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Projeto leva capoeira inclusiva a estudantes com e sem deficiência em São Vicente

Iniciativa da escola estadual Esmeraldo Soares promove convivência, autoestima e expressão corporal no contraturno escolar


Redação
Publicado em 27/05/2025, às 09h52

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Projeto leva capoeira inclusiva a estudantes com e sem deficiência em São Vicente
Com aulas adaptadas, projeto atende 40 alunos - Divulgação/Secretaria de Educação de SP

Desde o ano passado, cerca de 40 estudantes da escola estadual Esmeraldo Soares Tarquínio de Campos Filho, em São Vicente, participam do projeto Capoeira Inclusiva – Ritmo, Corpo e Inclusão. A iniciativa promove autoestima, empatia e senso de pertencimento por meio da prática adaptada da capoeira, e reune alunos com e sem deficiência em uma mesma roda de aprendizado.

A ideia nasceu a partir de uma oficina na qual os alunos foram desafiados a transformar textos literários em expressão corporal. A proposta, idealizada pela professora Luciana Franco, que atua na sala de recursos e também leciona literatura, deu tão certo que evoluiu para um projeto fixo. As aulas ocorrem às segundas e quartas-feiras, das 12h às 12h50, atendendo alunos do ensino regular e da sala de recursos, incluindo estudantes com transtorno do espectro autista (TEA).

As aulas contam com a colaboração voluntária do ex-aluno João Miguel Macedo, conhecido como Mestre Samurai, que estuda educação física e é mestre em capoeira. “As atividades da capoeira ajudam na coordenação motora, disciplina, autoestima e, principalmente, no respeito. Para mim, ela é tudo de bom. Não é apenas uma arte. Ela educa, inspira e forma grandes cidadãos”, afirma João Miguel.

O diretor da escola, João Henrique Vilani, destaca o impacto da iniciativa. “Desde que começamos o projeto, os alunos com deficiência passaram a participar com mais entusiasmo das atividades físicas. Eles demonstram avanços claros na socialização e no senso de pertencimento”, afirma. As práticas são adaptadas conforme as necessidades motoras e sensoriais de cada estudante, com uso de cadeira de rodas, sinais táteis e recursos visuais.

A mãe de Pyetro Kruysboom dos Santos, aluno autista do 6º ano, relata mudanças positivas. “Ele conta os dias para a aula de capoeira. Chega mais cedo na escola, está mais feliz e com rotina ajustada. Sou muito grata a todos”, diz Letícia dos Santos Silva. O próprio Pyetro reforça: “Eu consegui novos amigos, eu até consegui fazer uma ponte [movimento de capoeira]. Um dia vou ser diretor da escola”.

Renan Rodrigues Florentino, de 13 anos, também compartilha o entusiasmo. “Às vezes, quando não estou bem, vou para a aula e me alegro. A capoeira me deu uma família. Quando estou na roda, sinto uma energia maravilhosa”.

Além da roda de capoeira, o projeto inclui atividades como musicalização com instrumentos típicos (berimbau, atabaque e pandeiro), cantigas, contação de histórias e movimentos básicos adaptados. “Isso amplia as formas de participação. Mesmo quem tem limitações motoras ou intelectuais pode se expressar e se envolver”, explica João Miguel.

Com o envolvimento da Sala de Recursos Multifuncionais e o olhar especializado dos educadores, a iniciativa se tornou referência em educação inclusiva e desenvolvimento humano por meio da cultura e do movimento.

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