DESPEDIDA

Morre Pelé: Obrigado, Rei!

Pelé nos deixou por falência múltipla dos órgãos devido um câncer que tratava há tempos. Nossa homenagem ao rei do futebol. Obrigado por tudo, Pelé!

Da redação
Publicado em 01/12/2022, às 10h07 - Atualizado em 29/12/2022, às 16h06

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Reprodução Internet
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Choramos e agradecemos. O rei do futebol se foi, mas ficam mais de 82 anos de história. O mundo do futebol lamenta e bilhões de pessoas ficam um pouco mais triste hoje.

Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, morreu na tarde desta quinta-feira (29), devido a uma falência múltipla dos órgãos em decorrência de um câncer que tratava há tempos.

Nascido na cidade Três Corações, no interior de Minas Gerais, em 1940, Edson Arantes do Nascimento levantou três dos cinco títulos de Copa do Mundo (1958, 1962 e 1970) e revolucionou o futebol brasileiro.

Pelé é o maior artilheiro da história da seleção brasileira, com 95 gols marcados, e o único atleta a ganhar três copas.

Revelado pelo Santos em 1957, Pelé assumiu o trono do futebol em 1958 em sua primeira Copa do Mundo. Aos 17 anos de idade, o camisa 10 marcou seis gols e foi fundamental na conquista do Mundial disputado na Suécia.

Já pelo Santos, Pelé levantou 45 taças em seus 18 anos com a camisa alvinegra; entre as principais estão a Libertadores e Mundial de 1962 e 1963.

O rei parou uma guerra

Um dos feitos que mais orgulha os torcedores do Santos. É a história de que o time de Pelé conseguiu parar uma guerra na Nigéria, em 1969, ao jogar um amistoso em Benin City.

Na época, o país africano estava no meio de uma guerra civil, iniciada em maio de 1967, quando a região do Biafra, no sudeste da nação, se emancipou. O conflito durou até janeiro de 1970, com derrota dos separatistas. Os cálculos são de mais de dois milhões de mortos.

Havia uma comoção global contra a violenta repressão do governo nigeriano sobre os biafrenses. Artistas como Joan Baez, Jimi Hendrix e John Lennon, autoridades como o Papa Paulo VI e organizações como a ONU tentaram conter o conflito. Sem sucesso.

O Santos foi levado para a Nigéria a convite do governo local para jogar contra uma seleção da região do centro-oeste, onde está Benin City. O amistoso não fazia parte da programação inicial daquela excursão para a África, turnê que deveria ter se encerrado três dias antes com a última partida acontecendo na cidade de Lourenço Marques (hoje Maputo), em Moçambique.

A delegação do time brasileiro acabou se deslocando para Benin City sem saber o que estava acontecendo.

"Quando chegamos, alguém falou que o nosso time ia parar uma guerra. A reação foi uma só: 'O que? Vai parar uma guerra? Que guerra? Tava tudo normal!'", disse Lima, 77, que jogou no Santos de 1961 até 1971, alcançando a marca de 694 partidas e 63 gols.

"E o empresário responsável pelas nossas excursões falou: 'Eles estão guerreando entre eles e vocês é que vão resolver esse problema", afirmou Edu, 69, ponta-esquerda do Santos de 1966 até 1978, com 584 partidas e 183 gols pelo time alvinegro.

A história que os santistas relatam é que o governo nigeriano decretou um cessar-fogo para que eles pudessem se deslocar do hotel para o estádio Ogbe em segurança e depois retornar ao local onde estavam hospedados.

Havia apenas um jornalista brasileiro acompanhando a delegação do Santos durante aquela excursão para a África. Era Gilberto Castor Marques, que escreveu para A Tribuna. Nas páginas do jornal, ele registrou que foi decretado feriado local por causa do Santos.

O Santos de Pelé venceu a equipe local por 2 a 1. Gols de Toninho Guerreiro e Edu. No dia seguinte, foi embora do país. A guerra prosseguiu tão terrível quanto antes e só cessaria com a total dominação da região separatista.

"A Guerra do Biafra foi muito terrível. Para o Santos se apresentar naquela partida o tenente que mandava no país deu garantias de que o conflito seria suspenso, que não haveria troca de tiros. Foi o que aconteceu", disse o historiador do Santos, Guilherme Guarche.

Lima e Edu, dois personagens daquele time, não têm dúvida alguma do que aconteceu em 4 de fevereiro de 1969.

"O Santos parou uma guerra!", enfatizaram para a reportagem.

Promessa

Desde pequeno, Pelé sempre teve uma forte ligação com o futebol. Aos nove anos, em uma história bastante conhecida, prometeu que ganharia uma Copa do Mundo para Dondinho, seu pai, logo após o Brasil perder para o Uruguai no Mundial de 1950. E não é que ele ganhou não só uma, mas três Copas do Mundo?

Antes de ser Pelé...

Edson Arantes do Nascimento nem sempre foi chamado de Pelé. Recebeu o nome de Edson em homenagem ao inventor Thomas Edison.

Seu primeiro apelido, dado pela família, era Dico. Só passou a ser chamado de Pelé na escola, pois pronunciava errado o nome de um dos seus ídolos no futebol, o goleiro Bilé, que jogava no Vasco da Gama.

Um craque precoce

Em 1958, com apenas 17 anos, Pelé foi artilheiro do Campeonato Paulista marcando 58 gols.

No mesmo ano ele conquistou, junto com a seleção brasileira, a Copa do Mundo da Suécia, onde marcou cinco gols. É o campeão mais jovem da história das Copas do Mundo.

Pausa na carreira

Aos 18 anos, já reconhecido mundialmente, Pelé teve que dividir seu tempo entre o futebol e o serviço militar. Ele se alistou e serviu ao Exército Brasileiro por seis meses no 6º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado, em Praia Grande (SP).

Todos saúdam o rei

Em 25 de fevereiro de 1958 Pelé foi chamado de rei pela primeira vez, após triunfo do Santos por 5 a 3 contra o América (RJ) pelo Torneio Rio-São Paulo, no Maracanã.

Nessa partida, o jovem camisa 10 do Santos fez quatro gols e o jornalista Nelson Rodrigues escreveu uma crônica, onde classificava Pelé como rei do futebol.

De goleiro

Nem só de marcar gols foi feita a carreira de Pelé no futebol. Ele precisou jogar como goleiro do Santos em quatro partidas, devido a contusões ou expulsões dos titulares.

A primeira vez foi em 1964 contra o Corinthians no Pacaembu em São Paulo. Depois ainda jogou como goleiro contra o Comercial (1969), Botafogo-PB (1969) e Baltimore-EUA (1973).

O maior vencedor de Copas do Mundo

Nenhum outro jogador, até os dias atuais, venceu mais Copas do Mundo que Pelé. Foram três títulos (1958, 1962 e 1970) em quatro edições disputadas (ele também jogou em 1966).

Gol 1.000

Existem muitas polêmicas a respeito dos mais de mil gols marcados por Pelé. No entanto, a famosa marca do milésimo gol aconteceu em 19 de novembro de 1969, em partida do Santos contra o Vasco, no Maracanã. Pelé fez, de pênalti, o tão famoso gol em cima do goleiro Andrada.

Aposentadoria

O rei do futebol teve três despedidas em sua carreira. A primeira foi da seleção brasileira, em jogo amistoso do Brasil com a Iugoslávia, no Maracanã, em 1971.

A segunda, foi do Santos em 1974, na partida entre o time da baixada e a Ponte Preta. E a última foi em 1977, quando participou de um jogo festivo entre o New York Cosmos e o Santos.

O armário da Vila Belmiro

Um dos maiores mistérios que envolvem a carreira de Pelé é o armário na Vila Belmiro, sede do Santos FC.

Depois que o rei se aposentou, ele nunca mais foi aberto, só Pelé tem a chave, e o Santos já informou que nunca irá mexer nele ou revelar o conteúdo do armário. O próprio Pelé disse que não há nada demais guardado por lá, mas não deixa de ser algo bem curioso.

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