CARINHO

Estudante de veterinária eterniza amor por saruê em tatuagem

Estagiária do Parque Ecológico Voturuá integra equipe que cuida do marsupial para sua devolução à natureza

Marina Aguiar
Publicado em 17/06/2020, às 14h50 - Atualizado em 23/08/2020, às 23h35

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Divulgação
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Astro de uma live nas redes sociais do Parque Ecológico Engenheiro Tércio Garcia (Parque Voturuá) no início de junho, o saruê Saulo, que arrancava suspiros dos visitantes do zoológico, passou também a encantar os internautas.

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Na transmissão, a estudante de medicina veterinária Giulia Valim Frederico, 21, surpreendeu os espectadores pelo conhecimento e dedicação ao animalzinho. O amor é tanto, que a estagiária tatuou o mamífero no antebraço.

Lidar com a vida animal exige muita entrega, paciência, estudo e preparo psicológico, já que, muitas vezes, os animais chegam debilitados até os profissionais de veterinária e de biologia. No caso de Saulo, seu destino é a natureza e, apesar de ser uma espécie de fácil domesticação e interação dócil, pertence à classe de animais silvestres, expirando cuidados específicos.

“É muito fácil criar vínculo com eles e isso até dificulta na reabilitação. Nossa convivência começou quando ele tinha duas semanas de vida. Cuido dele desde então. Ele precisou de muitos cuidados. Tomava leite na seringa a cada hora e preparamos uma incubadora para que ele ficasse quentinho, já que era muito pequeno. Além disso, tomava sol de manhã todos os dias e recebia os demais cuidados necessários com filhotes”, lembra Giulia.

A futura veterinária, que está no penúltimo ano do curso, estagia no Parque Voturuá há um ano e trabalha com uma ampla equipe que garante a excelência no cuidado com os animais. “É maravilhoso ver os nossos estagiários trabalhando com tanto carinho. Existe a busca pelo conhecimento. Estagiar em um zoológico é uma oportunidade que muitos desejam, mas, quando chegam e veem que é mais do que apenas ficar perto, fazer carinho e tirar foto, muitos desanimam. O que queremos é incentivar o estudo e, que estejam a par da dinâmica que envolve a biodiversidade”, ressalta Sandra Peres, 54, professora universitária e médica veterinária do Parque há 20 anos. 

Saulo, agora com oito meses, se perdeu da família ao cair das costas da sua mãe. Como era muito novo, não tinha condições de sobreviver sozinho na natureza. Por passar muito tempo no convívio humano, é necessário inserir na rotina do bichinho algumas técnicas que estimulam a autonomia, para que ele tenha a chance de ser devolvido ao seu ambiente natural. “A Giulia e a Sabryna Mühringer (também estagiária), se revezam para colocá-lo diariamente na beira da mata, incentivando-o a se exercitar e buscar seu próprio alimento. É fato que ele ainda recebe comida picada e cozida, mas, aos poucos, essa dinâmica será modificada”, explica Sandra.

Sabendo que o melhor para o saruê é seu habitat de origem, toda a equipe não mede esforços para que o retorno aconteça. “Ele foi meu primeiro contato direto com um animal silvestre, então me marcou bastante. Cuidei e cuido dele como um filho. O amor que sinto é igual ao que tenho por meus cachorros. Aprendi e aprendo muito com ele todos os dias. Sempre procuro inúmeras formas de melhorar a qualidade de vida e ajudar na reabilitação. Mesmo sendo muito apegada ao Saulo, meu sonho é que ele retorne para a natureza. Por isso, fiz a tatuagem no braço, para que ele fique eternizado em mim, pois sei que um dia ele não estará mais comigo”, revela Giulia.

Integrante da família dos gambás (uma das quatro no país) e pertencente a um dos 250 tipos de espécie dos marsupiais, mesma dos cangurus, Saulo está se tornando uma imagem ligada a favor da conservação dessa espécie pouco compreendia e, por isso, vitima de constantes agressões, que normalmente culminam na morte desses animais. Sandra ressalta importância da difusão do conhecimento, para evitar situações de violência. “Giulia e Sabryna, embora não sejam as únicas estagiárias dedicadas, revelam-se exemplos de graduandos sensíveis à necessidade de ampliarmos as ações de educação ambiental, visto que ambas dispõem- se a explicar, com muito amor e paciência como lidar com essa espécie”.

O Parque Ecológico Voturuá conta com uma excelente equipe de estagiários de biologia e veterinária, além de Giulia e Sabryna, 12 outros estudantes desempenham a função com a mesma dedicação e entrega. 

Caso você encontre um saruê no caminho, não é necessário temer, como recomenda Giulia. “O ideal é não mexer com o animal. Muitas vezes eles só estão atrás de comida e não apresentam nenhum perigo. Caso ele apareça na sua casa, tente cercar o animal e acione a Guarda Ambiental (199) para que façam o resgate”.

Lives - Com o isolamento social ocasionado pelo novo coronavírus, um dos destinos favoritos dos vicentinos e moradores da Baixada Santista teve que fechar as portas para visitantes. Para manter a população presente e ajudar a matar a saudade dos que visitavam os animais com frequência, a estudante de veterinária Sabryna Mühringer sugeriu que o Parque Ecológico Voturuá realizasse transmissões ao vivo, mostrando a alimentação dos bichinhos.  A ideia, logo foi aceita e os seguidores das páginas do Facebok e Instagram do zoológico acompanham e tiram suas dúvidas sobre as espécies.

Outras transmissões serão realizadas em breve, pelas páginas do zoológico no instagram (@zoovoturua) ou no (facebook Pecol Voturuá, onde é possível assistir às lives anteriores).

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