Homem relatou uma vida de humilhações e afirmou que já jogaram água nele e tomaram o cobertor de seu amigo em plena madrugada fria. “Acordei do lado do meu amigo, roxo, morto pelo frio”
Um homem em situação de rua que vive nas imediações do Teatro Municipal, na região central da capital paulista, relatou uma vida de humilhações e dificuldades. O relato foi divulgado nesta quinta-feira (20) pela página SP Invisível, que busca contar as histórias de pessoas marginalizadas pelas sociedade.
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Em seu cortante relato, Cássio afirmou que chegou a ver um amigo morrer de frio, o que o traumatizou profundamente. “Não temos quase nada. Tirar a manta de alguém que dorme nesse chão gelado é desumano demais. Até hoje tenho trauma do dia que acordei do lado do meu amigo, roxo, morto pelo frio. Arrancaram a manta do moleque no meio da madrugada e ele ficou lá, sofrendo até não poder mais”, relembrou o morador.
“Esses dias jogaram água fria em cima de mim como se eu fosse um cachorro”, lamentou o homem em situação de rua e completou. “Pra piorar, quase morri de frio quando levaram nossos cobertores. Junto com o inverno que está chegando, o nosso sofrimento vem lado a lado”.
As frentes frias mais geladas do ano chegam ao Sudeste até o fim deste mês de maio, segundo previsão do Climatempo. Massas de ar frio devem ser as mais fortes deste ano, até agora; de um total de três sobre o país, duas têm potencial para esfriar muito o Sul, parte do Sudeste, do Centro-Oeste e do Norte
Além do trauma, Cássio também falou sobre a dureza de viver sem dignidade. “Acordar e não ter o que comer, deitar e não ter onde dormir. Isso não é vida. Aonde quer que eu vá, já me olham com cara feia, chamando de lixo”, lamentou Cássio que concluiu com uma triste constatação:
“Meu maior sonho é ter dignidade, se é que isso ainda existe em mim".
A organização não governamental SP invisível mantém uma campanha de doação de agasalhos para pessoas em situação de rua durante o inverno. Para saber mais, clique aqui.
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