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A CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) investiga a presença de microalgas do grupo dos chamados dinoflagelados "Dinophysis acuminata", que é potencialmente tóxica, em todo o litoral paulista. O trabalho teve início a partir do acompanhamento da ocorrência de florações de microalgas bioluminescentes em Santos, em junho, quando foi constatada também a presença de outra microalga do grupo dos dinoflagelados que é potencialmente tóxica nas praias Martin de Sá e da Cocanha, em Caraguatatuba. Há relatos de que nesse município, moradores que consumiram mexilhões, no dia 29 de junho, apresentaram sintomas de intoxicação com diarréia.
Técnicos da Cetesb coletaram amostras de água na quinta-feira, 30, cujas análises detectaram a presença de uma microalga denominada “Dinophysis acuminata”, que pode produzir uma toxina diarréica. Organismos marinhos filtradores, como mexilhões, podem acumular essa toxina e quando consumidos provocar intoxicação. Por este motivo, a CETESB está alertando as prefeituras da região, bem como as autoridades da saúde e do setor da pesca.
O fenômeno é similar ao registrado em Santa Catarina e no Paraná. No Paraná, a microalga “Dinophysis acuminata” está ocorrendo associada a “Noctiluca scintillans”, que causa bioluminescência nas águas das praias. Este fenômeno de bioluminescência, isoladamente, ocorreu nas praias de Santos despertando a curiosidade da população. Em amostra coletada pela CETESB na Ponta da Praia, no dia 27 de junho, foi confirmada a presença da “Noctiluca scintillans”, mas não a presença da alga tóxica.
Nas áreas com a presença de algas tóxicas não se recomenda, preventivamente, o consumo de moluscos como mexilhões e ostras. Também é recomendável evitar contato direto com a água em que a presença da mancha avermelhada seja visível.
Além de alertar as autoridades, a Cetesb vai realizar novas coletas em diversos pontos do litoral paulista, especialmente nas áreas em que há cultivo de ostras e mexilhões.
Moradores da Prainha Branca consomem e passam mal
Embora não esteja relacionada na área avaliada pela Cetesb, nos últimos dias mais de 10 moradores da Prainha Branca também foram intoxicados após o consumo de mexilhões colhidos nas áreas de encosta da praia, na divisa com Bertioga. “É horrível. Você sente muita dor e não para de ir ao banheiro. Nada melhora”, disse a dona de casa Valéria Silva, que juntamente com o marido e mais quatro membros da família sofreram com os sintomas de vômito, diarréia e náusea, cerca de 20 minutos após a ingestão. O mal-estar dura por cerca de três dias.
Caraguatatuba proíbe consumo
A secretaria municipal de Meio Ambiente de Caraguatatuba já suspendeu o consumo de mexilhões no município, a exemplo dos estados de Santa Catarina e Paraná que suspenderam a comercialização do molusco.
A medida foi tomada em caráter preventivo e em conjunto com a Associação dos Maricultores da Cocanha. De acordo com o secretário Auracy Mansano, a corrente está sendo monitorada juntamente com a Cetesb. “Estamos enviando amostras do nosso cultivo e da água para laboratórios oficiais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, informou.
Os sintomas da intoxicação do alimento por esta “corrente temporária” são diarreias, vômitos e náuseas. Conforme Mansano, ainda não há como informar em quanto tempo a situação estará normalizada para a comercialização da atividade. “Assim que as correntes passarem e não houver mais riscos de contaminação pelo consumo, a população será avisada.”
O secretário de Meio Ambiente disse que a contaminação do marisco é temporária. “Todos podem ficar tranquilos, pois os mexilhões (animais filtradores) não são afetados permanentemente pelas toxinas. Com o tempo eles se purificam e acabam ‘engordando’ com essa alta quantidade de nutrientes”, explicou.
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