2017

A Bertioga ideal

Na visão do prefeito Caio Matheus, turismo quer dizer geração de emprego e renda, e o equilíbrio do tripé orçamentário, estrutural e administrativo é fundamental

Da Redação
Publicado em 28/02/2019, às 11h02 - Atualizado em 26/08/2020, às 22h05

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Silvio Dutra
Silvio Dutra

Imagem acervo site

Caio Matheus comemora o aniversário de Bertioga pela primeira vez como prefeito com a atenção dividida entre reformas e ações necessárias para destravar o desenvolvimento da cidade e as fontes de receitas financeiras do município. Sua prioridade é alcançar o equilíbrio orçamentário, estrutural e administrativo. Feito isto, no campo das políticas públicas, o foco será dirigido à saúde, à educação e à infraestrutura, como explica: “São três grandes preocupações, e pretendemos melhorar o atendimento das demandas nesses próximos quatro anos”.

Se as costumeiras inaugurações da data festiva, desta vez, são poucas, o que não faltam são planos a revelar à população. Os projetos de longo prazo focam os maiores problemas de infraestrutura: saneamento e pavimentação das ruas. As iniciativas imediatas visam, com os recursos dis

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poníveis, começar a organizar e estimular o setor do turismo, com que se pretende trazer o crescimento financeiro à cidade até 2020.

A ampliação possível da captação de tributos, com a reforma tributária, a revisão do valor venal dos imóveis e a legalização de comércios informais não é suficiente para gerar recursos próprios da prefeitura para investimento. Ele admite que não há outras maneiras de aumentar a receita, a não ser com a atração de turistas para a cidade o ano inteiro, além da permissão de mais tipos de atividades econômicas. Isso depende do plano de turismo, que deve ficar pronto até o fim de 2017, e da atualização do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentado, que se imagina transformado em nova lei no primeiro semestre de 2019.

“Turismo quer dizer geração de emprego e renda, fortalecimento da economia local. Hoje, Bertioga, apesar de ter tudo para ser uma cidade turística, não é ainda. Sua economia está baseada na construção civil, que tem diminuído. Os grandes empregadores são a Riviera, o Sesc, a prefeitura e o comércio, que depende muito da sazonalidade. Temos que mudar essa situação”, diz o prefeito. A começar pela oferta de qualificação profissional, tema em destaque nas pautas das Secretarias de Educação e de Desenvolvimento Social, Emprego e Renda.

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As primeiras mudanças no setor turístico surgirão no próximo verão. Quem chegar deverá ser recebido com um portal na entrada da cidade, ter acesso direto à praia, com a urbanização do trecho final da avenida 19 de Maio, e encontrar a avenida Tomé de Souza, na orla da praia da Enseada, sem estacionamento e com mão dupla de trânsito. “Os objetivos são gerar mais movimento e diminuir o turismo predatório. Tem que ter coragem de testar novos padrões. Diversas cidades adotaram esse modelo para resolver problema similar, e a maioria obteve sucesso. Queremos mais ordenamento na praia e na orla,privilegiando o pedestre e o ciclista. É um conjunto de ações. Seremos bem criteriosos. Se não der certo, mudamos”, ele explica.

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A longo prazo, uma medida que mexerá com o turismo e com o comércio é a revitalização da avenida Anchieta, da Vila até a avenida 19 de Maio, incluindo área para estacionamento e as transferências da feirinha e da peixaria, juntas, para outro local. “Ambas merecem espaço melhor. Vamos iniciar um diálogo com o pessoal em busca de uma solução, para mudar depois que a rodoviária for ativada na Vista Linda”.Em outra vertente, para dar vigor à luta contra as invasões de terra em área de restinga, grande problema de Bertioga, uma das medidas em curso é a criação de uma lei de congelamento da ocupação do solo, enviada em forma de decreto à Câmara Municipal, para votação. Outra é um projeto de aerofotogrametria, em discussão com o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb), a fim de mapear a região, e, depois, manter o monitoramento por imagens.

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Tão importante quanto essas iniciativas é o envolvimento da população, a propósito da regularização fundiária. “Pretendemos fazer reuniões com os moradores desses locais, explicar a possibilidade da regularização e pedir uma contrapartida. Precisamos que eles se tornem agentes fiscalizadores. Temos que incentivar as pessoas a entender que necessitamos dessa ajuda para realmente congelar as invasões e de fato resolver os problemas delas”, conclui Caio Matheus.

Planos de urbanização, infraestrutura e saneamento

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Entrada da cidade – A confluência da rodovia Rio-Santos com a avenida 19 de Maio deve ganhar nova roupagem até o fim de 2017, com sistema de iluminação a partir da saída da ponte do rio Itapanhaú, e um portal em frente ao terreno localizado na esquina das duas vias. Em fase de legalização, essa área abrigará um espaço multiuso e um centro de convenções, prometidos para 2018.

Pavimentação – O levantamento de necessidades de pavimentação da maioria dos bairros da cidade está feito. A estratégia é criar projetos e buscar verbas para executá-los. O primeiro projeto, de R$ 134 milhões, deve viabilizar sistema de micro e macrodrenagem, asfaltamento e acessibilidade de ruas de Boraceia, Indaiá, Vista Linda, Rio da Praia e Maitinga, para o qual a prefeitura pleiteia financiamento por meio da Secretaria Nacional de Saneamento do Ministério das Cidades.

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Saneamento básico – A prefeitura negocia estabelecimento de contrato com a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), que, inicialmente, propôs um plano de investimentos para implantação de rede de esgoto em toda a cidade, considerado muito longo. A prefeitura planeja dar um arranque em cinco anos e chegar perto da totalidade em dez anos. Há expectativa de anúncio de retomada dos investimentos ainda em maio. O Executivo tem prazo até o fim do ano para apresentar um Plano de Saneamento Básico à Câmara Municipal. A ideia é acompanhar a regularização fundiária de áreas carentes com implantação de infraestrutura, dependendo de captação de recursos para isso.

Prefeito Caio Matheus responde

Como lidar com tantas demandas simultâneas, e orçamento curto para atendê-las? 

O desafio é hercúleo. O que nos motiva são os potenciais da gente e do turismo que Bertioga possui. A cidade tem um número grande de pessoas com demanda altíssima por serviços essenciais de saúde e educação. É uma conta que, no momento, em virtude do que possuímos de recursos financeiros, não fecha. É necessário reestruturar, arrumar a casa para que voltemos a ter poder de investimento.

Qual legado imagina que vá conseguir deixar para a cidade em quatro anos?

O objetivo é entregar Bertioga melhor do que nós recebemos. Uma cidade que seja boa para quem mora e para quem quer investir. Seu contato direto com as pessoas pelo Facebook ajuda na administração da cidade? Diálogo em todos os níveis é superimportante. Redes sociais aceitam qualquer coisa que se publique, com ou sem fundamento. Então, procuramos levar bastante informação às pessoas e, na medida do possível, responder a todos.

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Com tantos problemas do município a resolver, consegue dormir bem?

Nos dois primeiros meses, o impacto é maior. Depois você vai ganhando tolerância. Sou ansioso. Se eu estou aqui hoje, é em busca de resultados. A gente lida com a complexidade da demanda e a expectativa da população. É uma responsabilidade muito grande, me cobro muito. Obviamente, fico um pouco frustrado por não poder fazer mais, porque circunstâncias econômicas e administrativas não permitem mudanças consideráveis tão rapidamente. Mas tenho dormido bem.

Pensa em se reeleger?

Eu me preocupo com o que faço hoje. Capital político para reeleição é resultado de trabalho. Quando se dá a cara a tapa e se luta pelas coisas em que se acredita na área pública, na área política, você acaba, de certa forma, fazendo campanha. Quatro anos é pouco tempo para resolver tantos desafios como temos. Bertioga é um verdadeiro quadro em branco, esperando ser pintado.

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