2015

Aos percalços da Companhia Santense de Navegação

Da Redação
Publicado em 11/03/2019, às 08h36 - Atualizado em 26/08/2020, às 22h07

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Na década de 1940, moradores e visitantes passaram a desfrutar de melhores meios de locomoção com as lanchas da companhia, mais rápidas e eficientes dos que os barquinhos.

Pequenas embarcações constituíam o único meio de transporte para se chegar a Bertioga, até a instalação da Companhia Santense de Navegação, que fazia o percurso Bertioga, Santos e Guarujá, em meados dos anos 40. Lentamente, suas lanchas iam e vinham no transporte de mercadorias, moradores e visitantes, muitos dos quais hospedados na Colônia de Férias do Sesc.  

Imagem acervo site

Após o desembarque de pessoas, mercadorias e material pesado, um novo desafio surgia, já que a única via de acesso eram as  praias; o transporte de turistas até as dependências do Sesc, inclusive, era feito por caminhões, pois, quando a maré enchia, os carros atolavam. 

Romualdo Santana Júnior, filho do primeiro mestre da Cia. Santense, Romualdo Santana, recorda-se bem desse período. Seu pai, nascido em 1912 em Bertioga, também era pescador e passava o picaré com outros colegas até que, em 1937, foi trabalhar na empresa. Antes disso, só havia uma lancha que fazia a rota São Sebastião, Santos e Bertioga.

 A Santense contribuiu para o abastecimento da então vila de Santos, mas com muitas dificuldades porque operava em dois  horários, pela manhã e à tarde, sendo quatro horas para ir e quatro para voltar. Nas embarcações, eram transportados desde mantimentos, até material para construção e pessoas. 

Romualdo lembra: “O que marcou muito minhas lembranças é o Lar São Francisco, ao qual vinha um padre de Avaré, juntamente  com uma banda, que vinha tocando na lancha, na época em que meu pai era o mestre amador. Ficávamos aguardando; eles vinham sempre para as festas de final de ano e ficavam acampados no Lar São Francisco”.

Imagem acervo site

 O antigo embarcadouro de madeira da Santense, onde hoje é o píer Licurgo Mazzoni, era local de

 lazer para as crianças. “Tomávamos banho e pulávamos de cima da lancha para o rio e nos jogávamos de cabeça. Os marinheiros não gostavam, mas caí- amos do segundo andar das embarcações S9 e da S10. Também tinha o 14, batelão de carga, que trazia coisas maiores, como material para construção”. 

Para outras praias, como a Indaiá, o caminho era feito por outra lancha. Havia canoas de voga que paravam em certo ponto do mar para não encalhar. As condições climáticas eram um desafio para os mestres da Santense. Romualdo conta que seu pai passava alguns apuros porque, naquela época, a serração no canal era muito forte e a visibilidade ficava comprometida. Mas conseguia chegar sempre ao destino, apesar da dificuldade.

 Os marinheiros hospedavam-se numa casa, entre os armazéns do Sabino e do Faninho, em frente ao atual píer. Junto deles, muitas vezes, ficavam as mercadorias, estocadas até quando fosse possível transportá-las pela  praia. A tripulação hospedada neste local, como lembra Romualdo, era composta por Carmídio de Souza, Herpídio, Cadi, Ulisses, Otaviano e Lulu, sendo os dois últimos também mestres da Santense.

 Depois da abertura da estrada Guarujá-Bertioga, no início de 1940, começou uma nova etapa de crescimento da Vila, e a nascente esperança de uma futura emancipação. Com a chegada da energia elétrica, inaugurada em dezembro de 1965, novas mudanças, mais meios de transporte, mais desenvolvimento. Conta Romualdo: “A inauguração da instalação de energia elétrica na Vila foi feita por Ademar de Barros, então governador do estado de São Paulo, que chegou pela estrada do Guarujá. Ele pegou dois lampiões, um deles das mãos do Miguel Bichir, e outro do Sabino, e quando ele bateu um lampião no outro, a luz acendeu”  

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