DIVERSIDADE

Comissão de Valores Mobiliários Brasileira aprova critérios de diversidade

O que isso significa para as mulheres na liderança? Com a aprovação da proposta da B3, as mulheres líderes podem esperar mais oportunidades de entrar na alta administração em um futuro próximo

Da redação
Publicado em 08/08/2023, às 08h31 - Atualizado às 11h34

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Uma análise das mulheres em níveis gerenciais mostra que 49,8% são mulheres brancas, enquanto apenas 4,6% são mulheres negras. image Mulheres de braços cruzados - Reprodução/Pexels
Uma análise das mulheres em níveis gerenciais mostra que 49,8% são mulheres brancas, enquanto apenas 4,6% são mulheres negras. image Mulheres de braços cruzados - Reprodução/Pexels

Espera-se que empresas de capital aberto implementem melhores práticas de diversidade o mais rápido possível. Em 20 de julho passado, a Comissão de Valores Mobiliários aprovou uma proposta da B3, a principal bolsa financeira do Brasil. Essa proposta criou regras para aumentar a diversidade nas empresas, solicitando especificamente que cada negócio tenha pelo menos dois representantes "diversos" em seu Conselho de Administração. Esses indivíduos incluem mulheres, pessoas de cor, indígenas e membros da comunidade LGBTQIA+.

Já que as mulheres estão entre esses indivíduos diversos, o que essa aprovação significa para elas? Continue lendo abaixo para descobrir como os critérios de diversidade afetarão as mulheres na liderança:

Mais mulheres líderes na alta administração

Com a aprovação da proposta da B3, as mulheres líderes podem esperar mais oportunidades de entrar na alta administração em um futuro próximo. Essa aprovação dos critérios de diversidade faz parte do Anexo ESG (ambiental, social e governança), que visa garantir que as práticas das empresas sejam éticas e sustentáveis. Portanto, as empresas listadas na bolsa devem cumprir as solicitações mencionadas até 2026. Caso contrário, essas empresas terão que justificar por que ainda não o fizeram e enfrentarão possíveis constrangimentos públicos.

É claro que as empresas desejam cumprir as novas diretrizes para garantir que os investidores continuem a comprar ações. Afinal, as ações mais populares para negociar são aquelas renomadas em seus respectivos setores, por diversas razões, incluindo a conformidade com as regras. A PETROBRAS é uma das ações mais populares no Brasil e um de seus ESGs corporativos é promover e conscientizar sobre a equidade de gênero. Empresas menores seguirão o exemplo para competir com esses líderes do setor, especialmente em termos de diversidade, abrindo caminho para mais mulheres ocuparem cargos nos conselhos.

Mais oportunidades de participar do mercado de trabalho

Com mais mulheres fazendo parte da alta administração, elas terão mais oportunidades de participar e criar programas para fortalecer a diversidade em suas empresas. Por exemplo, já foi observada uma falta de mulheres de cor em cargos de liderança sênior na indústria publicitária. Uma análise das mulheres em níveis gerenciais mostra que 49,8% são mulheres brancas, enquanto apenas 4,6% são mulheres negras. Muitas dessas trabalhadoras estão em funções de atendimento ao cliente e não nos departamentos de criação, planejamento e mídia digital, que são o cerne da publicidade.

Com mais mulheres na alta administração, elas poderiam pressionar para contratar mais mulheres no local de trabalho e dar-lhes oportunidades para assumir cargos mais altos em diferentes departamentos. As líderes mulheres também podem propor programas de treinamento para que as funcionárias possam aprimorar suas habilidades, permitindo que alcancem postos mais altos na hierarquia corporativa. A Coats Brasil é uma grande empresa que já faz isso: os programas de mentoria realizados em parceria com a ESPM University e o Impulso Beta a tornaram um dos melhores lugares para mulheres trabalharem no país em 2020.

Melhoria na inovação e lucratividade da empresa

Empresas diversas apresentam melhor desempenho. As equipes mais diversificadas geram de 2 a 3 vezes mais receita do que grupos homogêneos. Isso acontece principalmente porque cada pessoa, vinda de um contexto único e com diversas experiências, pode contribuir com diferentes perspectivas e ideias para melhorar o negócio. Por exemplo, as líderes mulheres podem gerar ideias que atraiam o mercado feminino da empresa. Além disso, os consumidores que apoiam a diversidade tendem a preferir empresas com os mesmos valores.

Em decorrência disso, ter mais mulheres na liderança potencialmente significa gerar um lucro maior. As empresas podem esperar ganhar mais dinheiro quando possuem equipes diversas. Além disso, podem antecipar uma melhora nos preços das ações, pois o valor de uma ação é influenciado por diversos fatores, incluindo as perspectivas de lucro da empresa. Portanto, é possível esperar que mais investidores se interessem se as ações estiverem se saindo bem. É por isso que a empresa local de distribuição BRF está trabalhando para atingir sua meta de empregar 30% de mulheres em altos cargos de liderança até 2025, utilizando ações afirmativas. Atualmente, ela utiliza uma cota de 50% para mulheres em seu programa interno de aceleração de carreira para alcançar esse objetivo.

À medida que mais empresas priorizam a diversidade, as mulheres podem esperar conquistar posições de liderança. Se esses critérios de diversidade forem implementados em todas as empresas, e não apenas aquelas que participam da bolsa de valores, mais mulheres terão oportunidades de liderança.

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