Eleição

Haddad substituirá Lula

O ex-presidente Lula está impedido de aparecer como candidato na propaganda eleitoral divulgada na televisão e no rádio

Eleni Nogueira
Publicado em 06/09/2018, às 15h06 - Atualizado em 24/08/2020, às 03h59

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Haddad substituirá Lula

         Mesmo considerado, pelo Tribunal Superior Eleitoral, inelegível para disputar a presidência da República, e encarcerado em Curitiba, o ex-presidente Lula demostrou que vai insistir na narrativa de que está sendo vítima de perseguição política cujo objetivo será impedir sua volta ao governo pelo voto. Da cadeia, avisou a cúpula do PT que continuará candidato à presidência até que o Supremo Tribunal Federal julgue seu recurso contra sua inelegibilidade por não atender as exigências da Lei da Ficha Limpa.

         Por determinação do ministro Luís Felipe Salomão, do TSE, o ex-presidente Lula está impedido de aparecer como candidato na propaganda eleitoral divulgada na televisão e no rádio. Caso a ordem não seja cumprida, o PT será multado em R$ 500 mil cada vez que a peça publicitária for ao ar. A decisão da Suprema Corte sobre o recurso de Lula terá de ocorrer até a próxima terça-feira, dia 11, data limite fixada pelo TSE para o PT trocar a candidatura de Lula pela do seu vice-presidente Fernando Haddad.

         O PT enviou também à ONU uma petição informando que a Justiça Eleitoral do Brasil não atendeu a liminar emitida pelo Comitê de Direitos Humanos da entidade, recomendando que Lula deveria continuar candidato até a decisão final dos tribunais superiores contra sua  condenação de 12 anos e um mês de prisão, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex de Guarujá. Foi esta condenação que levou o plenário do TSE, por seis votos a um, a declarar a inelegibilidade de Lula. Os ministros deixaram de atender a liminar do comitê da ONU, por entendê-la fora de propósito, não tendo nenhum efeito vinculante em relação ao caso de Lula.

         A expectativa agora é que, provavelmente na próxima segunda-feira, o PT decida oficializar Fernando Haddad como substituto de Lula na corrida presidencial. A candidata a vice de Haddad será a deputada gaúcha Emanuela D´Àvila, do PCdoB. De segunda-feira, 10, até o dia das eleições, faltarão apenas 27 dias para as eleições. É nesse período que o PT terá de se movimentar para tentar transferir os votos de Lula para  Haddad.

Pé na estrada

         Deputados e senadores só retomam as atividades parlamentares depois da proclamação dos resultados das eleições. Na quarta-feira, colocaram o pé na estrada em busca de votos. Vários deles retornarão para comemorar sua vitória nas urnas, outros tantos voltarão para lamentar a derrota. Em novembro e dezembro, os trabalhos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal terão o andamento já sob a influência do presidente eleito.

         É ele quem vai dizer o que se vota. Sendo assim, há um movimento no sentido de se tentar viabilizar, ainda pelo atual Congresso Nacional, a votação da reforma da Previdência. Seria um problema a menos para o presidente que será empossado no dia 1° de janeiro de 2019. Os deputados e senadores eleitos em outubro só serão empossados no dia 1° de fevereiro.

Estagnação profunda

         O presidente da República eleito em outubro vai assumir o governo, no dia 1° de janeiro, com o país mergulhado numa estagnação alarmante. Os pilares da economia nacional estão todos rateando. O novo presidente vai ter pela frente uma população descrente, não acreditando na recuperação do país. Os agentes econômicos, os investidores, estarão encolhidos, não querendo se comprometer com o futuro, tamanha é a falta de previsibilidade do que será o Brasil a partir de 2019.

         Para tirar o Brasil do atoleiro, recolocando-o na rota do crescimento, vai exigir do novo presidente um trabalho hercúleo, muita determinação da sua equipe e muita competência acima de tudo. Uma série de medidas terá de ser implementada, a começar pelas mudanças no sistema previdenciário.        Este é o maior nó a ser desatado, já que os gastos com este sistema representam o maior rombo dos gastos públicos. O rombo previsto para 2019 é da ordem de R$ 218 bilhões. Uma montanha de dinheiro que terá de sair do mesmo bolo de recursos destinado à saúde, educação e segurança pública, hoje a grande aflição da sociedade brasileira.

         O novo presidente vai pegar um Orçamento da União com a previsão de um déficit de R$ 139 bilhões.  Para tornar mais incerto o futuro do novo governo, a previsão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano que vem é de apenas 2,7%.  O presidente Michel Temer vai deixar para o novo presidente vários abacaxis. Ele autorizou o aumento de vencimentos do Poder Judiciário, mas vetou o reajuste de funcionalismo federal. O novo presidente vai ter condições de enfrentar a pressão dos servidores da União?   O salário mínimo, a partir de 1 de janeiro, valerá R$ 1.006. A inflação estimada para 2019 é de 4,25%.

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