2013

Um novo terceiro tempo

Quem trabalha a vida inteira, preocupado com o conforto da família e com demandas financeiras estressantes, mais do que merece uma aposentadoria. Mas que ela venha com muita atividade, alegria e companheirismo, condições que os idosos de Bertioga têm à disposição.

Da Redação
Publicado em 13/12/2018, às 13h22 - Atualizado em 26/08/2020, às 22h01

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Aline Pazin
Aline Pazin

Imagem acervo site

 Os conceitos sobre a velhice não são mais os mesmos. Os idosos de hoje são mais saudáveis, longevos e motivados, e nem todos perdem mais um tempo precioso à frente da TV ou fazendo tricô, se bem que esta prática, por algumas horas do dia, faz muito bem e pode até render um dinheirinho. Hoje, eles participam como garotos-propaganda (ou melhor, vovôs-propaganda) de produtos na mídia. 

Um bom sinal para um país que vive uma tendência de envelhecimento da população. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, nos últimos 20 anos, o número de idosos - pessoas com mais de 60 anos - mais que duplicou no Brasil, e já ultrapassa a casa dos 23 milhões. Eles, agora, querem viver mais e melhor. Para isso, vão em busca de atividades prazerosas que não apenas ocupem o tempo, mas que restabeleçam o conví- vio social, muitas vezes perdido após a aposentadoria de seus empregos. 

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Em Bertioga, o Grupo Vivência, com 20 anos de atuação no município, e o Centro de Convivência do Idoso Zeferino Orlandini, inaugurado em maio de 2009, cumprem bem o papel de proporcionar aos idosos da cidade um terceiro tempo repleto de atividades e alegria. O casal Marcelo Marton, 81, e Lourdes de Paiva Cocorocio, 72, é um singelo exemplo desse novo tempo. Habitués do Grupo Vivência, reencontraram o amor há sete anos, e juntos esbanjam uma vivacidade e alegria de viver contagiante. Expansivo e brincalhão, Marcelo é descendente de italiano. Chegou ao Brasil aos 24 anos, mas não perdeu o sotaque de sua terra natal, Veneza, parte de seu charme. Em Bertioga, está há 30 anos e vê no Grupo Vivência um espaço propício para os idosos. “Eu jogo baralho, faço dança de salão e muitas amizades. Devemos agradecer a Deus por isso aqui, porque Bertioga não tem nada para fazer”, diz. 

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Lourdes diz mais: “O grupo dá uma chance de você retomar a vida, mesmo depois da idade avançada e das perdas. Quando você acha que tudo acabou, surgem novas amizades, conversas, passeios e, até, a possibilidade de casar novamente”, diz sorrindo. Ela trabalhou até os 64 anos como coordenadora de pesquisa de mercado, em São Paulo. Após se aposentar e ficar viúva, mudou-se para Bertioga, onde já possuía casa de veraneio. “Eu frequento o grupo há nove anos. Adoro Bertioga. Aqui você tem tranquilidade. Hoje, nós (o casal) fomos almoçar no Sesc, de lá viemos para cá, para um joguinho de dama e, à noite, tem o jantar dos aniversariantes. Temos uma vida ativa e isso é muito importante para evitar a depressão”. 

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Outro casal, Alice Dionizio e Benedito Quintino dos Santos, ambos com 63 anos, também não perde as atividades promovidas pelo Grupo Vivência. “Aqui temos conforto, jantares animados, encontro com amigos, jogos, cafezinho, viagens e campeonatos. É uma maneira de se distrair”, diz Alice. 

  O Grupo Vivência conta com 264 associados cadastrados. Oferece jogos de mesa, aparelhos de ginástica, aula de dança de salão e parceria com o Sesc Bertioga, que abre sua unidade para a frequência dos associados. Também são promovidos encontros de confraternização, além de passeios e participação nos jogos regionais. A presidente da   entidade, Lucineide Rachid, diz: “Esse espaço foi feito para as pessoas que se sentem sozinhas. Um acalento, uma palavra de carinho. Amizade nessa idade é muito importante”. 

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No Centro de Convivência do Idoso Zeferino Orlandini encontramos Elisabete Teixeira, 63. Muito falante e simpática, a coordenadora da casa logo mostra que ama o seu trabalho à frente das atividades promovidas para 461 cadastrados, um número que, segundo ela, tem aumentado diariamente. O centro oferece 12 atividades, entre oficinas, esporte e música, além das festas mensais dos aniversariantes e passeios pela região e cidades do interior. “Quando a pessoa se aposenta não tem mais as pressões do dia a dia. Com os filhos criados, normalmente vem o sentimento de ninho vazio... Aqui é um lugar para se fazer a nova rede social. É o início de novas amizades ou o fortalecimento das que já possam existir, entre pessoas da mesma idade”. 

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O bom é que as atividades são descentralizadas. Na antiga sede da Prodesan (rua David Pimenta, 425, no Indaiá) e   no Espaço Cidadão, em Boraceia (rua José Costa, 138), também há aulas de alongamento e planos de estender o serviço para o outro extremo da cidade, no bairro Caiubura, ou Sítio São João, conforme informou Elisabete. 

Ana Oliveira, 67, aproveita muito bem o tempo e é atuante no centro. “Participo das oficinas de artesanato (três), do coral, das aulas de alongamento e coreografia, do vôlei adaptado e dominó”. Ufa! Haja disposição. E ela completa: “Esta foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Não tenho depressão nem pressão alta, e não tomo remédios. Eu incentivo as pessoas a virem para cá; quando vejo um idoso passando na rua já quero convidar”. 

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Outra frente em defesa do idoso na cidade é o Conselho do Idoso. De acordo com Valter Santana, um de seus diretores, dentre as metas do grupo está a efetivação do atendimento preferencial aos idosos na cidade, e a divulgação maciça do Estatuto do Idoso em órgãos públicos e comércio. O conselho também se organiza para iniciar um senso a fim de levantar os números da população idosa na cidade.    

Ao longo do ano

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Anualmente, em maio, por ocasião do aniversário da cidade, o Centro de Convivência do Idoso Zeferino Orlandini promove a Caminhada do Idoso, como forma de sensibilizar e conscientizar a comunidade sobre a necessidade de mais carinho, atenção e respeito ao idoso. Em outubro, em comemoração ao Dia Internacional do Idoso, é realizada, no Parque dos Tupiniquins, no entorno do Forte São João (centro), um grande encontro com atividades variadas, que vão desde caminhada pela praia até apresentação de espetáculos teatrais e de dança, com recitação de poesias, serestas e outras manifestações culturais. Os idosos também têm participação efetiva em torneios e campeonatos esportivos, a exemplo dos Jogos Regionais do Idoso (Jori), Jogos Estaduais do Idoso (JEI) e Gerovôlei. O Centro de Convivência do Idoso Zeferino Orlandini fica na rua Padre João Batista de Carvalho, 118, Vila Itapanhaú. Já o Grupo Vivência encontra-se na rua Ivo Henrique,500, no mesmo bairro.  

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