DURAS HUMILHAÇÕES

Após ver amigo morto pelo frio, homem em situação de rua faz relato devastador: “Isso não é vida”

Homem relatou uma vida de humilhações e afirmou que já jogaram água nele e tomaram o cobertor de seu amigo em plena madrugada fria. “Acordei do lado do meu amigo, roxo, morto pelo frio”

Da redação
Publicado em 21/05/2021, às 09h43 - Atualizado às 10h37

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Cassio, no Teatro Municipal de São Paulo, onde vive atualmente Após ver amigo morto pelo frio, homem em situação de rua faz relato devastador: “isso não é vida” - Imagem: Reprodução / SP Invisível
Cassio, no Teatro Municipal de São Paulo, onde vive atualmente Após ver amigo morto pelo frio, homem em situação de rua faz relato devastador: “isso não é vida” - Imagem: Reprodução / SP Invisível

Um homem em situação de rua que vive nas imediações do Teatro Municipal, na região central da capital paulista, relatou uma vida de humilhações e dificuldades. O relato foi divulgado nesta quinta-feira (20) pela página SP Invisível, que busca contar as histórias de pessoas marginalizadas pelas sociedade.

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Em seu cortante relato, Cássio afirmou que chegou a ver um amigo morrer de frio, o que o traumatizou profundamente. “Não temos quase nada. Tirar a manta de alguém que dorme nesse chão gelado é desumano demais. Até hoje tenho trauma do dia que acordei do lado do meu amigo, roxo, morto pelo frio. Arrancaram a manta do moleque no meio da madrugada e ele ficou lá, sofrendo até não poder mais”, relembrou o morador.

“Esses dias jogaram água fria em cima de mim como se eu fosse um cachorro”, lamentou o homem em situação de rua e completou. “Pra piorar, quase morri de frio quando levaram  nossos cobertores. Junto com o inverno que está chegando, o nosso sofrimento vem lado a lado”.

As frentes frias mais geladas do ano chegam ao Sudeste até o fim deste mês de maio, segundo previsão do Climatempo. Massas de ar frio devem ser as mais fortes deste ano, até agora; de um total de três sobre o país, duas têm potencial para esfriar muito o Sul, parte do Sudeste, do Centro-Oeste e do Norte

Além do trauma, Cássio também falou sobre a dureza de viver sem dignidade. “Acordar e não ter o que comer, deitar e não ter onde dormir. Isso não é vida. Aonde quer que eu vá, já me olham com cara feia, chamando de lixo”, lamentou Cássio que concluiu com uma triste constatação:

“Meu maior sonho é ter dignidade, se é que isso ainda existe em mim".

A organização não governamental SP invisível mantém uma campanha de doação de agasalhos para pessoas em situação de rua durante o inverno. Para saber mais, clique aqui.

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