DESVALORIZAÇÃO

Delegados de Polícia do Estado de São Paulo iniciam 2021 com o pior salário do Brasil

Levantamento feito pelo Sindpesp aponta que o Estado mais rico paga a menor remuneração do país para seus delegados

Da redação
Publicado em 04/01/2021, às 16h51 - Atualizado às 17h06

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Presidente da Sindpesp, Raquel Kobashi Gallinati Delegados de Polícia do Estado de São Paulo iniciam 2021 com o pior salário do Brasil - Divulgação
Presidente da Sindpesp, Raquel Kobashi Gallinati Delegados de Polícia do Estado de São Paulo iniciam 2021 com o pior salário do Brasil - Divulgação

O delegado de polícia que inicia 2021 no Estado de São Paulo vai receber o pior salário entre os profissionais de todo o Brasil. A remuneração dos delegados paulistas é de R$ 10.382,48, segundo levantamento feito pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo. Como comparação, no Mato Grosso, que paga o melhor salário do país, o valor é de R$ 24.451,11.

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O resultado do levantamento, concluído no final de dezembro de 2020, aponta a desvalorização da segurança pública paulista, em um desmonte que ocorre há mais de anos por parte do governo do estado, mas se acentuou rapidamente na gestão Doria, conforme explica o sindicato.

“No mesmo mês em que o Sindpesp chegou ao lamentável resultado que colocou os delegados paulistas na lanterna dos salários, o Governo do Estado mandou para a Assembleia Legislativa um projeto de orçamento de R$ 246,3 bilhões para 2021, que coloca São Paulo disparado como o estado mais rico do Brasil”, apontou Raquel Kobashi Gallinati, presidente do Sindpesp. O segundo estado com mais recursos, Minas Gerais, prevê gastos de R$ 121,9 bilhões, menos da metade do valor paulista.

Os salários de investigadores e escrivães, levantados pelo Sindpesp, também colocam São Paulo entre os piores salários da federação. Com valor inicial de 3,931,18, estão à frente apenas de Pernambuco, Santa Catarina, Alagoas e Ceará.

A Polícia Civil paulista tem previsão de 41.912 cargos. Atualmente, 27.464 estão ocupados, o que representa somente 65,5%. “Faltam 14.448 policiais civis em São Paulo. Ou seja, trabalhamos com recursos humanos 34,5% abaixo do número ideal, o que causa sobrecarga de trabalho, estresse e reflete diretamente na qualidade da segurança pública para o povo paulista”, explica Raquel Gallinati.

Os dados salariais foram levantados em todos os estados da federação, com informações de portais da transparência, setores de recursos humanos das secretarias de segurança e diários oficiais.

Dados de Pernambuco apontam que o salário inicial do delegado efetivo é de R$ 19,793,57. Durante o estágio probatório, o valor é de 9.069,81, passando para o salário inicial assim que o profissional é efetivado.

Desde 2017, o Sindpesp faz o levantamento dos recursos humanos da Polícia Civil paulista. Os dados podem ser acompanhados mensalmente no site www.sindpesp.org.br, no Defasômetro.

Segundo o sindicato, durante sua campanha eleitoral, o governador João Doria prometeu que os policiais paulistas estariam entre os mais bem remunerados do país. Em seu primeiro ano à frente do estado, não houve alteração nos salários.

Em janeiro de 2020, foi oferecida uma recomposição salarial de 5%, que na realidade resultou em perda salarial, em função do aumento da alíquota da previdência estadual.  “Com o início da pandemia, o governador passou a justificar que não poderia conceder reposição salarial, apesar dos policiais estarem trabalhando na linha de frente, nas ruas, enfrentando os riscos inerentes da profissão e o covid-19”, explicou a presidente do Sindpesp.

“Pelo descaso do governo, a população do estado de São Paulo está à mercê da criminalidade, apesar dos esforços do efetivo da Polícia Civil. Não temos condições para fazer o trabalho que a população de São Paulo merece, que é um trabalho de excelência”, completou Gallinati.

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