Moradores da Prainha Branca, no Guarujá, contrataram os serviços de um guarda-vidas civil, para garantir a segurança da região de águas agitadas
Rodrigo Florentino
Publicado em 14/11/2024, às 16h29
Em demonstração de união e cuidado com a comunidade, moradores da Prainha Branca, no Guarujá, se mobilizaram para garantir mais segurança aos banhistas durante os finais de semana fora da temporada, quando o fluxo de visitantes aumenta e é necessária atenção redobrada.
Seis comerciantes se juntaram para a contratação de um guarda-vidas civil que conhece a região como poucos, já que ele também é morador da Prainha Branca. Ele atuará em um dos trechos mais perigosos da praia, o canto esquerdo. Cada comércio paga a quantia de 67 reais por final de semana mais a alimentação, fornecida por dois restaurantes. A praia conta com cobertura do Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar) apenas durante a alta temporada, quando são colocados guarda-vidas temporários nas praias do litoral paulista e em represas da Grande São Paulo.
Dona de um restaurante local, Tatiane Lins conta que a ideia surgiu em setembro do ano passado devido às ocorrências de afogamentos na praia. Após uma interrupção, ela foi retomada em outubro deste ano e segue desde então. “Eu e meu marido pedimos ajuda ao grupo que já estava montado e, assim, conseguimos contratar um guarda-vidas que também é morador da Prainha Branca”, explica a comerciante.
O GBMar apoiou a iniciativa do grupo com itens essenciais como placas de sinalização, faixas para isolamento de áreas com corrente de retorno, protetor solar e boia de salva-vidas.
Para Tatiane, a presença de alguém que conheça a região é muito importante. “É fundamental, pois a Prainha Branca é uma praia de tombo, muito perigosa para os banhistas que não a conhecem. Sendo um guarda-vidas local, ele terá muito mais conhecimento das áreas de risco e fará uma prevenção melhor”, fala a comerciante.
Guarda-vidas desde 2018, Lennon Oliveira foi o escolhido para cuidar do trecho de praia nos fins de semana. Ele destaca dois benefícios da contratação de um guarda-vidas civil. “Além do objetivo do guarda-vidas, que é prevenir afogamentos e mortes no local, há também a geração de emprego para os moradores locais”. Para ele, é uma satisfação cuidar de uma região tão querida e marcante em sua vida. “Eu escolhi a Prainha Branca para trabalhar como guarda-vidas porque é aqui onde nasci e cresci", conta.
A prova de que Lennon conhece bem a região são as dicas que ele dá aos banhistas. “É preciso que as pessoas tenham muita atenção no local, pois a Prainha Branca é um local de surfistas, com correntes de retorno e buracos”, alerta o guarda-vidas.
Porta-voz do GBMar, a capitã Karoline explica que o emprego de guarda-vidas no período de baixa temporada funciona a partir de “estatísticas de ocorrências”. Mas, para a temporada de verão, o órgão promete que quatro guarda-vidas temporários atuarão na Prainha Branca, entre a segunda quinzena de novembro deste ano e março de 2025.
"A formação é extremamente importante. Costumamos dizer que depois do curso, o formado nunca mais terá o mesmo olhar. Ele passa a ter uma visão diferenciada, porque conhece os riscos e reconhece quando um banhista está em situação de perigo", conta a porta-voz.
A capitã Karoline também elogia a atuação dos comerciantes, por se unirem para a contratação de um guarda-vidas particular: “A iniciativa é importante, principalmente, com a contratação de pessoas qualificadas e, sendo da própria comunidade, é ainda melhor”.
A formação de guardas vidas-temporários ocorre anualmente, para reforçar o efetivo durante a temporada de verão em praias do litoral paulista e nas represas Guarapiranga e Billings, na Grande São Paulo. No Guarujá, quem cuida do treinamento é o 1º Subgrupamento de Bombeiros Marítimos de Guarujá (SGBMar), na praia da Enseada.
O processo de seleção teve uma etapa dividida em duas partes. Na primeira, os candidatos fizeram um teste de natação, quando percorreram 200 metros em até seis minutos, em uma piscina. Os aprovados foram para a segunda parte, um teste de resistência física onde tinham que correr um quilômetro, na praia da Enseada, em até cinco minutos
Ao longo do treinamento, os alunos têm 122 horas de atividades teóricas e práticas, em disciplinas como: noções de prática de salvamento aquático; ética; relação do guarda-idas com o público; educação física aplicada; conhecimentos elementares sobre o mar; conhecimento básico com embarcação, entre outras atividades da função.
Rodrigo Florentino
Formado em Comunicação Social na Univesidade Santa Cecília (UniSanta)