2014

Boracéia

Beleza e rusticidade no extremo norte

Da Redação
Publicado em 25/02/2019, às 11h28 - Atualizado em 26/08/2020, às 22h03

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Imagem Boracéia

A tortuosa rodovia Rio-Santos (SP-55), uma das mais importantes rodovias do país, cruza Bertioga de norte a sul. Por seu traçado seguimos em meio ao verde da Mata Atlântica, rumo ao extremo norte do município e, de repente, uma surpresa, a rodovia encontra o mar, do seu lado direito. É aí que fica a aprazível praia de Boraceia, com bairro homônimo, a única do município que beira a rodovia. Um convite para o banho de mar, ou uma caminhada por sua areia fina e compacta.

Imagem acervo site

Mais à frente, avista-se o bairro, cujo comércio também se debruça à beira da via, à esquerda. As pequenas ruas de areia seguem sentido Serra do Mar e revelam, aos poucos, uma comunidade que cresce a olhos vistos, distante do desenvolvimento e praticidade já disponível no Centro.

Ocupada primeiramente pela comunidade indígena guarani, mais tarde chegaram os loteamentos de alto padrão, como o Balneário Mogiano, da década de 1950, e o Morada da Praia, em 1960, fato que atraiu para a região a ocupação de segunda moradia e o turismo de veraneio. O bairro viveu seu período de maior crescimento populacional na década de 1990. Segundo o Plano Local Habitacional de Interesse Social (PLHIS), de 2009, Boraceia, àquela época, contava com 200 famílias vivendo em unidades subnormais.

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Por se tratar de uma região até certo ponto isolada, já que dista 32 quilômetros do Centro de seu município e mais de 100 quilômetros da região central de São Sebastião, Boraceia vive uma situação de quase isolamento, perturbado apenas pela movimentação da rodovia. No entanto, diferentemente do outro extremo de Bertioga, na região sul, em Boraceia é notável a presença de comerciários, o que movimenta a economia local.

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Alguns moradores enxergaram no isolamento do bairro uma oportunidade e se voltaram para o ramo comercial para atender tanto quem vive no lugar, quanto quem passa pela movimentada SP-55. Luiz Antonio é um bom exemplo desse movimento. Há 19 anos vive e investe em seu negócio de construção civil, uma atividade que, segundo conta, tem progredido. Para ele, o bairro teve avanços nos últimos anos e tem valido a pena viver ali. “Escolhi Boraceia pela qualidade de vida que ela proporciona, com a praia e a natureza. É um lugar muito bom”.

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Maria Antonia aportou em Boraceia há 20 anos e também rumou para o ramo do comércio, de vestuário. Para ela, o que o bairro tem de melhor são as pessoas. “Amo esse lugar, mas estaria melhor se tivesse uma subprefeitura, um banco. As deficiências são muitas, por se tratar de um bairro grande e esquecido”.

João Gonçalves chegou em Boraceia à procura de qualidade de vida e diz que encontrou: “A praia é maravilhosa. Temos problemas, como a falta de tratamento de água e de esgoto, por exemplo, mas estamos no extremo e todo extremo é deficiente. Mas Bertioga é um município novo e a natureza é incrível; isso compensa as deficiências”. Ele está no ramo de alimentos, e mora há 14 anos no bairro.

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Ao olhar para o interior do bairro, com a Serra do Mar como cenário de fundo, vê-se a carência vivida pelos moradores mais humildes. Inevitável perguntar-se: além da pródiga natureza, o que Boraceia tem a oferecer a sua gente? Não há investimentos privados voltados para conforto e lazer. Dessa forma, coube à organização civil se mexer, assim surgiu a ONG Boraceia Viva, em 2005, comandada pelo atuante Erminio Araujo Aguiar, um paulistano que deixou a capital para se embrenhar em Boraceia em 1975. “Naquela época, Boraceia era muito bom, mas, agora, não é nenhuma maravilha”, diz.

Por meio do projeto Mãos que Educam, a entidade busca resgatar a autoestima e despertar a cidadania das crianças e adolescentes do bairro, com iniciativas educacionais, culturais e esportivas. “Atualmente, a entidade atende 57 crianças, já foram 170, quando o projeto contava com apoio”, diz Erminio, certo de que a entidade supre, de certa forma, as deficiências culturais e esportivas do bairro. “Gosto muito daqui, mas por ser periferia de município, não recebe a atenção que merece e assim é em todos os municípios”, reforça. 

O fruto colhido pelo Boraceia Viva, segundo Erminio, “foi ter contribuído para a formação de vários jovens que hoje vivem na comunidade”.

Do lado público, há o Espaço Cidadão Boraceia, que disponibiliza serviços públicos e sociais. De acordo com a prefeitura, no ano passado, o equipamento realizou mais de 35 mil serviços, uma média de três mil por mês. No local funciona o Centro Cultural, que coloca à disposição da comunidade cursos na área de arte e esportes.

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No setor da saúde, a prefeitura enfatiza o envio de três profissionais do programa Mais Médicos, do governo federal, para atuar na Unidade Básica de Saúde do bairro. O que seria um primeiro passo para a futura implantação do Programa de Estratégia de Saúde da Família. Outra medida apontada pela prefeitura como forma de compensar o afastamento do bairro de seu centro administrativo é a recente implantação da Diretoria da Regional Norte (DRN), com o objetivo de descentralizar os serviços de manutenção de ruas.

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