A volta da hidrovia

Costa Norte
Publicado em 29/01/2016, às 12h49 - Atualizado em 23/08/2020, às 14h56

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*Foto: Divulgação

Por Dirceu Cardoso 

A reabertura da hidrovia Tietê-Paraná, na quarta-feira, 27,  é uma grande notícia para todo o interior, não só de São Paulo, mas também de Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso e Paraná, que perderam 1.600 postos de trabalho diretos e viram o congestionamento em suas rodovias com imensos caminhões  a partir de maio de 2014, quando a via deixou de operar por falta de água.

As chuvas, que proporcionam a volta à normalidade dos mananciais que abastecem de água São Paulo e outros grandes centros, é que possibilitam a volta da circulação dos comboios cargueiros, que movimentam a mercadoria a preços muito inferiores aos do caminhão e até aos do trem. Com a hidrovia funcionando, os modais ferroviário e rodoviário passam a exercer apenas os trechos complementares, não banhados pelos rios navegados.

Além da seca brutal, é importante lembrar que a crise no transporte hidroviário da região deve ser tributada também ao desrespeito dos critérios de uso múltiplo das águas do Tietê e do Paraná. Priorizou-se a geração de energia – para poupar a eletricidade produzida por termoelétricas – e, com isso, paralisou-se o transporte e se impôs dificuldades aos outros usos da água do rio: agricultura, pecuária e lazer.

A experiência desses 20 meses de hidrovia inoperante precisa ter servido para que os operadores do sistema definim a real utilidade das águas para a região. Que a fonte hidrelétrica é a eletricidade mais barata, não há dúvida. Mas isso não pode justificar o seu uso até níveis que as outras finalidades legalmente definidas para a água sejam inviabilizadas. Afinal, todos os setores fazem parte da matriz econômica da região e sua falta leva ao colapso.

Hoje, além das hidrelétricas, existem as usinas termoelétricas e também a geração de eletricidade pelo setor sucroalcooleiro que, além de não consumir a energia vinda da rede, nela injetam o excedente da produção de suas plantas industriais, gerado a partir do bagaço da cana. Ainda existem os projetos não executados de novas térmicas projetadas nos anos 80 e 90. Tudo isso deve ser levado em consideração, e o rio respeitado.

Os empresários que atuam no rio – tanto os do transporte quanto os que exercem atividades complementares ou movimentam ali os seus produtos – especialmente as safras de grãos da região central do país, têm de confiar na disponibilidade da via para poderem trabalhar, prever resultados e, principalmente, tê-los confirmados ao final do ciclo. Assim como o resto da economia nacional, a região hidroviária não pode operar no improviso.

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