2017

Ensino, a mais importante vertente do desenvolvimento

Mas, um dos mais negligenciados em âmbito nacional. Em Bertioga, apesar dos percalços, a educação caminha para uma evolução promissora.

Da Redação
Publicado em 27/02/2019, às 12h16 - Atualizado em 26/08/2020, às 22h04

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Diego Bachiéga
Diego Bachiéga

Imagem acervo site

Fica evidente para quem visita escolas municipais ou estaduais a precariedade das instalações da maioria delas. Não há colégios em todos os bairros, o que provoca o deslocamento dos alunos a pé ou por ônibus e, em alguns casos, à perigosa travessia da rodovia Rio-Santos. Na rede municipal, faltam professores disponíveis para que uma nova escola, pronta e mobiliada, comece a funcionar na Vila Itapanhaú. Por trás desses problemas, a grande questão nacional é por que tantas crianças chegam à adolescência sem saber ler e escrever corretamente?

Na visão de Luísa Carvalho Helene, representante dos pais de alunos e secretária do Conselho Municipal de Educação (CME), “as escolas de Bertioga são boas. Mas, em qualquer escola, inclusive nas particulares, o problema é o despreparo dos professores. Têm que lidar com 35 crianças trancadas em uma sala por cinco horas, dando um conteúdo em que elas não estão interessadas. E a maioria das escolas municipais não tem coordenadores pedagógicos”.

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Os profissionais do ensino reclamam do desinteresse dos pais pela formação dos seus filhos. E pais se queixam de reuniões nas quais se fala dos alunos e não da escola e da pedagogia. Lucélia Terezinha Avelino, coordenadora pedagógica da Escola Estadual Archimedes Bava e representante dos colégios estaduais no CME, diz: “A comunidade precisa entender que também faz a escola. São poucos os que querem participar. Temos que aumentar o interesse dos pais pela vida escolar”. Mãe de dois estudantes no ensino fundamental 1, ela considera que a rede municipal não deixa nada a desejar frente à rede particular. “Temos padrão pedagógico. Até 2008, não tínhamos. E temos as avaliações externas do Ministério da Educação e da Secretaria Estadual de Educação que ajudam muito, porque demonstram os déficits Para Luísa Carvalho Helene, o principal problema de qualquer escola é a falta de preparo dos professores e, na rede municipal, faltam coordenadores pedagógicos dos estudantes e como isso pode ser trabalhado”, comenta. 

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Apesar de tudo, a educação, para elas, vem melhorando. “Há alunos que não sabem escrever com 13, 14 anos. Mas existe evolução. Porque há material padronizado. O que precisamos é ampliar as referências para os estudantes”, diz Luísa. Trocando em miúdos, é preciso despertar o interesse deles pelo conhecimento. “A escola é o local formal de aprendizagem. Mas não o único. A própria cidade pode ser educadora. Bertioga tem um legado histórico fabuloso. Se permitirmos que desde cedo as crianças se apropriem culturalmente da cidade, teremos outros alunos em sala de aula”, sugere Lucélia.

Desafios da Secretaria

As matrículas de novos alunos na rede municipal de ensino têm crescido cerca de 20% ao ano. O Plano Municipal de Educação prevê que 50% das escolas têm que oferecer aulas em período integral até 2022. E o Ministério da Educação pretende antecipar o prazo de alfabetização das crianças do terceiro ano do ensino fundamental 1 para o segundo ano, a partir de 2019. Solucionar a equação entre esses fatores é a questão a resolver pela Secretaria Municipal de Educação. Capacitar pedagogicamente o corpo docente e estabelecer o plano de carreira do magistério são as outras, como explica Rossana Aguilera, secretária municipal de Educação: “Minha meta é implantar educação de alto nível. Nossos professores são qualificados. Entretanto, temos carência de coordenação pedagógica. Estamos na média do ensino brasileiro. Mas podemos melhorar”.

Operacionalmente, o maior problema é conseguir reformar, construir e equipar escolas. A maioria não possui quadras esportivas e todas precisam de novos móveis nos refeitórios. Com 531 professores, a rede municipal tem 18 unidades de ensino fundamental 1, nove Núcleos de Educação Infantil Municipal (Neim), uma creche terceirizada, e o Centro de Educação Especializado (CEE).

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Neste ano, 8.542 alunos matricularam-se na rede municipal. Das 580 crianças fora das escolas infantis, no início de 2017, 180 foram atendidas e 400 aguardam vagas. Destas, 150 devem ser atendidas na nova Neim que está pronta para funcionar na Vila Itapanhaú; depende, apenas, da contratação de funcionários e professores, o que está previsto para o segundo semestre de 2017. Para dar assistência aos 38 alunos do CEE, professores passaram a ocupar o cargo de auxiliar técnico educativo gratificado, no contraturno de seus horários de aula. 

Para a obrigatória capacitação dos professores, em um terço da carga horária deles, em vez de quatro atividades periódicas, centradas em leitura, como antes, agora a formação tornou-se contínua, por meio de atividades on-line. E o polêmico plano de carreira do magistério será novamente colocado em discussão entre eles. 

Um dos planos da secretaria é promover a inclusão digital das escolas, com conexão de internet e carrinhos com tablets, que vão às salas de aula para os alunos usarem. Outro é a criação de uma biblioteca informatizada. E a grande meta é conseguir trazer a Escola Técnica Estadual (Etec) de volta a Bertioga. Cabe à prefeitura fornecer o local, com espaço para laboratórios. 

Mas há recursos disponíveis e não utilizados pelas escolas municipais. Todas são obrigadas a ter Associação de Pais e Mestres (APM), com poder para receber verbas do estado e da União, e Conselho Gestor, formado por professores, funcionários e estudantes e seus pais, com poder soberano para decidir questões do cotidiano escolar. O desafio é atrair a comunidade para participar.

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