Chegou! Só que não

Enfermeira denuncia agressão por falta de vacina de covid-19 para idosos

Doses de Coronavac recebidas por municípios foi menor do que o solicitado ao governo do estado e apenas profissionais de Saúde são vacinados neste primeiro momento

Eleni Nogueira
Publicado em 21/01/2021, às 11h03 - Atualizado às 15h14

FacebookTwitterWhatsApp
Governo SP
Governo SP

As tão esperadas vacinas contra a covid-19, no momento a Coronavac, finalmente chegaram às cidades da região e a vacinação de profissionais que atuam na linha de frente foi iniciada na quarta-feira, 20.

No entanto, a reduzida entrega de doses não é suficiente nem mesmo para atender todos os profissionais de Saúde das unidades e deixou de fora a outra parte do público prioritário desta primeira fase: idosos, indígenas e quilombolas. O resultado disso já começou a aparecer, idosos indo aos hospitais em busca da vacina, que ainda não está disponível.

Em uma rede social, a enfermeira Maria Carolina Novaes, de Santos, publicou sua indignação com a falta de informação sobre o assunto e denunciou ter sido agredida verbalmente: “Hoje fui chamada de vadia para baixo, porque um senhor veio no sol e caminhou até a unidade e, segundo ele, estava sem sair de casa desde o início da pandemia. Quando chegou, exigiu a vacina dele, pois viu que no jornal, a cidade de Santos recebeu ontem”.

Ainda segundo a enfermeira, outras dezenas de pessoas idosas foram à unidade onde ela atua, no entanto, conforme escreveu, “mais compreensivos”. Ela ainda deu um recadinho aos governantes: “ (...) enquanto vocês colhem os louros, quem apanha é o profissional da vacina. Como sempre a enfermagem se ferra”.

Outro profissional de Saúde comentou na postagem: “paciente me parou hoje no corredor, fazendo a mesma pergunta. Falei que seria só profissionais e ainda assim não seria na unidade e sim em polos da cidade. Ele respondeu que ele vai ficar indo todos os dias na unidade até tomar vacina, porque sempre tomou da gripe nas unidades... Difícil, heim...".

Em contato com nossa redação Maria Carolina Novaes desabafou: “Gostaria que as prefeituras fossem mais claras, pois a população está assustada, ainda mais os mais idosos que tinham vida ativa. Santos concentra o maior número de idosos da região”.

Participe dos nossos grupos ➤ http://bit.ly/CostaNorteInforma 📲 Informe-se, denuncie! 🔵

Inicialmente, os planos de vacinação do governo do estado incluíam idosos, indígenas e quilombolas nesta primeira fase, mas, o reduzido número do produto (algumas cidades receberam apenas 5% do solicitado), fez com que o governo do estado abrisse mão de seu plano de vacinação e as cidades terão que aguardar a distribuição de novas doses pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, ainda sem data prevista.

São Paulo começou a vacinar os profissionais de Saúde contra a covid-19 no domingo, 17, logo após a aprovação do uso emergencial da vacina do Instituto Butantan pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

LEIA TAMBÉM ➤ Bertioga inicia vacinação de profissionais de saúde

LEIA TAMBÉM ➤ Volta as aulas presenciais: você vai mandar seu filho pra escola?

O Instituto Butatan produziu inicialmente 6 milhões de doses da vacina Coronavac, das quais o governo de São Paulo encaminhou 4,6 milhões ao Ministério da Saúde e segurou 1,4 milhões de doses para a vacinação no estado. Santos havia solicitado 104,419 doses da vacina, das quais 23,885 para os profissionais de Saúde e 80.534, para idosos. Mas recebeu apenas 9,560.

Preocupado com a continuidade da imunização no estado e no país, o Instituto Butantan já pediu à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o registro emergencial para um segundo lote de 4,8 milhões de novas doses da vacina contra o coronavírus desenvolvida pela instituição em parceria com a biofarmacêutica Sinovac.

A Coronavac

A Coronavac é desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a biofarmacêutica Sinovac Biotech.  De acordo com o governo estadual, 94,7% dos voluntários não tiveram evento adverso. Dos que apresentaram alguma reação, 99,7% relataram sintomas de baixa gravidade, como dor no local da injeção e dor de cabeça leve. Artigo publicado na revista científica The Lancet apontou que a vacina do Butantan produziu resposta imune em 97% dos participantes dos estudos.

A taxa de eficácia da vacina Coronavac, segundo os estudos realizados, é de 50,38%, ou seja, de cada cem pessoas vacinadas que tiveram contato com o vírus, 50,38% não manifestaram a doença. Dentre os que ficaram doentes, a vacina reduziu em 78% a chance de ter uma doença leve, que precise intervenção médica.

Comentários

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!