Acidente na Mogi-Bertioga resulta em morte de idoso

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Publicado em 08/11/2017, às 14h17 - Atualizado em 23/08/2020, às 16h13

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Bombeiros chegaram ao local cerca de  45 minutos depois da ocorrência, segundo testemunha que parou para ajudar

Não demorou em  surgir um exemplo trágico da falta que faz o resgate a vítimas do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) nas estradas que cruzam Bertioga. No fim da tarde da última terça-feira, 7 de novembro, o décimo dia sem esse serviço, encerrado em 28 de outubro, dois carros colidiram de frente no quilômetro 85 da rodovia Mogi-Bertioga, e o motorista de um deles, morador do Indaiá, de 74 anos, morreu em decorrência de traumatismos e de parada cardiorrespiratória, conforme consta em boletim de ocorrência registrado na delegacia de polícia.

Igor Lima, que descia de Mogi das Cruzes para Bertioga, e, por coincidência, com formação de socorrista, deparou-se com a cena do acidente, ocorrido uns 15 minutos antes, segundo lhe informaram pessoas que lá se encontravam, e parou para ajudar. Encontrou a moça que dirigia um dos carros em estado de choque, fora do veículo, e o idoso, dentro do outro automóvel, cuja porta estava amassada e travada, já inconsciente e com dificuldade para respirar. Ele tentou reanimar o homem, sem sucesso. Como se ateve aos procedimentos técnicos recomendados, não o retirou do carro. Por isso, não conseguiu aplicar massagem cardíaca, que exige superfície dura sob a vítima.

Pelos cálculos de Igor, os bombeiros chegaram ao local cerca de meia hora depois dele, e a primeira ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Bertioga, cerca de oito minutos mais tarde.  “Se houvesse o apoio do resgate às vítimas do DER, as chances de sobrevida do senhor seriam maiores. A viatura deles chegaria mais rápida e a equipe teria iniciado imediatamente as manobras de suporte básico à vida, que é a massagem cardíaca. Mas o caminhão dos bombeiros é mais lento e, naturalmente, demora mais para chegar do que uma ambulância. A vítima foi levada em estado de parada cardiorrespiratória”, Igor lamenta. Algum tempo depois, outra ambulância do Samu chegou para resgatar a moça, moradora de Mogi das Cruzes, e a conduziu para o pronto-socorro de Bertioga.

A tenente Karoline Burunsizian, chefe da seção de comunicação social do 6º Grupamento do Corpo de Bombeiros, informou que os bombeiros foram acionados para atender a um acidente com vítima presa nas ferragens, e se dirigiram à rodovia com o caminhão autobomba, dotado de desencarcerador, equipamento para cortar a lataria de veículos. "Mas, quando chegou, a equipe comandada pelo sargento Wilson dos Santos Moya encontrou o carro com as portas abertas e um senhor no banco, já com o coração parado. A equipe o retirou da viatura e começou o procedimento de massagem cardíaca, mas ele não reagiu, e, em seguida, chegou a ambulância do Samu para o socorro ", ela descreve.

A Diretoria de Saúde de Bertioga informa que o Samu recebeu o chamado dos bombeiros para este acidente às 16h54, e chegou ao local às 17h14. Ana Paula Martins, coordenadora do Samu, explica os efeitos da ausência da ambulância de resgate do DER: “A diferença maior, e é o que gostaríamos que a população entendesse, é que nós, do Samu, prestamos socorro à vítima, e o resgate do DER e o Corpo de Bombeiros tiram a vítima da situação de risco. Juntos, cada um presta o serviço necessário. A gente sente falta da presteza do DER nas cenas dos acidentes. Eles eram parceiros firmes de atendimento”. Entre os dias 1 e 6 de novembro, a última segunda-feira, o Samu atendeu a cinco acidentes na Mogi-Bertioga, e a oito acidentes na Rio-Santos, nenhum com óbito. Em outubro, o Samu atendeu 576 chamados na cidade, dos quais 48 foram por acidentes nas rodovias.

Enquanto esteve ativo na  Rio-Santos, o serviço de resgate a vítimas do DER chegava primeiro com sua ambulância nas cenas dos acidentes nessa rodovia e na Mogi-Bertioga. Era equipado para tirar as vítimas dos carros e aplicar os primeiros cuidados, até a chegada  do Corpo de Bombeiros e do Samu. Agora, com o fim do contrato da Sansim Serviços Médicos com o DER, as vítimas precisam primeiro ser resgatadas dos veículos pelos bombeiros, para que então a equipe do Samu possa entrar em ação, ainda que chegue primeiro, já que sua ambulância é  mais rápida do que um caminhão.

Estela Craveiro

Foto: Igor Lima 

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