Covid-19: Programa Café da Manhã une primas em momento de dor e medo

Moradora de Santos afirma que foi o "agir de Deus" que a fez sintonizar no programa e ajudar a prima, de Bertioga, que relatava sintomas de covid-19

Eleni Nogueira
Publicado em 13/07/2020, às 07h29 - Atualizado em 24/08/2020, às 08h14

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Arquivo pessoal/Divulgação
Arquivo pessoal/Divulgação

Os relatos emocionados de Ederlaine Soares Terra, 42 anos, e Clemilda Rodrigues da Silva, 50, mostram bem a carga de emoção, medo e alívio embutida nestes tempos de pandemia de covid-19. Nesta história de duas mineiras, moradoras de Santos e Bertioga, respectivamente, o Programa Café da Manhã, da TV Cultura Litoral, foi o meio encontrado por uma, para ajudar a outra, já que ambas não se vêem desde que saíram da terra natal, Eugenópolis. 

Ederleine Soares mora em Santos, há cerca de três anos, e só tem contato com a prima pelo WhatsApp. Foi pelo aplicativo que ela ficou sabendo que Clemilda, moradora do bairro Maitinga, em Bertioga, não estava bem de saúde e acompanhou, por meio de áudios, os dolorosos relatos de uma possível contaminação pelo novo coronavírus.  

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Em um deles, Clemilda diz que sente muita dor nas costas e muito cansaço. Quase sem voz e com a respiração muito ofegante ela relata febre,  dor nas costas, no peito e falta de ar. "Oi prima, não estou bem. Ontem de madrugada eu lutei com uma falta de ar terrível; eu lutei com a morte. Parece que minhas costas secou a carne, ficou só o osso e dói, dói muito".  Ela ainda disse sentir muito frio, tremores por todo o corpo e dificuldade para ficar em pé.

Foram vários áudios, por meio dos quais, Ederlaine acompanhava à distância o sofrimento da prima, que disse ter feito um exame para covid-19, o qual deu negativo, e exames para os rins, orientada pelos médicos. Depois, segundo ela contou a prima em dos áudios, foi a um médico particular, onde um novo teste teria acusado positivo para a covid-19. Foi orientada a ficar em casa e, depois de 48 horas, mesmo com medicamentos, o estado de saúde piorou e ela não tinha condições de ir ao médico.

De acordo com Ederlaine, na quinta-feira, 9, à noite a prima teria  ligado para o 192 e sido informada de que não havia vaga no hospital.  Ela então ficou angustiada e muito preocupada, sem saber o que fazer para ajudar. Disse que foi dormir "pedindo ajuda a Deus". 

Na sexta-feira, 10, o programa Café da Manhã, da TV Cultura Litoral, foi o ar com os convidados Valter Campoi, secretário de Saúde de Bertioga,  e Rodrigo Betarelli, diretor do Hospital Bertioga. Em Santos, Ederlaine sintonizou na programação pela primeira vez, e ao ver um número de telefone disponível na tela entrou em contato com a produção para pedir ajuda. "A pessoa que recebeu respondeu que iria passar para os entrevistados. Daí entraram em contato com minha prima, foram na casa dela e já levaram ela pro hospital. Foi sorte eu ligar a TV neste programa que eu nunca tinha assistido antes? Não! Foi o agir de Deus. Eu falei com Deus, que precisava ajudar minha prima de alguma forma, mesmo estando de longe, e Deus me atendeu", relata emocionada. 

Diagnóstico negativo para Covi-19

A reportagem entrou em contato com a prefeitura, na sexta-feira, 10, para acompanhar a situação de Clemilda e, de acordo com a Assessoria de Imprensa, a Vigilância Sanitária foi até a residência dela e a submeteu ao teste rápido para covid-19, que deu negativo. Mas, como reclamava de alguns sintomas, foi orientada a ir ao Pronto Socorro, onde foi constatado que estava muito desidratada, apneica (falta de ar) e com dor nas costas; ela relatou estar com os tais sintomas há 19 dias. Por conta disso, foi medicada com soro e ficou em observação. Ainda de acordo com a prefeitura, o quadro de Clemilda pode ser psicológico e ela foi orientada a procurar um médico. 

Nesta segunda-feira, 13, por WhatsApp, Clemilda informou que continua com os sintomas. Disse que tem uma doença grave nos rins e ficou muito pior nestes últimos dias. "Eu fico mal de vez em quando, mas isso que estou sentindo é diferente, muito ruim. Tem quatro dias que estou sem fome, não consigo comer, a dor de cabeça vai e volta", relatou, ainda com voz ofegante. 

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