VIOLÊNCIA

Casos de maus-tratos explodem durante a quarentena

Conselho Tutelar de Bertioga registrou aumento de 356% em denúncias de violência à crianças e adolescentes

Marina Aguiar
Publicado em 27/04/2020, às 09h03 - Atualizado em 23/08/2020, às 22h43

FacebookTwitterWhatsApp
Ulrike Mai/Pixabay
Ulrike Mai/Pixabay

O Conselho Tutelar de Bertioga encontrou mais desafios durante a quarentena obrigatória imposta para combater a disseminação do novo coronavírus. No primeiro trimestre de 2020, o conselho registrou aumento de 356,25% em casos de maus-tratos à crianças e adolescentes que, em sua maioria, configuram agressões físicas. Em 2019, houve 16 denúncias, já em 2020 os números subiram para 57.

Participe dos nossos grupos ℹ bit.ly/CNAGORA2 🕵‍♂Informe-se, denuncie!

Os dados são referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março de 2019 em comparação ao mesmo período de 2020. Além dos maus-tratos, os números de conflito familiar e orientação à família subiram no mesmo período, conforme explica a conselheira Michele Russo: "Todos são interligados. Recebemos pedidos de orientação por telefone sobre mau comportamento, isso gera conflito, que é o xingamento, gritos, fuga de casa. E muitos desses conflitos causam os maus-tratos, que são agressão física, castigos severos, de ficar sem comer, tomar banho gelado, ficar trancado no banheiro no escuro".

Os números de conflito familiar saltaram de 67 para 93 (138%), enquanto a orientação familiar saltou de 59 denúncias para 100 (169%). 

Um número que impressionou as conselheiras municipais foi o de abuso/assédio. As denúncias tiveram queda após a paralisação do ensino escolar na rede municipal e estadual. Enquanto no mesmo período do ano passado receberam 17 denúncias, em 2020 foram 16. 

Para Michele, esse número caiu porquê as escolas são o principal agente de identificação de abusos. "A nossa porta principal de denúncia era a escola. Hoje tem muitas crianças sofrendo ainda, porém, a denúncia não está chegando. Quando a escolas reabrirem esse número vai crescer muito", explicou.

Os bairros com o maior número de ocorrências durante todo o ano são o Chácaras, Jardim Vicente de Carvalho e Boraceia. "A gente percebe que as periferias são as que mais tem atendimento", explicou Michele.

O primeiro trimestre de 2020 teve um número de denúncias correspondente a 13,41% do total de denúncias de 2019. "Tivemos 7.519 denúncias no ano passado. EM 2019, já temos 1.008", disse a conselheira Michele durante entrevista no programa Café da Manhã, na TV Cultura Litoral, ao lado da colega de trabalho Professora Lau.

Imagem acervo site

Os dados foram coletados em um trabalho conjunto das conselheiras Michele Russo, Professora Lau, Mariana Joy, Maria Auciliadora e Vanessa Ramos.

18 DE MAIO

As conselheiras Michele e Lau participaram do programa para divulgar o Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual (18 de maio). A campanha é realizada pelo Comitê Nacional de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes e ECPAT Brasil, em parceria com a SNDCA, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Polícia Rodoviária Federal e ChildHood.

Com o slogan Faça Bonito – Proteja nossas crianças e adolescente, a ação convoca a sociedade para assumir a responsabilidade de prevenir e enfrentar o problema da violência sexual praticada contra crianças e adolescentes no Brasil. Desde 2009 utiliza como símbolo uma flor que remete aos desenhos da primeira infância, além de associar a fragilidade de uma criança. 

A data foi escolhida porque em 18 de maio de 1973, na cidade de Vitória (ES), um crime bárbaro chocou todo o país e ficou conhecido como o “Caso Araceli”. Esse era o nome de uma menina de apenas oito anos de idade, que teve todos os seus direitos humanos violados, foi raptada, estuprada e morta por jovens de classe média alta daquela cidade.

A proposta da campanha é destacar a data para mobilizar, sensibilizar, informar e convocar toda a sociedade a participar da luta em defesa dos direitos sexuais de crianças e adolescentes. É preciso garantir a toda criança e adolescente o direito ao desenvolvimento de sua sexualidade de forma segura e protegida, livres do abuso e da exploração sexual.

Imagem acervo site

Comentários

Receba o melhor do nosso conteúdo em seu e-mail

Cadastre-se, é grátis!