PIONEIRO DO ESPORTE

Conheça Everdan Riesco, fundador da primeira equipe de canoa havaiana do Brasil

Bombeiro e morador de Bertioga, Everdan já foi campeão mundial na modalidade e formou mais de mil atletas, em mais de 25 anos de canoagem

Conheça Everdan Riesco, criador da primeira equipe de canoa havaiana do Brasil
Aos 54 anos, Riesco se sente realizado como atleta - Corroh Gomes

Um esportista dedicado e que tem mais de 25 anos de canoagem. Campeão mundial militar e professor dedicado a formar atletas. Querido pela disposição em transmitir seu conhecimento, ao mesmo tempo em que salva vidas, como bombeiro. Este é Everdan Riesco, de 54 anos, criador da primeira equipe de canoa havaiana do Brasil, a Brucutus, morador de Bertioga, no litoral paulista.

Todo grande atleta tem seu começo, e Riesco, como é conhecido, passou por vários esportes até chegar ao amplo reconhecimento na canoagem. Em entrevista ao Costa Norte, ele explica que a família é muito integrada ao esporte, e que o pai foi quem o apresentou à modalidade: “Passamos pela corrida, pelo ciclismo, pelo triathlon, provas de natação… A canoagem entrou quando a gente morava no Jardim Vicente de Carvalho II, perto do rio Itapanhaú, e tínhamos um caiaque; surgiu uma prova de aventura. Meu pai colocou a gente no caiaque, treinou a gente, eu e meus irmãos. Já aprendi a remar e comecei a participar de provas de aventura”.

A trajetória de Riesco na modalidade va’a, conhecida como canoa havaiana, começou oficialmente em 2001, quando foi convidado a integrar a primeira equipe brasileira da América Latina.

A prova era organizada por Oswaldo Felippe, da TH5 Eventos. “A gente não tinha equipamento, só uma canoa. Treinávamos em canoas menores, canadenses, emprestadas por um amigo. Foi uma roleta-russa”, relembra. O time fez apenas dois treinos com uma canoa havaiana oficial antes da estreia, e mesmo assim garantiu o segundo lugar na competição.

De lá para cá, nunca parou. À frente da Brucutus Canoe Club, primeira equipe de canoa havaiana em atividade no Brasil, ele já formou mais de mil atletas e lidera treinos que saem do Forte São João e passam pelo canal de Bertioga, rio Itapanhaú ou o mar, em direção ao Indaiá ou à Prainha Branca, no Guarujá.

As aulas ocorrem de segunda-feira a sábado, a partir das 5 horas, e seguem até por volta das 7h. “Tem dia para quem quer performance, competir. Outro dia é mais tranquilo, para quem busca lazer”, explica.

A base da equipe fica na praça Armando Lichti, 160, onde os equipamentos são armazenados. Os interessados em treinar podem entrar em contato pelo Instagram oficial da equipe (@brucutuscanoeclub), com a professora Ivana.

Um grande campeão

Com a equipe do Corpo de Bombeiros, Riesco foi campeão mundial militar de canoa havaiana em 2002, na Nova Zelândia. Soma conquistas em campeonatos nacionais, pan-americanos e sul-americanos — títulos em equipes e também nas categorias individuais. A Brucutus já venceu o Campeonato Brasileiro três vezes. “Eu teria que juntar todas as medalhas e troféus, ganhamos muita coisa”, comenta, com simplicidade.

Além dos títulos, Riesco valoriza o impacto do seu trabalho na vida de outras pessoas. “A Brucutus formou muitas equipes em São Paulo, no litoral norte, no litoral sul. Já vieram até pessoas de outros estados treinar com a gente. Hoje, a nossa recompensa é ver que muitos dos nossos atletas se tornaram líderes em seus próprios clubes”, afirma.

Essa influência não passa despercebida. Fernando Bonfá, que conheceu Riesco há 17 anos, destaca sua entrega ao esporte. “Ele é um cara que se entrega de corpo e alma. Nunca esteve nisso por dinheiro, é puro amor ao esporte. Ele cria um ambiente inclusivo, independente de condição social”, ressalta.

Morador da Capital de SP, Fernando lembra que o início da sua carreira como locutor de eventos também teve participação de Riesco. “Um dos primeiros campeonatos que narrei foi organizado por ele, em Bertioga. Sempre que ele organiza um evento, uma competição, ele me chama para participar”.

Outro grande parceiro é Marcelo Morais, de 53 anos, de Ilhabela. Os dois compartilham não apenas o amor pela canoagem, mas também a carreira militar. “A atitude dele como superior hierárquico inspira a mim e outras pessoas ao seu redor. É lindo de ver o quanto ele se empenha diariamente mesmo nos dias mais difíceis”, afirma.

Marcelo lembra das conquistas que dividiram como equipe: campeões dos 90km da Volta de Ilhabela na modalidade V3, campeões brasileiros em V2R e V3, vice-campeões pan-americanos. “Ele é como um atleta campeão que não apenas cruza a linha de chegada, mas também se certifica de que outros também cheguem lá”, completa.

Para Riesco, mais do que as conquistas esportivas, a satisfação está no caminho percorrido. “Nunca tive patrocínio, nunca tive um técnico. Sempre foi meu pai ou um amigo. Se não tinha uma bicicleta boa, treinava mais. Na canoa, colocava sacos de areia para ficar mais pesada. Sempre fui um cara esforçado. Nunca quis chegar na frente de alguém, só queria chegar na frente”, reflete.

Mesmo com a rotina dividida entre os treinos e o trabalho como guarda-vidas, ele pensa em ampliar os horários das aulas. “Meu objetivo maior, hoje, é fazer com que as pessoas que estão comigo conquistem os objetivos delas. Fazer esporte me faz feliz”, conclui.

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