Justiça

Em crise financeira, Santos vê jogadores entrarem na Justiça

Atual vice-campeão brasileiro, o Santos vive momentos turbulentos por conta de uma crise financeira que parece se agravar a cada dia.

Da Redação
Publicado em 24/07/2020, às 13h57 - Atualizado em 26/10/2020, às 11h20

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Um dos destaques do setor ofensivo do Santos, Eduardo Sasha busca rescisão na Justiça. - Divulgação/Ivan Storti/Santos FC
Um dos destaques do setor ofensivo do Santos, Eduardo Sasha busca rescisão na Justiça. - Divulgação/Ivan Storti/Santos FC

Atual vice-campeão brasileiro, o Santos vive momentos turbulentos por conta de uma crise financeira que parece se agravar a cada dia. Os atrasos nos salários e outros encargos já impactam no elenco, que vê dois jogadores buscarem a rescisão contratual na Justiça: o goleiro Everson e o atacante Eduardo Sasha.

O primeiro a procurar a Justiça foi o goleiro, que está no clube desde o ano passado após boa passagem pelo Ceará. O fato veio à tona no último domingo, três dias antes do retorno do Santos aos gramados. Everson alega atraso de quatro meses de direitos de imagem além do corte de 70% dos salários dos últimos três meses em virtude da pandemia (realizada de forma unilateral, ou seja, sem o consenso entre os jogadores).

A Justiça Trabalhista, no entanto, não aceitou o pedido do jogador, que entrou com dois requerimentos: uma liminar e uma requisição de reconsideração. No entanto, Everson deve recorrer a recurso em segunda instância para buscar a liberação do Peixe. Há rumores de que o Atlético-MG, do ex-técnico santista Jorge Sampaoli, tem interesse na contratação do atleta de 30 anos e monitora de perto a situação.

Everson foi o primeiro a forçar a saída do Peixe na Justiça Trabalhista. (Divulgação/Ivan Storti/Santos FC)

Depois de Everson, foi a vez de Eduardo Sasha também buscar o desligamento na Justiça. O atacante alega os mesmos motivos de Everson, e se manifestou por meio de suas redes sociais sobre a situação. Ele mostrou surpresa com o corte de 70% do salário, principal motivador da ação judicial.

"Sou pai de família, tenho minhas responsabilidades e obrigações e fomos comunicados que teríamos um desconto de 30% em nossos salários, por conta da pandemia. Nós jogadores estávamos dispostos a aceitar, porque sabíamos da situação que o mundo estava vivendo. Porém, faltando dois dias para o pagamento, fomos comunicados que teria um corte de 70% nos salários, não houve nenhuma explicação", disse o jogador, que também cobrou satisfação da diretoria alvinegra.

Assim como Everson, Sasha chegou ao Santos no ano passado e foi um dos destaques do time na temporada. Ele foi o artilheiro do Peixe na campanha do vice-campeonato brasileiro, com 14 gols, e só ficou atrás de Gabigol e Bruno Henrique na tabela geral da artilharia (terminou empatado com Gilberto, do Bahia)

Dentro de campo, o clube tenta colocar a casa em ordem para o restante do Campeonato Paulista e para o Brasileirão (que começa em poucas semanas, no dia 9 de agosto), além da Taça Libertadores (que deve voltar em Setembro) e Copa do Brasil (sem data prevista). Nesta quarta-feira, na Vila Belmiro, o Santos ficou no empate contra o Santo André por 1 a 1 pela 11ª rodada do Paulistão e garantiu vaga nas quartas-de-final. Everson e Sasha não participaram do jogo que marcou o retorno do Peixe aos gramados após mais de 4 meses.

Santos busca recursos para minimizar crise

Presidente José Carlos Peres vê pressão aumentar a cada dia. (Divulgação/Ivan Storti/Santos FC)

O Santos fechou o primeiro trimestre com balanço negativo de pouco mais de R$ 19 milhões. Nos bastidores, a diretoria alvinegra trabalha para aliviar a crise financeira. Uma das saídas é buscar a antecipação de receitas para que o clube consiga quitar o salário integral dos atletas em agosto. Também há dívidas com clubes do exterior por conta de contratações realizadas nos últimos anos.

Além disso, o Santos aguarda propostas por atletas, sendo o zagueiro Lucas Veríssimo a grande aposta de venda. Houve especulação de uma sondagem do Watford, da Inglaterra, que seria por volta de 7,5 milhões de euros (cerca de R$ 45 milhões), mas o presidente José Carlos Peres negou qualquer proposta pelo atleta e considerou os rumores como uma tentativa de desvalorizar o atleta.

O clube teme que outros jogadores sigam o exemplo de Everson e Eduardo Sasha e que haja uma debandada geral do elenco alvinegro. Carlos Sánchez e Marinho, por exemplo, chegaram a ser oferecidos a Flamengo e Palmeiras. O atacante, inclusive, criticou publicamente a postura do Santos com relação aos atrasos há alguns meses.

Enquanto isso, o presidente José Carlos Peres segue sendo alvo de uma fritura também por parte da torcida, com pressão cada vez maior para sua renúncia. Na última segunda-feira, um grupo de torcedores realizou um protesto contra o mandatário em frente aos portões da Vila Belmiro. Internamente, entrou-se em pauta uma possível abertura de processo de Impeachment, que foi negada pelos sócios em assembleia.

A tendência é que Peres permaneça na presidência até o final de seu mandato, em dezembro deste ano. O Santos deve realizar novas eleições no último mês de 2020, e o atual presidente já declarou que não será candidato à reeleição.

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