Uma cidade pequena com grandes problemas

O volume de processos analisados pelo Ministério Público de Bertioga, envolvendo as mais diferentes áreas de atuação, comprova o que a promotora pública Karina Keiko Kamei costuma dizer: "Bertioga é uma cidade do interior com problemas peculiares de uma grande cidade".

Os números são a evidência. De novembro de 1997 - quando foi inaugurado o Fórum de Bertioga - até hoje, o número de processos chega a 6.500, sem contar as investigações presididas pelo Ministério Público, em torno de 180.

Entre os problemas citados pela promotora, o aumento da criminalidade, de invasões de áreas e os relacionados à infância e juventude são os  que mais preocupam. Já o juiz Guilherme Kirschner, que, desde setembro de 1997 está na cidade, aponta questões possessórias e os problemas de perturbação do sossego alheio que também contribuem para aumentar o volume de processos.

Outra questão está relacionada ao meio ambiente e sua preservação. "Por Bertioga concentrar o maior remanescente de Mata Atlântica do estado de São Paulo, temos o privilégio de morar numa cidade que ainda tem uma qualidade de vida muito boa. Por outro lado, a gente tem de enfrentar o problema da falta de moradia, que acarreta a vinda de pessoas para cá para ocupar espaços que são ocupados pela mata", explica Karina Keiko Kamei. Portanto, segundo ela, o grande problema na questão ambiental é a falta de fiscalização. "Não adianta ter leis se você não tiver quem fiscalize".

Atribuições - Apesar da gravidade e volume dos problemas ambientais, ela explica que a preocupação da Promotoria Pública não se restringe a essa área. "A defesa do meio ambiente é uma das atribuições da Promotoria, que tenta cuidar de todos os assuntos", comenta Karina Kamei que, desde abril de 1998, trabalha em Bertioga e conta apenas com a ajuda de um oficial de promotoria.

Ecoturismo - Para Kirschner, a vocação de Bertioga é o ecoturismo, setor quer atrai a atenção de muitos estrangeiros que pagam quantias imensas para conhecer locais que também garantam um pouco de aventura. “Ele acredita que esse potencial da cidade deveria ser aproveitado, principalmente por estarmos próximos a um dos maiores centros urbanos do mundo, que é a cidade de São Paulo”. Kirschner também aponta a necessidade de Bertioga criar alternativas para a baixa temporada como investimentos no turismo de negócios.

Na opinião da promotora Karina Keiko Kamei, a exploração do ecoturismo através de trilhas ecológicas, promoção de eventos esportivos como os que vêm ocorrendo, como provas de pedestrianismo e triathlon ecológico, com apoio do Costa Norte, ajudam a atrair pessoas que passam a valorizar as riquezas naturais da cidade.