. Preservamos o áudio original para que todos pudessem perceber as reações das pessoas a bordo”.

Ilhabela, junho de 1996

Em Caraguatatuba, um disco voador pousou no início da madrugada em plena praia do Porto Novo, um dos bairros mais populosos da cidade, em 21 de junho de 1996. Era por volta de 0h15 quando o ex-projetista da Embraer César Miglioranza e sua mulher Marisa teriam visto a nave. Segundo ele, minutos antes, viu uma luz forte vinda de Ilhabela em direção à praia. A nave teria pousado a alguns metros de onde o casal se encontrava; o objeto era discoide e luminoso, de aproximadamente cinco metros de diâmetro e flutuou silenciosamente sobre a praia, descendo lentamente na vertical até tocar a areia. Durante a descida, a nave desligou a luz forte na tonalidade branca brilhante, a cerca de 50 metros de altura, quando então acendeu quatro luzes fracas alaranjadas.

“Era um disco e de repente surgiram dois seres de aproximadamente 1,20 metro de altura, cabeça desproporcional ao corpo, vestindo roupa prateada folgada. Em certo instante, um deles se abaixou como se pegasse algo no chão”, relatou Miglioranza à época, aos ufólogos do GUG, que estiveram no local para investigar o caso. O disco ficou na praia por 10 minutos, afirmou.

Em novembro de 2009, José Aparício de Oliveira fotografou um estranho disco voador nos céus de Ubatuba. Ele estava passando um final de semana no centro da cidade quando observou o estranho objeto que voava nos céus, sem nuvens. “Quando olhei para o céu, logo percebi que era algo diferente, pois o formato era de um disco voador. Tinha uma luz branca em um dos lados e dava a impressão de que girava no próprio eixo. Ele voava de um lado para o outro e ficou poucos segundos, quando peguei a câmera e bati a primeira foto. Aquele disco parece que percebeu minha intenção e foi se afastando na vertical e ganhou altura rapidamente sumindo rumo ao espaço”, disse José Aparício.

Outra testemunha que afirmou ter avistado OVNIs no litoral norte foi a escritora Lygia Fagundes Telles, que faleceu em abril de 2022. Ela estava na praia do Matarazzo, em Ubatuba, em 5 de fevereiro de 1979, acompanhada pelo então marido Paulo Emílio Salles Gomes. O casal estava no terraço quando Gomes viu uma luz branca intensa, por volta das 15h, que se deslocava para várias direções, por cima do mar. A escritora dedicou um capítulo intitulado Disco Voador em seu livro 'A Disciplina do Amor',  para contar sua experiência.

Ainda em Ubatuba, em 14 de abril de 2017, por volta das 18h, o morador Marcos Ferreira avisou um OVNI na praia do Perequê Mirim. “Estávamos em casa quando de repente uma bola de luz vermelha bem intensa surgiu no céu e lentamente desceu como se fosse pousar e sumiu no ar”. Foram duas aparições em um intervalo de 30 minutos, segundo ele. 

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