VOCÊ SABIA?

Você conhece o estilo mandrake, em alta entre os jovens de periferia?

Da favela ao asfalto, a moda genuinamente brasileira é sensação entre webcelebridades e febre entre jovens de todo o país.

Henrique
Publicado em 13/07/2021, às 11h34 - Atualizado às 15h47

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Pixabay
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As gerações mais velhas provavelmente são familiarizadas com o termo “mandrake” devido ao famoso personagem ilusionista dos quadrinhos que levava o nome, muito popular nos anos 1930. Hoje em dia, porém, esse é um termo que vem, aos poucos, substituindo o que antes era chamado de “chavoso”, especialmente no estado de São Paulo, dessa vez com repercussão nacional.

Em comum, o Mandrake dos quadrinhos e o da geração Z, aqueles nascidos a partir de 1995, têm ambos um bigode finíssimo, “na régua”, como diz a gíria dos adeptos. Óculos espelhados e roupas com inspiração no sportwear completam o look tanto para os meninos quanto para as meninas. As calças femininas de marcas esportivas, por exemplo, ganham atenção especial.

Da periferia para a internet

Há quem acredite que seja difícil identificar exatamente como e quanto o movimento surgiu e se você perguntar aos adeptos eles vão dizer que ser Mandrake ou Mandraka, versão feminina da moda, é apenas ser estiloso. É inegável, porém, que o estilo tem suas raízes nas periferias do Brasil.

Prova disso é que esse é o estilo da nova geração de DJs e MCs de diversas comunidades espalhadas pelo país com músicas estouradas nas rádios e no TikTok, rede social bastante popular entre jovens de maneira geral.

O TikTok, aliás, vale ressaltar, fez com que o estilo se popularizasse, chegando a ganhar um challenge exclusivo, espécie de desafio que é replicado por lá, para chamar de seu.

A narrativa do desafio mostra uma série de jovens dizendo que começaram a se interessar pelo estilo ironicamente, mas que agora ele se tornou um interesse genuíno dos novos adeptos, sendo que esse um estilo que está ganhando mais espaço e, alguns preveem, poderá influenciar o mundo da moda de maneira direta nas próximas estações em coleções dos estilistas mais atentos.

Brincadeira para uns, estilo de vida para outros, não é arriscado dizer que o estilo mandrake vai além da roupa, uma vez que a música está fortemente presente na cena, tanto no que diz respeito à disseminação do estilo quanto para justificar a preferência. 

Músicas como “Os Mandrake Curte a Vida”, parceria entre os MCs Paulin da Capital e Ryan SP, e “Casal Mandrake”, da MC Drika com o MC Paulin da Capital, acumulam milhões de visualizações no Youtube.

Além da roupa

O estilo mandrake incorpora diversos elementos do universo do funk, do rap e do hip hop com uma atualização contemporânea na forma como encontram a moda sportwear. Por isso, é bastante comum que diversas peças originalmente pensadas para serem utilizadas por atletas ganhem uma nova cara no guarda-roupa dos jovens difusores do estilo.

Por essa razão, tecidos como o nylon e o poliéster são praticamente onipresentes nos looks mandrake, tanto feminino quanto masculino, e é mesmo curioso observar que as barreiras de gênero aqui também são desafiadas, especialmente pelas meninas, que costumam utilizar camisetas e bermudas designadas como peças masculinas.

Os óculos espelhados dão o tom do look. Usados mesmo à noite, fazem referência ao universo esportivo de competições automotivas e até mesmo ao bicicross. Mas além da roupa e, é claro, da música, o estilo também influencia a estética de intervenções corporais, desde as temporárias até as permanentes.

O cabelo colorido, por exemplo, é também uma marca registrada. Da mesma forma, independente do gênero, é também comum que o famoso risco na sobrancelha esteja presente.

O estilo das tatuagens é também bastante particular, sendo possível identificar fontes específicas, como em estilo chicano, bem como as que fazem referências a pichações. 

Tornando-se um movimento cada vez mais sólido, é também uma tendência que se tatue elementos representativos da própria cultura, especialmente os óculos esportivos espelhados, em uma espécie de metalinguagem contemporânea que somente o jovem dos dias de hoje seria capaz de fazer sem muita teoria.

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