Banco do Povo: uma iniciativa bem sucedida de empreendedorismo

Costa Norte
Publicado em 23/06/2011, às 08h19 - Atualizado em 23/08/2020, às 13h18

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O BPP (Banco do Povo Paulista) foi instituído pelo governo do Estado de SP, em 1998, inspirado na experiência de sucesso do Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, em Bangladesh, que começou com um empréstimo de seu próprio bolso, baseado na confiança múltipla de uma rede inicial de cinco pessoas. Dessa iniciativa, surgiu Grameen Bank (Banco do Povo, em português), destinado a empréstimos para famílias pobres, sem acesso a crédito tradicional. Contrariando as grandes instituições financeiras que vaticinavam o seu fracasso, a experiência deu certo e proporcionou um excelente retorno do capital emprestado. Emprestar para as pessoas de baixa renda é uma excelente iniciativa porque contribui para reduzir a pobreza, integrar o ser humano à sociedade, resgatar a sua autoestima e estimulá-lo a se desenvolver. Também apresenta retorno garantido, pois os clientes de baixa renda honram os seus compromissos. A taxa de adimplência do Banco do Povo Paulista é de 98%, bastante alta à semelhança da iniciativa de Yanus, na década dos anos 80. Mas ao contrário de seu inspirador, publicamente avesso à participação do Estado, o BPP demonstrou que é possível fazer de um programa de microcrédito uma iniciativa bem sedimentada, que permita oferecer serviço público de qualidade, sem viés político. Hoje, o BPP está presente em 451 municípios e mantém 467 unidades. Nossos planos são de ampliar o seu alcance para todos os 645 municípios do Estado. De um investimento de cerca de R$ 80 milhões, o Banco do Povo já emprestou quase R$ 800 milhões, 10 vezes mais, passados 13 anos de sua fundação, e seu patrimônio atual é de R$ 200 milhões. Do total de recursos financeiros, 90% são provenientes do Estado e 10% das prefeituras. A administração pública municipal indica os agentes de crédito que são capacitados pela Secretaria do Emprego. Um dos nossos diferenciais em relação aos bancos comerciais, além da taxa de juros simbólica e a desburocratização na concessão do crédito, é o atendimento dos agentes de crédito, que vão aos clientes e os orientam em todo o processo, da contratação do empréstimo ao longo do empreendimento. O volume de recursos disponíveis atualmente é de R$ 120 milhões e as operações de empréstimos aumentaram 50.71% nos últimos três anos. Já foram efetivadas mais de 240 mil operações de crédito, desde a fundação do BPP. Os beneficiários podem ser pessoas físicas e jurídicas. Os juros são de apenas 0,7% ao mês. As mulheres são as que mais contraem empréstimos atualmente, mas os homens ainda são responsáveis pelos empréstimos mais elevados. São costureiras, cabeleireiras, carpinteiros, pedreiros, enfim, pequenos empreendedores, na faixa etária dos 30 aos 60 anos. Mas está aumentado a procura de crédito por parte de jovens com menos de 30 anos, lembrando que é possível contrair financiamento a partir dos 18 anos. Cada cliente pode emprestar de R$ 200 a R$ 7,5 mil, dependendo se for pessoa física ou jurídica, com prazo de pagamento de até 36 meses. O dinheiro pode ser utilizado em crédito produtivo, como a compra de um equipamento, como a máquina de costura, o aparelho do esteticista, ou em capital de giro, para ser empregado na expansão e manutenção do negócio. O brasileiro é um povo empreendedor, mas sente falta de oportunidades para impulsionar sua criatividade e a sua vocação. Ainda são poucas as iniciativas de microcrédito no País e São Paulo, com o Banco do Povo, demonstra que novas experiências do gênero são possíveis.

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