DENÚNCIA

Empresário denuncia esquema de fraude bizarro aplicado em app de entregas em SP

Restaurantes sofrem prejuízo de 100% com fraude aplicado por meio do aplicativo Rappi. Pedido é feito de forma indireta por ligação, motoboys fazem um novo pedido na hora da retirada e o prato anterior nunca é retirado

Da redação
Publicado em 15/04/2021, às 14h27 - Atualizado em 16/04/2021, às 09h45

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Empresário denuncia esquema de fraude bizarro aplicado em app de entregas em SP - Divulgação/Rappi
Empresário denuncia esquema de fraude bizarro aplicado em app de entregas em SP - Divulgação/Rappi

Um empresário denunciou o esquema fraudulento aplicado por um aplicativo de entregas na cidade de São Paulo. Pedro Bichir é proprietário de dois restaurantes e, há semanas, sofre prejuízo com a prática de uma rede que deveria agilizar o atendimento restaurante/cliente, mas acaba prejudicando comerciantes.

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Bichir relatou alguns golpes aplicados por aplicativos em 25 de março e, nesta quinta-feira (25 de abril), voltou a denunciar golpes aplicados em seus restaurantes. "Parece que tô fazendo militância contra aplicativos, mas nao é. Acho que os aplicativos são grandes aliados, principalmente neste período de pandemia, mas acho que precisa de uma relação de parceria mais honesta", declarou.

Desta vez, Bichir trouxe à tona uma situação na qual é vítima por parte da plataforma Rappi. "Meus restaurantes não têm cadastro ou convênio com a Rappi e a gente começou na receber na última semana pedidos da Rappi aqui no nosso restaurante. Depois de muitas ligações, conversas com clientes, motoboys e todo o pessoal da cadeia, entendemos o que está acontecendo".

Ele explica todo o processo: "Você entra no app da Rappi procura o nosso restaurante e encontra o nosso restaurante, como se ele realmente tivesse um cadastro completo na Rappi. Tem as opções, valores, aparentemente tudo certinho. Mas, pra começar, o cardápio está desatualizado há meses, os valores nao condizem e as opções do cardápio também não condizem com as que temos hoje", afirmou.

Segundo Bichir, o cardápio de seu restaurante muda frequentemente, assim como os preços. "Tem um lembrete bem no topo do app, do lado do nosso nome, dizendo que a gente nao é afiliado da Rappi. Mas como não conhece, você prossegue pra garantir o almoço com seu pedido. Pedido feito, a rappi te avisa que a sua refeição tá em preparo pelo restaurante".

Nesse meio tempo, o restaurante recebe uma ligação em nome do cliente que pediu no app. "Se você é o João, a gente vai receber uma ligação: 'Oi, é o João e eu quero fazer um pedido'. Sim, é em seu nome e a Rappi fala que ela é você, sem mencionar em nenhum momento o aplicativo", denuncia.

Em seguida, a empresa combina a retirada em 15 ou 20 minutos. "Na hora que a gente pede um número de contato, eles passam um número aleatório da central Rappi, que nunca dá em nada. Isso a gente foi descobrindo aos poucos. E, como qualquer outro pedido por telefone, a gente prepara e deixa pronto pra retirada, seguindo o horário combinado".

"O motoboy chega mostrando na tela um pedido na Rappi que ele fez e a gente não recebeu. A gente explica que é impossível, que a gente nao tem cardápio no aplicativo, que a gente não tem cadastro. O motoboy fala que ele vai passar no cartão Rappi - pra quem é usuario sabe que a rappi tem um cartão corporativo, que fica com os motoboys. O motoboy fala que tem valor liberado no cartão, a gente lança o pedido pra cozinha sem saber o nome do cliente. Se a gente soubesse ainda o nome do cliente: 'Entrou mais um pedido do João', mas ele não passa o nome do cliente, eles mandam o motoboy chega pra fazer uma compra, a gente prepara esse segundo pedido pra entregar pro motoboy", explicou.

"Na hora de pagar o valor não bate, o valor aprovado pra compra não é o valor atual dos nossos pratos. Aí a gente tem que dar um desconto pro motoboy passar o cartão, ainda sem saber o que está por vir. O pedido feito lá atrás pra retirada, por telefone, ele nunca vai ser retirado, porque o motoboy que veio fazer a retirada fez um novo pedido com a gente. Além de ter dado o desconto dos produtos que estavam desatualizados no pedido da Rappi, a gente ainda morreu com um pedido completo, prejuízo de 100%", lamentou o empresário.

"Na minha opinião, é uma prática, no mínimo, duvidosa. Fica meu alerta: se você quer fazer um pedido com a gente chama no Whatsapp, liga no telefone ou procure outros aplicativos que sejam conveniado com os meus restaurantes".

Pato Rei

Um outro restaurante utilizou as redes sociais para relatar outra situação vivida no aplicativo. O restaurante Pato Reis, ao contrário do estabelecimento de Pedro Bichir, é cadastrado na Rappi, mas enfrenta problemas na busca por entregadores. "Tem acontecido uma vez por semana: a plataforma não encontra entregador, ou o entregador não chega nunca, e o pedido é cancelado. A gente reclama com a Rappi e tudo que eles dizem é para ficarmos tranquilos porque seremos ressarcidos do valor do preparo. Mas pô, a gente não fica tranquilo não! É o almoço de alguém que foi pro espaço, a expectativa quebrada e um cliente que provavelmente nunca mais pensa no Pato", lamentou o proprietário.

Empresário denuncia esquema de fraude bizarro aplicado em app de entregas em SP (Reprodução/Instagram)

"Não que a culpa seja exatamente nossa. Sim, nós aceitamos entrar na Rappi. Cássio, Bruna, nos desculpem! Se vocês lerem essa mensagem, dêem um toque aqui, vamos tentar melhorar essa experiência! Aliás, esse é outra coisa ruim da Rappi: a gente simplesmente não consegue entrar em contato com os clientes! Meio triste", descreveu, sugerindo a utilização do aplicativo próprio do restaurante.

Rappi

A reportagem tentou entrar em contato com os meios de comunicação da Rappi, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

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