Gaema pede interrupção de empreendimento de gás natural na Baixada Santista

MPSP
Publicado em 18/12/2020, às 16h00 - Atualizado às 16h00

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5d93b6b7843e1_3 - Reprodução
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O Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) ajuizou uma ação civil pública com pedido de tutela de urgência para que sejam interrompidas as obras do Projeto Estrutural de Suprimentos de Gás na Baixada Santista. O empreendimento prevê a instalação de um terminal portuário para estocagem e vaporização de gás natural liquefeito (GNL) em navios, um gasoduto marítimo e terrestre e um City Gate em Cubatão para a distribuição do gás. 

A inicial da ação cita pareceres técnicos do Caex, que revelaram diversos riscos nas instalações, dentre eles potenciais danos à população exposta permanentemente às ameaças de incêndios e explosões de gás natural. A Promotora de Justiça Almachia Zwarg Acerbi, que assina a inicial, aponta que o risco de acidente com vítimas fatais poderia ser evitado se o empreendimento estivesse em local afastado da costa.

As irregularidades são de responsabilidade da empresa TRS - Terminal de Regaseificação de GNL de São Paulo S/A, do município de Santos e da Cetesb. A investigação do caso iniciou-se em 2018 com um inquérito civil para acompanhar o licenciamento ambiental. 

O projeto prevê a passagem dos navios metaneiros pelo canal de Santos, a transferência e regaseificação do gás natural no terminal, o transporte por gasoduto com trechos próximos de áreas de moradia e indústrias, além de operações de reaquecimento, redução de pressão, odorização e distribuição do gás em um City Gate, às margens da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, que possui tráfego intenso de veículos.

Pelo MPSP foi ressaltado que outro ponto crítico é o trajeto dos navios metaneiros, que irão percorrer toda a extensão do canal de Santos por aproximadamente 15 km, próximos da costa e sem uma análise de risco de eventual colisão ou abalroamento.

Dentre os impactos ambientais apontados na inicial estão a dragagem da área destinada ao terminal; a disposição final do material removido; o lançamento contínuo dejetos contendo hipoclorito de sódio nas águas marinhas, atingindo diretamente local importante para a vida de aves, e o aumento de poluentes atmosféricos.

O terminal marítimo foi projetado para ocupar a área Porto de Santos nas proximidades da Ilha dos Bagres e fora dos limites do porto organizado. O gasoduto deverá, em seus trechos marítimo e terrestre, atravessar importantes áreas de manguezais, rios da Baixada Santista, Área de Preservação Ambiental Marinha do Litoral Centro e as Zonas de Amortecimento do Parque Estadual Serra do Mar Núcleo Itutinga Pilões e do Parque Estadual Xixová–Japuí, além de ferrovia e rodovia.

Nos pedidos à Justiça, o Gaema ressalta que devem ser feitos estudos adequados, que respeitem o manual da Cetesb, principalmente nos aspectos mais críticos apontados na ação e que o empreendimento deve contemplar alternativas tecnológicas e locacionais.

A ação também pleiteia a indenização por danos materiais e morais coletivos para reparar os prejuízos ao meio ambiente e “indenização pelo dano moral, diante da tensão que o empreendimento enseja a toda população da Baixada Santista, que perde a tranquilidade ao saber que existe um ‘navio bomba’, em plena atividade, tão próximo de seus lares e familiares”.

Fonte: MPSP

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