2001

"Buriquioca" ilumina duas capitanias

Por dois séculos, o povoado foi o responsável por gerar luz a região e parte do Rio de Janeiro

Da Redação
Publicado em 07/10/2019, às 07h54 - Atualizado em 26/08/2020, às 22h13

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Arquivo JCN
Arquivo JCN

A economia da antiga “Buriquioca" ganhou força entre os séculos XVII e XVIII, quando teve início a iluminação pública e particular a azeite de peixe no Brasil. Foi criada em Bertioga a Armação das Baleias, que tinha sucursais em São Sebastião e na praia do Góes, em Santos, e sua sede era o velho Forte de São Felipe, onde ficavam todos os apetrechos da nova indústria.

O livro Bertioga - Histórica e Legendária 1531/1947, editado por Armando Lichti, em 1948, traz um trecho sobre essa parte da história. Ele cita que o porto das embarcações ficava junto à ilha de Guaibê, como era chamada na época Santo Amaro (Guarujá), onde foi construído um cais de 200 metros de extensão, com duas rampas. Enormes tanques para depósitos de óleo foram abertos junto à velha igreja de Santo Antônio de Guaibê que, mais tarde, foi chamada também Santo Antônio da Armação.

Grandes casas surgiram na ilha para residência dos administradores e chefes de serviço, pouso para padres e hóspedes. Uma vila nascia, superando até a Bertioga continental. Naquela época, as baleias eram abundantes e delas era extraído o óleo, a matéria-prima para a iluminação particular, pois a pública surgiria mais tarde, mantida exclusivamente com óleo de peixe.

A velha “Buriquioca” passou a iluminar Santos, São Vicente, São Paulo de Piratininga, São Sebastião e parte do Rio de Janeiro, onde também havia a Armação Guanabarina. Em Bertioga, a atividade durou mais do que as localizadas no centro e norte do Brasil porque as águas frias do Sul retiveram as baleias por mais tempo, uma vez que as espécies buscavam refúgio às perseguições.

Por cerca de 200 anos, Bertioga forneceu luz às duas capitanias, até a chegada do gás utilizado na iluminação pública de Santos, após a guerra com o Paraguai, entre 1870 e 1872. Mesmo assim, Bertioga continuou servindo a cidade, pois, dos mananciais do rio Itapanhaú e da Usina Hidrelétrica da Companhia Docas de Santos, instalada na Vila de Itatinga, a energia era gerada com fornecimento regular, o que depois continuou movimentando o porto santista.

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