Falta de ar polar, alta pressão e diminuição da chuva estão entre os fatores que aumentaram a temperatura
O verão ainda está chegando, mas parece que já se instalou há dias nas regiões da Baixada Santista e Litoral Norte. Os termômetros marcaram temperaturas de até 36ºC no litoral paulista.
A explicação para a mudança marcante na temperatura vem da meteorologista do Climatempo, Josélia Pegorim: "É um calor de quase 40°C em áreas do Sul, de São Paulo e de Mato Grosso e que atingiu efetivamente o dígito dos 40°C na cidade do Rio de Janeiro".
Segundo a especialista, o calor extremo é uma combinação de fatores atmosféricos e astronômicos:
1 - Falta de ar polar
A partir de 9 de dezembro, uma mudança na circulação dos ventos sobre a América do Sul fez com que o ar frio de origem polar das frentes frias fosse desviado para o oceano, antes de conseguir penetrar pelo interior do centro-sul do Brasil. A última vez que o ar frio foi sentido com força no país foi no dia 8 de dezembro e na madrugada do dia 9.
2 - Alta pressão e diminuição da chuva
Um sistema de alta pressão atmosférica ganhou força sobre o centro-sul do Brasil dificultando a formação e permanência de grandes áreas de instabilidade. Isto permitiu uma grande diminuição da quantidade de nuvens e da frequência da chuva sobre os estados do Sul, na Região Sudeste e em Mato Grosso do Sul deixando espaço para o sol aparecer forte por muitas horas consecutivas.
As áreas de instabilidade enfraqueceram, mas com o calor intenso e a umidade do ar relativamente alta, nuvens carregadas continuaram a se formar provocando temporais.
3 - Proximidade com o solstício de verão
Um fator importante que ajuda a explicar o calor excessivo no centro-sul do Brasil nos últimos dias da primavera de 2018 é que são dias próximos do solstício de verão, que ocorre no dia 21 de dezembro às 20h23, pelo horário de Brasília. No calendário civil esta é a data e hora do início oficial do verão no Hemisfério Sul. Astronomicamente o solstício é um momento apenas, que pode ser calculado com anos de antecedência pois só depende do movimento da Terra ao redor do Sol.
É justamente nesta época, alguns antes e alguns dias depois do dia do solstício de verão, que o Brasil, e todo o Hemisfério Sul, recebe sua maior densidade de energia solar. É quando temos os dias mais longos do ano e portanto com o maior número de horas de sol disponíveis para aquecer o ar.
4 - Relevo e aquecimento adiabático
Se juntarmos a estes três fatores uma situação de pré-frontal (horas antes da chegada do vento frio de uma frente fria), em que o vento quente vindo do Norte do Brasil se intensifica e também com condições específicas de relevo local, que permita um aquecimento adiabático (ar que desce uma montanha aquece aproximadamente 1°C a cada 100 metros), a temperatura se eleva de maneira muito intensa.
Isto explica, por exemplo, o calor de mais de 39°C que já fez duas vezes nos últimos 10 dias em Iguape e em Registro, cidades do sul do estado de São Paulo, ou os 38°C em Morretes, no litoral do Paraná. Os 40,6°C registrados em 18/12/2018 no Rio de Janeiro, recorde de calor para este ano, também tem uma porção de aquecimento adiabático que é sentida na zona oeste carioca por causa do relevo local.
Maiores temperaturas registradas no Brasil
O Piuaí detém oficialmente a maior temperatura já registrada no Brasil. O calor extremo de mais de 41°C em Orleans (SC), Iguape (SP), Criciúma e Urussunga (SC) está relacionado também com o aquecimento adiabático.
Fonte: Climatempo
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