2015

Bertioga alfabetizada & emancipada

Da Redação
Publicado em 11/03/2019, às 08h02 - Atualizado em 26/08/2020, às 22h07

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Arquivo familiar
Arquivo familiar

Responsável pela educação de sucessivas gerações, desde que os pioneiros aqui chegaram, “Mamãe” é uma das personalidades mais conhecidas de Bertioga  

Seu nome é Norma dos Santos Mazzoni, mas quase todos tratam esta professora aposentada como “Mamãe”, não só porque é a simpatia em pessoa, mas por ter sido verdadeiramente uma segunda mãe, como era normal décadas atrás, de gerações de bertioguenses. Seu nome é famoso na cidade, tal w o de seu marido, Licurgo Mazzoni, eternizado em um dos mais conhecidos pontos turísticos da cidade, o píer do canal, na região central da cidade.

Imagem acervo site

 Hoje ela está com 83 anos e não dá mais aulas, no sentido convencional do termo, pois continua seus ensinamentos e contribuições nas diversas atividades das quais participa. O apelido surgiu no Grupo Vivência (entidade assistencial voltada à terceira idade), por ser a integrante mais velha e por sua característica  de “mãezona”. Todo o grupo a respeita e deixaem suas mãos a promoção dos eventos ali realizados, desde a recepção das pessoas, mesas decoração, até a sua majestosa alegria em ser a anfitriã. Mas tem mais. Ela ainda presta serviço voluntário no hospital da cidade.

Imagem acervo site

 O amor da santista por Bertioga começou logo após concluir o magistério. Em 1952, começou a estagiar no colégio Lurdes Ortiz, na Ponta da Praia, em Santos. Segundo ela, o sistema de transporte era precário, seguia de bonde, rua sem asfalto e mesmo assim, fizesse sol ou chuva, estava lá, onde permaneceu até 1955. “O número de professoras efetivas era o mesmo de estagiárias por período, e eu fazia o horário das 14h às 17h. Como eram professoras antigas, não faltavam e, por isso, não havia nenhuma oportunidade de dar aula, só gastava a sola de sapato e a condução”, comenta com um sorriso largo.

 Em 1955, saiu a relação das vagas e ela veio lecionar em Bertioga, na antiga Escola Vicentede Carvalho, local onde hoje fica a Casa de Cultura. “Naquela época, Bertioga era um distrito de Santos e não tinha ruas, nem CEP, tudo era identificado por caminhos. Escolhi este lugar pela oportunidade e também porque cobri uma licença de oito dias”, recorda-se. 

Sempre com os olhos vivos e brilhantes, disposta a enfrentar a vida, no dia em que aqui chegou, em 1º de abril de 1955, conheceu o marido Licurgo Mazzoni, que morava em São Paulo, mas cuja família residia aqui no litoral. Norma, que morava nos aposentos da própria escola, antes de se casar, lecionava durante a semana e regressava para a casa dos pais aos sábados, após a aula de educação física na praia. “Naquela época, quase todos os homens e chefes de famílias eram pescadores. As crian- ças eram bastante necessitadas”. 

Imagem acervo site

A construção do Sesc, inaugurado em 1948, foi um marco para o desenvolvimento da cidade. Ela lembra: “Até meu sogro ajudou a construir. Nos arredores nascia o primeiro grande núcleo de habitantes, no qual as pessoas vinham de fora para trabalhar, especialmente nordestinos. As crianças vinham para a escola pela beira da praia, e andavam quatro quilômetros”.

 Seu marido também foi um dos grandes nomes de Bertioga. O pai dele, Coriolano Mazzoni, tinha o único depósito de material para construção no distrito, o Viga Mestre, e foi, por duas vezes, subprefeito de Bertioga. Licurgo foi presidente da comissão de emancipação de Bertioga e faleceu dois anos após a emancipação, ocorrida em 1991. Seus esforços para tal conquista foram reconhecidos e a homenagem dos bertioguenses veio na forma de eternizar seu nome no conhecido píer de pesca.

Imagem acervo site

 A família Mazzoni também era dona do primeiro cinema da cidade, o Cine Umuarama, na rua Pedro Góes, com projeção de filmes duas vezes por semana. Ele foi fechado em 1962, segundo Norma, por causa dos aumentos dos impostos e o alto preço dos filmes. 

De todas as boas recordações de sua vida relevante, Norma guarda vaidosamente uma conquista insuperável. Palavras dela: “Felizmente, hoje, encontro com todos nas ruas e estão formados engenheiros, médicos, advogados, e os que se perderam na vida, também me reconhecem e respeitam”.

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