Na vila, parece que o tempo parou

Imagine um local cercado por montanhas, repleto de cachoeiras que formam quedas d'água e piscinas naturais de águas cristalinas, características também do rio Itatinga, que desemboca no rio Itapanhaú. Agora, imagine esse mesmo local como uma pequena vila, com 70 casas todas iguais em estilo inglês, dispostas ao longo de uma única rua, onde moram apenas as famílias das pessoas que trabalham no local.

Lá não entram carros. O acesso é de barco ou por um bondinho ou locomotiva do tipo "Maria Fumaça", que percorre 7,5 quilômetros cortando mangues e riachos de águas cristalinas até chegar à vila que parece ter parado no tempo. O único som é o da natureza, do vento roçando as árvores, da água correndo por rios e cachoeiras, da mata, animais e aves de espécies raras.

Assim é a Vila de Itatinga, construída no século passado pelos ingleses e mantida pela Codesp, responsável pela usina hidrelétrica em funcionamento desde 1910, abastecendo o porto de Santos. Na vila, moram somente os funcionários da usina com suas famílias. Os visitantes e turistas só têm acesso mediante autorização da Codesp ou através de agências turísticas credenciadas a atuar no local. Mas, uma vez por ano, ela é aberta ao público para comemorar o aniversário do clube local, que promove uma grande festa em 7 de setembro. Mesmo assim, esse acesso é controlado para evitar danos ambientais a esse lugar especial que pode ser considerado como um verdadeiro refúgio ecológico.

Na vila há uma escola, padaria, clube, posto médico, um anfiteatro e uma capela que tem como padroeira Nossa Senhora da Conceição. No caminho para a vila, que começa pertinho de Itatinga, após a travessia do barco do rio Itapanhaú, o visitante observa também ruínas de uma construção do século XVIII, que são da capela Nossa Senhora dos Pelais. Os moradores mais antigos contam lendas da existência de túneis misteriosos e de um cemitério indígena nas imediações das ruínas.